Alterações de humor e sono, irritabilidade, cansaço, excesso ou falta de apetite, inchaço, distensão abdominal, muita cólica. Estes são apenas alguns dos principais sintomas físicos e emocionais das mulheres que sofrem com a Tensão Pré Menstrual, ou também Síndrome Pré Menstrual, a famosa e temida TPM. Muitas vezes ainda considerada motivo de piadas e de taxação como “frescura”, a TPM causa uma série de mudanças comportamentais que precisam ser levadas a sério.
A TPM é uma combinação de sintomas que iniciam de dez até aproximadamente cinco dias antes da menstruação e que cessam após o início do período menstrual. A causa não é totalmente compreendida, mas é provável que envolva alterações hormonais durante o ciclo menstrual. Segundo o médico ginecologista, obstetra e mastologista montenegrino Túlio Cícero Franco Farret, cerca de 75% a 80% das mulheres sofre com o problema. “A TPM pode gerar um importante grau de comprometimento do dia a dia a mulher, podendo chegar a situações extremamente prejudiciais para sua vida pessoal e profissional”, alerta.
Um processo natural que pode evoluir
Apesar de um processo natural do corpo feminino, a TPM pode evoluir e se tornar um problema bem maior e mais sério. É aí que entra a condição mais grave, chamada Transtorno Disfórico Pré Menstrual, conhecido TDPM. “Esta condição se caracteriza quando os sintomas se repetem por, pelo menos, dois ciclos menstruais consecutivos e quando a paciente começa a ter prejuízos na sua vida profissional, familiar ou amorosa. Quando ocorrem esses prejuízos é necessário tratamento”, explica o ginecologista Farret.
A partir de então, o tratamento deve ser realizado através da modificação de hábitos alimentares, da inclusão de atividade física no dia a dia, entre outras modificações no estilo de vida. Conforme Farret, o tratamento medicamentoso é realizado através de mediações hormonais, como os anticoncepcionais, podendo incluir também o uso de antidepressivos. Ainda segundo o profissional, o TDPM afeta de 3% a 8% das mulheres.
Tipos de TPM
TPM tipo A: tem a ansiedade como principal sintoma;
TPM tipo C: é comum sentir compulsão por doces, alimentos calóricos e gordurosos;
TPM tipo D: a depressão é um sinal frequente;
TPM tipo H: há retenção de líquidos e inchaços como principais sintomas.
Sintomas do TDPM
• Depressão e melancolia;
• Autodepreciação e confusão com a própria imagem;
• Aumento da irritabilidade de forma persistente;
• Isolamento e mudança de hábitos sociais;
• Cansaço e falta de energia;
• Instabilidade afetiva;
• Muito sono ou ausência dele;
• Alteração no apetite e compulsão alimentar;
• Dificuldade para realizar tarefas cotidianas e falta de concentração;
Sensação de inchaço generalizado, dores de cabeça e por todo o corpo.
Em meio a tantos sentimentos, muitas vezes a mulher não sabe por onde começar para minimizar os sintomas da TPM. Por isso, abaixo veja uma série de ações que, à longo prazo, podem te ajudar nesta missão.
Pratique exercícios físicos
Para acabar ou minimizar os sintomas, Farret destaca a importância da prática de exercícios físicos. Como se sabe, o exercício tem impacto bastante positivo em problemas como depressão, insônia, mau humor, entre outros. Afinal, a atividade física trabalha as partes do cérebro que regulam a dor, o estresse e a ansiedade. Ao praticá-la, aliviamos sentimentos negativos, relaxamos o corpo e melhoramos o humor. Além disso, a atividade física libera hormônios que dão a sensação de bem-estar, melhora o trânsito intestinal e diminui o cansaço.
Tenha uma alimentação balanceada
Conforme Farret, uma alimentação balanceada também é fundamental para minimizar os sintomas. A alimentação ajuda a regular os neurotransmissores no cérebro e estabilizar sensações ligadas ao humor. Entre os alimentos que ajudam nesse processo estão oleaginosos como feijão, ervilhas, amendoim e lentilhas. A banana é outra boa escolha. A fruta tem muita vitamina B6, que estimula a produção da serotonina, ligada à alegria e ao bem-estar. O magnésio, também presente na banana, ajuda a estabilizar a membrana cerebral e auxilia na produção de insulina pelo pâncreas.
O cálcio também é importante, pois contribui para amenizar os efeitos da contração muscular. Duas fontes de cálcio são as verduras como couve e brócolis, leite e seus derivados. O ômega 3 encontrado em peixes de águas profundas, como sardinha, atum e bacalhau, também traz um efeito positivo para as mulheres com TPM.
Mas, atenção: o consumo de doces não é recomendado. Nozes e castanhas são substitutos. Bebidas com cafeína, como café e energético, comida muito salgada e álcool devem ser consumidos com cuidado, pois podem potencializar alguns efeitos da TPM.
Chás calmantes
Existem remédios naturais para a TPM, que ajudam a combater seus sintomas. O chá de valeriana é um calmante natural, assim como o maracujá, que também tem essa propriedade. Para desinchar, você pode recorrer aos chás ou consumir alimentos que têm ação diurética. Frutas como melancia, melão, abacaxi e limão têm esse efeito. Aspargos, pepinos e agrião também. Já em relação aos chás, os principais são a cavalinha, hibisco, camomila, erva-doce e dente de leão.
Bem-estar e auto-estima
Farret destaca que cuidados relacionados com a auto-estima e pensamentos positivos também estão entre as dicas. Pratique atividades leves que lhe façam bem como meditação, sair com as amigas, passear em meio a natureza. Qualquer hobbie que te traga tranquilidade é válido. Assim, você estará aliviando a tensão do período. “Também é importante a tentativa de controlar a agenda e evitar compromissos mais estressantes no período pré-menstrual”, acrescenta. Isso abre espaço para outra dica valiosa que afeta o bem-estar: não tome decisões difíceis durante a TPM. Neste momento, você pode sentir vontade de se demitir do emprego, pedir divórcio, sair da casa dos pais ou qualquer outra coisa que lhe tira a paciência. Mas tome muito cuidado. A TPM se vai, mas as consequências ficam. Pense melhor e deixe para tomar estas decisões importantes após a TPM, quando estiver vendo as coisas com mais clareza.