Track, o Gol feito para encarar estradas ruins

Um carro robusto, modernizado, conectado, econômico e de preço salgado: R$ 54 mil. Foi essa a impressão geral do Ibiá Motores ao rodar por sete dias com um Gol Track, modelo 2017, cedido pela Volkswagen do Brasil. Durante o teste, o que mais chamou a atenção no hatch de apelo aventureiro foi a evolução do design, que deixa para trás a geração seis do hatch, além do motor MPI 1.0 de três cilindros (mesmo que o aspirado do Up), cujo desempenho é nitidamente superior ao antigo, de quatro cilindros.

Painel do Gol, com ar moderno e inspirado no Golf, é um dos grandes atrativos do modelo Foto: Volkswagen/Divulgação

O conjunto de melhorias leva a pensar que ter caído do pedestal em 2014 — ocasião em que, após 27 anos de liderança no mercado brasileiro, perdeu o posto para o Fiat Palio — fez bem ao Gol. Em 2016, o modelo sofreu diversas alterações que agora se aprimoram. Ano passado, ele foi o nono mais vendido do País, mas em fevereiro deste ano avançou para a quarta colocação, sinalizando sucesso na busca pela reconquista de seu espaço.

Apesar do peso da idade ainda estar presente — não é à-toa que em 2018 deve estrear a nova geração —, o hatch tem bons atributos para enfrentar a concorrência. Por dentro, é fácil reconhecer o quanto ele progrediu. O painel adquiriu linhas e elementos de um arrojo que não é de se esperar da Volks, principalmente para a linha de entrada da marca. Parece até inspirado no Golf. É bem acabado e as peças se encaixam com precisão.

A Track é a única versão da linha equipada com o mesmo para-choque e grade da Saveiro 2017, o que, aliado aos faróis mais largos, deram-lhe uma cara mais robusta e moderna. Para isso também contribui a moldura plástica nas caixas das rodas e nas laterais, mais o aerofólio e os pneus de uso misto.

Por falar em robustez, eis aí outro ponto forte. A suspensão 23mm mais elevada lhe permite passar com menos dificuldades pela buraqueira do dia a dia e encarar as estradas de chão batido — tão comuns no interior do Vale do Caí. As irregularidades do piso são absorvidas a contento, de forma que a rodagem é agradável, sem prejudicar a estabilidade. As rodas de aro 15 calçadas em pneus 195/55 mantém o carro “na mão”, além de contribuírem para o conforto a bordo. Bom de curva, ele transmitiu segurança e não apresentou, em nenhum momento, qualquer comportamento inesperado, que às vezes “assusta” o condutor não habituado ao modelo.

Foto: Volkswagen/Divulgação

Fez muito bem ao Gol o motor tricilíndrico MPI 1.0, que empurra o carro com dignidade desde as baixas rotações. O ronco do propulsor, como em qualquer tricilíndrico, é mais alto, mas o isolamento acústico funciona adequadamente. É mais um ponto positivo do automóvel testado.

Além do torque de respeito, o motor 1.0 de 3cc bebe menos. Medições do Inmetro dão conta de que as médias são de 12,9 km/l em trânsito urbano e 14,5 km/l em rodovia, sendo abastecido com gasolina. No etanol, são 8,8 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada. O Ibiá Motores conseguiu rodar mais de 700 quilômetros com os 55 litros de gasolina no tanque, em uso misto. Conforme o computador de bordo, houve ocasiões em rodovias que se atingiu mais de 18 km/l.

Segundo dados da montadora, o propulsor atinge potência máxima de 75cv com gasolina e 82cv com etanol a 6.250 rpm. Nas rodagens em rodovias do Vale do Caí, de pista simples, o Gol Track exigiu constantes reduções de marcha durante ultrapassagens para garantir que a manobra fosse feita com tempo e distância seguras. Os afoitos não podem esperar do hatch desempenho destacado em velocidades elevadas. Conforme a VW, ele acelera de 0 a 100 km/h em 13,3s e atinge velocidade máxima de 169km/h. Isso com etanol no tanque.

Da família Gol, apenas a versão Track ganhou o para-choque e a grade da Saveiro 2017, que sugere robustez

Volks “acordou” para a tecnologia
Em busca do espaço perdido no mercado brasileiro nos últimos três anos, a Volkswagen tratou de equipar o Gol com centrais multimídia de fácil operação e diversas funções. São três opções: a Media Plus, a Composition Touch e a Discover Media (esta equipa a versão testada e é a mais cara).

Até colocar um CD para tocar é possível, algo que chama atenção, porque muitas montadoras já abandonaram essa tecnologia. O mesmo se pode dizer da troca das estações de rádio girando o botão até encontrar a frequência desejada. Em muitos carros, essa função só pode ser feita com toques na tela, algo que nem sempre é rápido e prático.

Ainda em resposta à clientela que reclamava maior modernidade no Gol, a Volks criou o exclusivo suporte para celular, um opcional que fica posicionado no topo do painel central e permite dar uma carga na bateria do telefone ou posicioná-lo de forma a favorecer uma direção mais segura e interativa.

Mas tome muito cuidado nessas horas, porque você coloca a sua integridade física e a de outras pessoas em risco quando desvia o foco da direção.
A central multimídia permite efetuar o espelhamento de tela por meio do sistema mirror link. A tela também traz indicação de proximidade quando se engata a ré e se aproxima de um obstáculo traseiro (o carro também dá sinais sonoros). Ainda no que se refere a novas facilidades dentro da cabine, aparece o volante com controles de som, telefone e computador de bordo.

Traseira do Gol passa a impressão de não ter o mesmo arrojo que a dianteira e a modernidade do interior

Câmbio, um dos diferenciais da VW
O Gol Track reafirma a tese de que a Volkswagen produz excelentes câmbios. Neste modelo testado pelo Ibiá Motores, os engates precisos, macios e curtos fazem muita diferença. Como se trata de um modelo 1.0, as trocas de marcha para retomadas de velocidade são constantes. Imagine ter de fazer isso com uma caixa pouco funcional? Muita gente não teria paciência. Mais um ponto para a Volkswagen.

Entre os aspectos negativos estão o pequeno porta-malas, o que não é novidade. As linhas da traseira deixam o carro com ar espartano e ligado a um passado mais distante. Chega a destoar da dianteira e do interior. A direção é hidráulica, mas outros modelos do segmentos já progrediram neste sentido e adotaram assistência elétrica, como o Peugeot 208, o GM Ônix, o Fiat Mobi e o próprio Up.

Uma frente diferenciada
Os faróis duplos têm máscara escurecida e são também exclusivos, assim como os faróis de neblina, que ganharam formato trapezoidal. Logo abaixo do capô, a grade dianteira, pintada em preto brilhante e com inserto cromado, é maior e mais alta que a do Novo Gol. A frente mais alta e imponente transmite maior robustez, característica marcante exclusiva da versão Track.

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