Crime. Moacir da Silva, 35 anos, foi vítima de assalto e agressão por casal
“Tinha certeza absoluta que iriam me matar. Fiquei o tempo todo pensando que nunca mais veria a minha família. É uma situação muito difícil”, desabafa o taxista Moacir da Silva, 35 anos. Na noite de sexta-feira, 20, a segunda dele no novo ofício, por volta das 22h30, ele estava no ponto próximo ao Café Comercial, no Centro de Montenegro, quando um casal chegou e perguntou quanto daria uma corrida até o bairro Estação.
Ao ouvir como resposta um valor entre R$ 25,00 e R$ 30,00, o casal disse ter o dinheiro, entrou no banco traseiro e o motorista deu a partida no VW Voyage branco. Ele não sabia, mas viveria momentos de tensão e medo.
Já no Estação, próximo ao supermercado Via II, o homem sacou um revólver e anunciou o assalto. Foi quando Moacir passou a ser agredido com coronhadas e tapas. A mulher pulou para o banco do carona e também ameaçava a vítima, mas com uma faca. Ela segurava o cinto de segurança do condutor, visando evitar uma possível tentativa de fuga.
Moacir pediu para, ao menos, ficar com a CNH. A resposta fez o pavor de ser assassinado aumentar. “Ele disse ‘tu não vai precisar mais desta carteira, magrão”, lembra.
Os dois criminosos mandaram o montenegrino seguir com o carro em direção a Novo Hamburgo. Em alguns instantes de desespero, Moacir chegou a pensar em colidir o veículo contra algum outro carro para, assim, talvez alguma viatura da Brigada Militar atender a ocorrência solucionando o crime, mas acabou desistindo.
Durante todo o trajeto, os dois meliantes xingavam a vítima. No pedágio de Portão, na ERS-240, o caso teve uma reviravolta. “Pedi para a mulher dinheiro para pagar o pedágio, quando ela fez o gesto de pegar o dinheiro, consegui soltar o cinto, abri a porta e saí dizendo que era um assalto”, lembra. A mulher ainda tentou dar um golpe com a faca no taxista, mas por sorte a lâmina atingiu o pescoço dele apenas de raspão. Ficou um pequeno corte apenas, não mais do que se tivesse sido um ferimento enquanto fazia a barba.
A assaltante ainda perseguiu Moacir armada com a faca, mas não conseguiu alcançá-lo. O homem tão logo a vítima saiu do carro, correu em direção a uma matagal, abandonando a comparsa dele.
Chamou a atenção do motorista o fato de a dupla de meliantes não ter saído com o carro, pois a chave havia ficado no veículo. A suspeita dele é de que nenhum dos dois soubesse dirigir. Depois de se ver livre dos assaltantes, ele retornou a Montenegro no Voyage.
No fim, os criminosos levaram cerca de R$ 240,00 em dinheiro, dois celulares – um de Moacir e outro da empresa proprietária do Voyage – e a carteira do taxista com documentos e cartões bancários. O caso foi registrado na DPPA.
Tensão e medo da morte
Morador do bairro industrial, o condutor é pai de três filhos: dois meninos do primeiro casamento e uma bebê de um ano e oito meses do segundo. Fugiu dos criminosos por medo de não voltar a vê-los. “Se nós tivéssemos chegado a Novo Hamburgo, com certeza teriam me matado. Talvez nem achassem mais o meu corpo e ninguém ficaria sabendo do que aconteceu comigo. Eles falaram que eram assaltantes e assassinos, que já estavam acostumados com isso. O cara disse que já tinha matado um monte de gente e que já tinha sido preso”, revela.
Moacir já havia sofrido dois assaltos, mas quando trabalhou primeiro como cobrador e depois como motorista da Viação Montenegro (Vimsa). Contudo, destaca serem situações bem diferentes. Pois, nesses dois casos anteriores não houve violência. Os indivíduos pegaram o dinheiro da empresa e pertences dos passageiros sem machucar ninguém.
Apesar dos momentos difíceis vividos, ele não pretende deixar a profissão de lado. “O cara precisa trabalhar, não adianta. Minha ideia é só dar um tempo para ‘esfriar a cabeça’”, planeja.