Só 16% dos brasileiros conseguem guardar dinheiro

Segundo indicadores do SPC Brasil e CNDL, os consumidores ainda relatam dificuldades financeiras no dia a dia

Apesar dos indicadores mostrarem uma leve melhora na economia do país, a população segue em dificuldades. De acordo com dados apurados pelo Indicador de Reserva Financeira do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), no mês de abril (último dado disponível), apenas 16% dos brasileiros conseguiram poupar parte da renda, o que inclui salários e pensões, entre outros rendimentos.

O dado é numericamente inferior ao observado em março, que estava em 20%, mostrando que muitos consumidores ainda sentem dificuldades financeiras e, com isso, não estão conseguindo chegar ao fim do mês com sobras de recursos. Uma das principais justificativas é a baixa renda, razão dada por pouco mais de um terço dos entrevistados, um total de 36%.

o principal propósito daqueles que têm como hábito poupar é a proteção contra imprevistos. Foto: reprodução internet

A autônoma Ivone Motta, 55, faz parte desse grupo e comenta que é preciso se desdobrar para manter as contas em dia. “Não consigo poupar porque não sobra dinheiro, já que ajudo os filhos e netos”, diz Ivone. “A greve dos caminhoneiros piorou a crise do Brasil e isso refletiu diretamente no bolso das pessoas”.

Além da baixa renda, outros aspectos que também refletem na dificuldade de poupar são os imprevistos, lembrados por 20% dos participantes da pesquisa. A falta de disciplina (17%) e de renda no momento (16%) completam a lista dos principais empecilhos. Na análise a partir das classes sociais, as diferenças são elevadas: entre as classes A e B, o percentual de poupadores chega a 33%, ao passo que cai para apenas 11%, quando considerados os brasileiros das classes C, D e E.

A empresária Cristiane Wasum, 44, conta que há 15 anos investe em uma caderneta de poupança e, mesmo diante da crise, conseguiu continuar com as aplicações. “Educação financeira é primordial para quem deseja poupar”, explica a empresária, que economizou baseado nos gastos e despesas da família. “Tivemos que pensar duas vezes antes de comprar coisas supérfluas”, ressalta Cristiane, que almeja um crescimento econômico sólido e estabilidade financeira. Com base no levantamento, 60% dos poupadores ainda recorrem à velha caderneta de poupança e somente 7% aplicam em previdência privada.

SAIBA MAIS
Segundo o indicador, o principal propósito para aqueles que têm como hábito poupar é a proteção contra imprevistos, mencionada por metade da amostra (50%). Em seguida, aparece a intenção de garantir um futuro melhor para a família (28%), prevenir-se em caso de desemprego (26%) e a realização de uma viagem (18%). Já a aposentadoria, que deve ser prioridade como um planejamento de longo prazo, foi lembrada por apenas 16% desses poupadores.

Imprevistos e ampliação de renda
Conforme os dados apurados pelo Indicador de Reserva Financeira do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 40% dos brasileiros que possuem reserva financeira tiveram de sacar ao menos parte desses recursos no último mês de abril, sendo que, para 12%, a necessidade foi lidar com uma situação de imprevisto, 7% para complementar a renda e outros 7% para realizar uma compra.

Outra questão levantada na pesquisa é a falta de conhecimento sobre opções mais rentáveis de investimento, mesmo entre os poupadores. A maioria (60%) desses entrevistados recorre à velha caderneta de poupança para guardar seus recursos. Outros 19% deixam o dinheiro guardado na própria casa, opção pouco segura e que não gera rendimentos ao poupador. A conta corrente, que também não é uma opção recomendada de investimento, é utilizada por 16% dos participantes do estudo.

As modalidades mais sofisticadas e que podem proporcionar melhores rendimentos foram lembradas por uma pequena parcela desses consumidores. Os fundos de investimento, por exemplo, foram citados por 10% como opção que eles, efetivamente, utilizam e a previdência privada, por 7%. Para os poupadores que fazem as opções mais conservadoras e menos rentáveis de manter o dinheiro em casa, na conta corrente ou mesmo na poupança, a principal razão foi a preferência por ter o dinheiro disponível em um lugar fácil de retirar (37%). Além desses, um quarto (25%) julgam não ter dinheiro suficiente para investir em outras modalidades e 25% alegam não ter conhecimento suficiente para tentar outras modalidades.

No que diz respeito às modalidades existentes no mercado de investimentos, a poupança lidera com folga como a mais conhecida: 83% dos entrevistados já ouviram falar a seu respeito. Em segundo lugar, aparece o título de capitalização, citado por 45% e, logo depois, a previdência privada (42%) e as ações em bolsa (38%). Os fundos de investimentos são conhecidos por apenas 33%.

A METODOLOGIA USADA
– O objetivo do levantamento é acompanhar a formação de reserva financeira do brasileiro, destacando a quantidade daqueles que tiveram condições de poupar ao longo dos meses.

– O indicador abrange 12 capitais das cinco regiões brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais.

– A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais a um intervalo de confiança de 95%.

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