Teste: Jeep Compass Limited 2.0 4×2

A lista dos 10 carros mais vendidos do Brasil no mês de julho tem uma novidade chamada Jeep Compass. Sim, ele desbancou o Honda HR-V e conquistou a proeza de ser o SUV mais vendido no concorrido mercado nacional. No mês passado, ele teve 4.151 unidades emplacadas. Foi o décimo da lista geral, enquanto o Honda HR-V, líder até então, ficou com 3.511 exemplares vendidos e figurou na 16ª posição do ranking.

Por oito dias, a convite da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), o Ibiá Motores avaliou uma unidade na configuração intermediária Limited 2016/2017 — motor 2.0 bicombustível, seis marchas e tração 4×2 — e percebeu que o consumidor à procura de um veículo deste segmento está bem servido com ele, em que pese a salgada etiqueta de R$ 131.990,00 (na linha 2018). Contudo, é preciso considerar que o Compass tem vendido bem porque a sua versão de entrada, a Sport, custa R$ 105,9 mil, ou seja, mesma faixa de valores que SUVs de porte menor em versões superiores.

A principal ressalva a se fazer ao “irmão maior” do Renegade é o consumo. Em ciclo misto, com rodagem rodoviária e urbana, as médias no computador de bordo oscilaram de 8 a 9 km/l. Na Rodovia do Parque, por exemplo, a 110 km/h e em sexta marcha, o conta-giros indicou 2.300 rpm e nem assim se teve economia significativa. Portanto, haja bolso para alimentá-lo nestes tempos com gasolina na casa dos quatro reais.

Aos fãs dos motores a diesel, é bom lembrar que o Compass flex é inferior em performanece, mas o Tigershark tem fôlego e não deixa a desejar nem mesmo na hora de se fazer ultrapassagens, pois as respostas são boas inclusive em baixas rotações. Há linearidade de torque. Ao volante, tem-se uma boa impressão de fluidez. Parece que o carro pede estrada. Neste aspecto, a transmissão automática de seis marchas colabora bastante, com trocas bem ajustadas à rodagem, exceto quando se quer ganhar velocidade imediata para ultrapassar. Aí, o negócio é pisar fundo para as marchas serem reduzidas em menor tempo, mas isso eleva o giro bastante e, consequentemente, o ruído do motor, que, por sinal, é bem silencioso em condições normais de uso. Em estradas planas, como o trecho entre Montenegro e São Leopoldo da ERS-240, o câmbio trabalha predominantemente em rotações abaixo dos 2.000 rpm, com marchas altas. Há, também, a opção de trocas manuais na alavanca ou, ainda, nas aletas atrás do volante — imprescindíveis para aos adeptos de tocadas esportivas em viagem.

A suspensão é outro predicado do modelo testado pelo Ibiá. Em curvas acentuadas de rodovia, a estabilidade lateral fica acima da média do segmento, mas a altura do solo do veículo, mesmo com controle de estabilidade e tração, não dispensa a cautela do condutor. Fora isso, o comportamento é o mesmo de um bom sedan. No calçamento esburacado, ele absorve adequadamente as irregularidades, mas se nota fácil que o off-road não é sua vocação. A direção é precisa e macia, já que possui assistência elétrica.

Na linha 2018, todas as versões equipadas com o propulsor 2.0 Tigershark Flex, de até 166 cv, receberam o sistema Stop/Start. Ao lado do alternador e da bomba de combustível inteligentes, que trabalham sob demanda (apenas quando necessário), essa tecnologia deixou o Compass Flex até 11% mais econômico, afirma a FCA.

Luxo, modernidade e conforto a bordo

Dono de uma carroceria sedutora, com direito a teto preto, o Compass tende a deixar bem satisfeito aquele consumidor que gosta de sofisticação. A marca Jeep não é “mão de vaca” neste sentido, apesar de que, pelo preço, ele mereceria ter teto solar. Espaçoso, o interior do Limited tem couros, cromados, black piano e painel revestido em material emborrachado, portanto suave ao toque. A tela da multimídia é de generosas 8,4 polegadas e, entre os comandos sensíveis ao toque, está o sistema de climatização de duas zonas. A nitidez da câmera de ré à noite chama a atenção.

Outro ponto alto é a posição do condutor. Ergonômica. Elevada. Quase panorâmica, exceto se olhar no retrovisor central. Aí a imagem é restrita devido à estreiteza do vidro traseiro. O quadro de instrumentos tem grafismos e luzes de muito bom gosto. No console, por exemplo, os comandos e saídas têm borda iluminada. Para entrar no carro e acionar o motor basta ter a chave no bolso. Os retrovisores externos indicam com uma pequena luz se há algum veículo em seu ponto cego. Na hora de estacionar, a tecnologia dá uma mão — seja em vagas perpendiculares, seja em oblíquas — bastando acelerar e frear, apesar de o sistema não ter 100% de eficácia no dia a dia.

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