Tendência habitacional é viver em cidades menores

Negócios imobiliários. Falta de espaço e sossego jogam investimentos em moradia para longe dos centros urbanos

Uma nova tendência ganha força no mercado imobiliário: empreendimentos e seus compradores se afastam dos centros urbanos. De parte do cliente, está a busca por mais segurança e tranquilidade, além do preço em conta. Das imobiliárias, surge a necessidade de atender esse público enquanto encontra alternativa ao esgotamento das áreas urbanas.

A comprovação está no surgimento de condomínios e loteamentos nas pequenas cidades do Vale do Caí, assim como em localidades afastadas. E neste contexto local, Pareci Novo tem sido a preferida, com a implantação de dois residenciais. Um deles é o vistoso Bosque da Figueira, empreendimento próximo ao Centro, mas encravado em uma colina com mata nativa, curso d’água e trilhas.

A opção tem chamado a atenção de montenegrinos, uma vez que o deslocamento ao município vizinho não leva mais de 10 minutos. Além disso, a pequena comunidade oferece sossego, índice de criminalidade próximo ao zero e desenvolvimento humano elevado. A responsável pelo projeto também é montenegrina, a imobiliária Kindel através da Land Incorporadora.

O proprietário Karl Heinz Kindel e o gestor comercial Rodrigo Sartori confirmam essa tendência de mercado, definindo-a como busca por qualidade de vida seguindo o conceito “contato com a natureza”. Karl reitera ainda que em Montenegro, a exemplo de outras cidades, já não há espaço no Centro e nos bairros adjacentes. “A gente tem essa dificuldade de achar bons locais para disponibilizar o produto”, declara.

Desta forma, sobram as alternativas em outras comunidades da região, como o caso de Pareci Novo. Com tudo, não é a simples busca por um lote de terra que norteia esse “garimpo”, como confirma o próprio material de divulgação do Bosque da Figueira. Um dos argumentos de marketing é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 0,749 do município; superior aos 0,746 do estado e dos 0,699 do Brasil.

O mesmo folder convida ainda a caminhar em meio a natureza; além de assinalar as ligações rodoviárias da cidade e a conquista do Selo Livre de Analfabetismo. E é enganoso pensar que essas características são atrativas a homens e mulheres aposentados. Sartori revela que a média de idade dos compradores no loteamento varia entre 30 e 50 anos.

Áreas existentes ficaram caras
O saturamento dos centros urbanos é, também, reflexo do programa federal Minha Casa, Minha Vida, que ocupou muitos dos pontos disponíveis. Então, é considerado normal que a procura se volte a novos nichos, somando em um projeto espaço, facilidade de acesso, serviços públicos, tranquilidade, conforto e beleza.

Karl e Sartori comentam que, por outro lado, estagnou a procura por sítios e chácaras na Zona Rural de toda a região

Com o avanço das casas populares, sobrou para quem empreende a valorização financeira das áreas livres nos municípios maiores, tornando a construção de um loteamento onerosa. Esse fator, aliás, se repete no Minha Casa, Minha Vida, cujo o teto na Região Metropolitana é pouco vantajoso para obras mais elaboradas.

Em Montenegro, a aquisição e construção pelo programa custa R$ 170 mil. Em Pareci, o teto do Minha Casa é R$ 90 mil para todo projeto, enquanto no Bosque apenas o terreno já é R$ 95 mil. “Então, fica inviável também fazer casa pelo Minha Casa, Minha Vida para isso”, explica Karl.
Ele aponta ainda que morar assim afastado exige poder aquisitivo médio ou alto, pois é preciso considerar deslocamentos diários. O resultado é as cidades metropolitanas observando a proliferação de construções modestas; enquanto as comunidades menores recebem empreendimentos volumosos, com casas qualificadas e amplas.

Prefeito diz que Pareci está preparada
O prefeito de Pareci Novo, Oregino José Francisco, tem motivos para ver apenas benefícios à cidade. Ele avalia, por exemplo, o alto padrão e o planejamento dos novos condomínios. Desta forma, sua implantação acaba por proporcionar uma melhor visibilidade ao município. “Além disso, haverá um considerável aquecimento da economia, a possível ampliação do comércio, com novos postos de trabalho”, considera.

Quanto à capacidade do município receber novos moradores, o chefe do Executivo avalia com tranquilidade. Primeiro porque o número de pessoas é apenas razoável; e segundo porque Pareci estaria sim estruturada para recebê-los. Oregino não teme também o efeito das chamadas “cidades dormitório”, onde moradores apenas moram no local, mas trabalham e consomem em outra.

“Pois no momento em que há moradia na cidade, já está sendo gerado imposto, como o IPTU”, observa. Além disso, assinala o emplacamento de veículos no Município, que também assegura retorno, além de acreditar que os novos moradores sempre irão gerar algum consumo na cidade, seja no comércio como na prestação de serviços.

Reduto de montenegrinos fugindo do tumulto
Com o rumo que está tomando, o Bosque da Figueira será uma comunidade de montenegrinos. O primeiro que chegou foi Guilherme Viegas de Oliveira, que já está construindo. Ele calcula que terá uns cinco vizinhos conterrâneos. O agente administrativo de 30 anos sempre quis viver no Pareci.

Oliveira afirma que em Montenegro não se encontra locais assim

“Optei pelo local privilegiado. Com uma linda vista, em meio à natureza, com trilhas ecológicas, vertentes, tranquilidade e qualidade de vida”, argumentou. A única desvantagem é a distância do trabalho e da família. Mas ele cita a proximidade dos municípios que anula isso.

“Em cerca de 8 minutos é possível se deslocar do Centro de Montenegro até o Centro de Pareci Novo”, avalia. Oliveira concorda que é uma mudança considerável de estrutura, da que tinha em Montenegro. Mas, é um fator que se anula diante do benefício da segurança da moradia, que tem apenas uma rua de entrada e saída.

“Ou seja, a tendência é que só irão acessar os moradores, vantagem parecida de morar em um apartamento”, avalia. Enquanto Oliveira conversava com o Ibiá, no terreno ao lado Carlos Otávio Endres, 38, regava os primeiros sinais do jardim a futura casa.

“Moro na Osvaldo Aranha e levo mais tempo para ir à Timbaúva do que para vir aqui”, diz. Sua casa fica em frente à Casa do Produtor Rural. “Seis da manhã de sábado já tem tumulto ali”, comenta, a respeito dos clientes. Endres concorda com o vizinho que Montenegro não tem local sequer parecido como aquela colina.

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