PERIGO! O último caso ocorreu na sexta-feira, quando um homem de Porto Alegre morreu ao se banhar no Rio Caí
Três pessoas morreram ao entrar nas águas do Rio Caí, em Montenegro, desde o início deste Verão. A última vítima é Nilton Cesar Cardoso Soares, de 50 anos. O homem veio de Porto Alegre passear em Montenegro e acabou retornando sem vida para sua cidade. Os bombeiros alertam sobre os riscos de entrar em locais desconhecidos sem equipamentos de segurança e salva-vidas.
Nilton Cesar Cardoso Soares, chegou em Montenegro na manhã da sexta-feira, 22. Ele veio acompanhado por amigos que estão trabalhando em uma obra na cidade. Abalados com o ocorrido, os companheiros de Nilton não quiseram ser identificados, mas aceitaram conversar com a reportagem.
Um dos fatos curiosos, destacado por um dos pedreiros é que, naquele dia enquanto estavam vindo para Montenegro, Nilton viu um carro fúnebre na rodovia e brincou: “Olha que carro legal. Hoje eu vou andar em um desses”. Contudo, os amigos não notaram nada de estranho em seu comportamento.
Ainda de manhã, ao passar pelo Porto das Laranjeiras, o homem encantou-se pelo rio e disse que retornaria para se banhar. Logo depois do almoço ele e os amigos voltaram ao Cais. A ideia era descansar na sombra e pescar. Nilton, no entanto, queria mesmo era entrar na água. Ele foi advertido pelos demais para que não fizesse isso. Um homem, que estava na beira do rio viu a intenção de Nilton e também falou para que ele não entrasse na água. Mas ele não deu atenção e se jogou.
Nilton nadou até o outro lado do rio, mas na hora de voltar teve problemas. Ele já estava sem fôlego quando os amigos disseram para que se virasse de costas. Pouco adiantou, ele começou a se debater e afundar. Sem saber nadar, os companheiros não se arriscaram a entrar na água.
Barqueiros que passavam pelo local viram a situação e tentaram ajudar. “Só vimos a cabeça dele. Ele já estava nos últimos instantes de vida. A gente tentou socorrer mas ele desapareceu”, contou Vladimir Ferreira, 57 anos. O barqueiro também ajudou os bombeiros nas buscas ao corpo. Vladimir e um amigo usaram uma rede de pesca para tentar localizar o corpo, mas a busca não teve êxito.
Os bombeiros de Montenegro também mostraram determinação e esforço para tentar encontrar a vítima. Durante toda a tarde eles trabalharam embaixo do escaldante sol, numa temperatura de mais de 30°C, com o objetivo de dar desfecho ao caso.
“A gente sempre trabalha com a expectativa de encontrar o quanto antes para dar um conforto para os amigos e a família”, reiterou Fabrício Fernandes Silva, sargento do Corpo de Bombeiros de Montenegro. A busca também contou com a participação do Sargento Ângelo Lima Justo e os soldados André Luís de Oliveira e Magno Dorneles.
A equipe da Companhia Especial de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre foi chamada para auxiliar nas buscas. Por volta das 18h o sargento Alexandre Ilha e seus colegas encontraram Nilton próximo ao local onde havia sido visto pela última vez pelos amigos, próximo ao quiosque em frente à Câmara de Vereadores de Montenegro.
Desespero da mãe ao ver o corpo do filho
A mãe de Nilton Cesar foi informada da morte do filho por telefone. Ela e o filho moravam juntos. A mulher de 70 anos disse que não sabia que Nilton estava em Montenegro. “Ele disse que iria em um restaurante e ‘fugiu’ pra cá com os amigos”, contou.
Nilton sofria de problemas de saúde, segundo os amigos devido ao uso de álcool e drogas. A mãe disse que o filho sofria convulsões e que naquele dia estava encaminhando os documentos para baixa hospitalar do mesmo.
Acompanhada por amigos e parentes, a aposentada parecia acreditar que o filho seria resgatado com vida. A emoção só aflorou quando ela viu o corpo de Nilton ser retirado do bote dos bombeiros.
Bombeiros advertem quanto aos riscos
O sargento Alexandre Ilha da Companhia Especial de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre avalia como inadequada e imprudente a atitude de uma pessoa nadar em um local fundo sem a presença de um salva-vidas.
O sargento também desta o risco que está sujeito o cidadão que se alimenta e logo depois resolve se banhar. “Mesmo pra quem sabe nadar já é arriscado. Imagina para quem não está habituado”, concluí.
Relembre os casos
Esta é a terceira morte neste Verão no trecho do Cais das Laranjeiras, entre a pizzaria e o Clube Caça e Pesca.
O local é inapropriado para o banho devido à correnteza na curva do Rio Caí, somada a profundidade do canal de navegação. Também no fundo há muitos entulhos variados.
Em 23 de dezembro de 2018, domingo véspera de Natal, Natãn Mariano, de 26 anos, desapareceu nas águas quando foi nadar no trapiche perto do Clube Caça e Pesca. Seu corpo foi localizado somente na segunda-feira, dia 24, aproximadamente um quilômetro rio abaixo, preso à vegetação após emergir à superfície.
Já em 27 de janeiro, os Bombeiros resgataram o corpo de Marcos Finger, 52 anos, que por volta das 16 horas saiu de sua casa na frente do Cais para nadar.
O corpo foi encontrando em seguida e no mesmo ponto. Finger tinha problemas de saúde e pode ter sofrido mal súbito devido ao esforço.