Sororidade mantém mulheres unidas

Para alguns, a palavra parece complicada, mas o conceito é simples: união, aliança e respeito entre elas

Nos últimos anos, uma nova palavra, que sequer faz parte de alguns dicionários da língua portuguesa, ganhou atenção especial. E você, sabe o que sororidade, de fato, quer dizer?

A busca pelo termo, que ainda causa certo estranhamento para quem não está familiarizado, aumentou 250% no Google no início deste mês. O crescimento foi registrado logo após a cantora Manu Gavassi, que participa do reality show Big Brother Brasil (BBB), justificar o voto no colega de confinamento para o paredão. “Eu voto no Prior por uma questão de sororidade”, disse Manu na ocasião.

Durante a oficina, mulheres receberam dicas para usar na hora de buscar uma vaga no mercado de trabalho

A palavra vem do latim soror, que significa irmã, ou seja, sororidade é união entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum. Ela fortalece a ideia de que juntas, as mulheres são mais fortes e precisam umas das outras para buscar a liberdade e os direitos reivindicados. Assim, partindo dessa perspectiva, o conceito ressalta a importância dessa aliança para que alguns estigmas e preconceitos enraizados sejam enfraquecidos.

Criado pelo movimento feminino da Central Única das Favelas (CUFA), o grupo Maria Maria reúne diferentes mulheres que, além de constituir um projeto coletivo e democrático dentro da instituição, tentam organizar o discurso das tantas “marias” das periferias, principalmente os das jovens, para que elas se sintam estimuladas e participarem dos processos políticos de decisão e ocupação de espaço onde estão.

Embora grande parte das integrantes não esteja familiarizada com a palavra sororidade, o conceito dentro do grupo está mais presente do que elas imaginam, como destaca a coordenadora do projeto, Kaka Pinheiro. “Muitas não têm noção da capacidade e potencial que possuem, então, quando nos reunimos e debatemos vários temas e destacamos a união entre as mulheres, isso faz toda diferença para que elas se sintam capazes de mudar a própria realidade e o lugar onde vivem”, comenta Kaka.

Na busca por emancipação e baseadas no sentimento de apoio mútuo, as Marias se reúnem quinzenalmente e participam de diferentes ações como oficinas, roda de conversa, palestras, entre outras iniciativas.

Oficina prepara mulheres para entrevista de emprego
Na expectativa de conseguir um emprego, muitas mulheres acabam encontrando uma série de dificuldades pelo caminho, principalmente as de baixa renda. Pensando nisso, o Projeto Maria Maria realizou, com o apoio da parceira Fernanda Isse, uma Oficina Preparatória de emprego destinada a ajudar as tantas “Marias” desempregadas em Montenegro.

Formada em moda e gestão de pessoas, Fernanda sempre desenvolve oficinas voltadas para suas áreas de atuação com o grupo da Cufa. Na última quinta-feira, 13, foi a vez de falar sobre emprego e a imagem pessoal agregada ao mundo corporativo, além das redes sociais e currículos. “Algumas empresas adotam como critério de avaliação uma análise das redes sociais da candidata, por isso, devemos evitar debates políticos nesse meio, assim como os excessos de exposição como declarações amorosas, entre outras posturas que podem prejudicar a imagem da pessoa”, orienta.

Enquanto as mães participam dos encontros, os filhos brincam de desenhar

Durante a oficina realizada na Associação da Vila Esperança, que contou com a participação de dezenas de mulheres da Vila Esperança, Trilhos e Travessa Jose Pedro Steigleder, Fernanda destacou quais os erros mais comuns e como evita-los na hora de procurar emprego. “Para uma entrevista de emprego, é fundamental que se pense na imagem pessoal como um cartão de visita”, destaca Fernanda, acrescentando que roupas muito estampadas, justas, cabelos e maquiagem muito elaborados estão entre os erros de candidatos na busca por um lugar no mercado de trabalho. “A nossa aparência, o que falamos e como falamos são aspectos relevantes a criação de uma imagem positiva”, completou.

Unidas, elas são mais fortes
Enquanto Fernanda Isse desenvolvia a Oficina Preparatória de emprego e compartilhava um pouco do conhecimento que tinha com outras mulheres, a dona de casa Daiane Martins, 27, ficou atenta a cada detalhe para, mais tarde, colocar na prática. “Eu nunca participei desse tipo de oficina, por isso acho muito importante divulgar essas informações para ajuda na hora de procurar serviço”, comentou Daiane, que agora se sente mais segura para tentar algo na área administrativa.

Acompanhada da mãe e da vó, as gêmeas Catiele e Cassiele de Castro, 17, integrantes do Projeto Maria Maria, destacam a inciativa como fundamental para as mulheres que buscam seu primeiro emprego. “Oficinas assim fazem toda diferença, pois agora sabemos como montar um currículo, como se vestir, o que falar e o que evitar”, enfatizou Catiele, que busca sua primeira oportunidade no mercado de trabalho.

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