Teste: Cross up! combina potência com economia

Definitivamente, o preço não é o forte dele. São cerca de R$ 55,6 mil. Mas, uma vez disposto a gastar essa quantia, não espere nenhum tipo de decepção. Pelo contrário. Andar no up! é garantia de prazer e, se você não o conhece, a tendência é desembarcar com um sorriso no rosto pela surpresa que lhe causará. Não é à-toa que a Volks criou o conceito “Desache-se” na campanha de marketing do seu subcompacto, porque na vida real, fora das propagandas na televisão, ele derruba conceitos. Superar expectativas é a sua especialidade.

Não convém, por exemplo, associar seu pequeno porte (são 3,68 metros de comprimento) à ideia de um carro fraquinho. Nada. O Volks acelera como gente grande. No dia a dia, em trânsito urbano, não perde para ninguém na hora de sair da inércia e tomar impulso. O forte torque do motor 1.0 TSI, de até 105 cv de potência, surge a partir dos 1.500 giros, de modo que reacelerações em esquinas, quebra-molas e semáforos, por exemplo, vêm com vigor. Nas rodovias, o destaque é a retomada de velocidade em ultrapassagens e o giro do motor na casa dos dois mil rpm a 100 km/h. O condutor chegado em uma direção mais esportiva não terá do que reclamar. O pequenino, ao ser entregue de volta à Volks, deixou saudades.

Na versão 2018, carro ganhou para-choques maiores e de desenho mais moderno

O up! é também um carro para quem tem pressa, o que inclui não perder muito tempo para encontrar vagas para estacionar, tampouco fazendo manobras dentro de garagens apertadas. Além disso, vai menos ao posto de gasolina. As emissões de gases poluentes e o consumo de combustível têm marcas que figuram entre as menores do mercado brasileiro. Com um tanque de 50 litros, o Ibiá Motores rodou pouco mais de 700 quilômetros (em diversas situações de trânsito, inclusive a engarrafada BR-116).

No entanto, há relatos de quem tenha chegado perto de mil quilômetros sem reabastecer. Conforme o Programa Brasileiro de Etiquetagem, do Inmetro, o subcompacto percorre 13,7 km/litro na cidade e, na estrada, 14,7 km/l. Nos testes do Ibiá Motores, com 70% de rodagem em estrada e 30% de uso urbano, a média ficou em 15,9 km/l. Há relatos de quem tire 20 km/l dele em viagem, pisando leve.

Porta-malas tem apenas 285 litros, mas “deitar” o banco traseiro pode ser uma alternativa para carga se não forem mais de dois ocupantes

A versão testada pelo Ibiá Motores, Cross, tem apelo aventureiro apenas no visual. O carro tem a mesma altura do solo e sistema de suspensão que os demais membros da sua família. Os pneus também não mudam. Logo, nesta configuração, não há nada que o faça mais preparado para estradas rurais.

Na buraqueira nossa de cada dia, a suspensão do modelo se sai bem. Em ruas de calçamento malconservado, caso da rua Clodomiro José Machado, no bairro Santo Antônio, a carroceria balança, mas não de forma macia, e sim rígida. Em curvas acentuadas da BR-116 com a velocidade no limite máximo, entre Ivoti e Picada Café, a suspensão copiou o traçado bem, passando segurança ao motorista. O traçado íngreme da rodovia na subida da Serra mais uma vez provou que o TSI 1.0 não deixa ninguém no aperto.

Os mais afoitos, no entanto, precisam dobrar a atenção para não perder o controle nas aceleradas mais fortes (tem controle de tração, mas não de estabilidade). O motor tem fôlego para isso devido ao torque de 16,8 kgfm que se apresenta já em baixas rotações. As velocidades mais altas, porém, trazem para o lado de dentro um pouco do ruído do atrito com o ar. A vedação interna, portanto, pode melhor. A VW faz isso bem com o Golf TSI 1.0.

Um celular que vira central multimídia
Em relação à versão anterior, o up! na linha 2018 teve avanços na cabine, que ganhou toques de sofisticação. Um aplique no painel imita acabamento em fibra de carbono. Há também um filete de led branco que à noite ilumina a parte inferior do painel. Os plásticos, no entanto, não são macios ao toque. É mais um ponto a ser revisto pela empresa.

Porta USB fica em posição de difícil acesso, mas próxima do suporte de celular no centro do painel foto: Volks/Divulgação

O painel de instrumentos ficou maior, mais bonito e mais legível, mas se regulado em posição mais baixa, tem o inconveniente de ter a visão tapada pelo aro da direção. Esta, elétrica, igual à do Golf, com comandos de som e telefone, é precisa, macia e de boa empunhadura (mesmos predicados do câmbio, que é manual e de cinco marchas). Um doce para manobrar.

Deixa falta a central multimídia Composition Phone não ser sensível ao toque, mas a proposta de se utilizar o celular como tela do computador de bordo, mapas e outras funções, é vanguardista. As tecnologias de conectividade embarcadas, que mudam a todo instante, tornam as centrais obsoletas em pouco tempo, ou seja, envelhecem o carro em menos tempo. Com o up!, assim que você trocar o celular, terá também um novo sistema multimídia no carro.

Curiosa é a posição da saída USB, que fica “escondida” na parte de cima do painel. É de difícil acesso, mas fica bem perto do suporte do telefone, tornando a conexão via cabo mais prática. Usuários que se importam conectividade — e não são poucos, principalmente os jovens, público que a Volks mira com o up! — tiram o chapéu para a praticidade do porta-celular, que segura bem o aparelho tanto na vertical quanto na horizontal. Além disso, é fácil e rápido fixar o telefone no suporte.

Eficiência em números
A eficiência energética do up! TSI está acima inclusive da obtida por modelos da concorrência sem ar-condicionado e direção com assistência. O up! TSI leva apenas 9,3 segundos de 0 a 100 km/h e atinge 183 km/h de velocidade máxima, ambos com etanol. Com gasolina no tanque, o up! TSI acelera de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos, com velocidade máxima de 181 km/h.

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