O espaço social Isokan da Cufa (Central Única das Favelas) em Montenegro sofreu uma sequência de três arrombamentos em uma semana; somando assim sete furtos em menos de um ano de instalação no Passo da Serra. Desta vez o prejuízo deve somar R$ 14 mil, entre depredação e equipamentos furtados. Mas, muito além de mais um prejuízo financeiro, está o impacto anímico.
Reunidos no pátio da instituição na tarde deste domingo, dia 2, voluntários e coordenadores não escondiam a tristeza. “É uma baita de uma sacanagem”, proferiu Carlos Vinicius Rodrigues. Ele, a esposa Patrícia de Lara e o filho Carlos Gabriel, de 6 anos, são beneficiados, mas também voluntários dos projetos, oficinas e eventos da Cufa. “Roubaram os sonhos da gente”, definiu Patrícia. Ela ressaltou o formato da Central, que segue a máxima de ensinar a pescar ao invés de apenas dar o peixe.
Os coordenadores em Montenegro, Carliane Pinheiro, a Kaká, e Rogério Santos, choraram enquanto descreviam o terrorismo desferido contra as instalações. Ele mostrou que os criminosos usaram o telhado para entrar na terça e quinta-feira, dias 27 e 29, e na madrugada deste domingo. Foram levados o motor do poço d’água; o motor do freezer; o forno micro-ondas e toda a fiação do prédio; ferramentas da horta orgânica e roupas de doação.
Duas fogueiras foram feitas dentro da casa, possivelmente para queimar a borracha dos fios, o que representou um risco de incendiar tudo. A ousadia e aposta na impunidade é tanta que na sexta-feira os marginais voltaram durante o dia, momento em que até foram vistos por uma voluntário enquanto fugiam.
Este nível de ataque paralisa praticamente todas as atividades sócio-educativas com as mães e com os filhos no contraturno escolar. Mais de 1.500 pessoas serão prejudicadas, como na distribuição do gás de cozinha. A festa pelo Dia das Crianças também está em risco. “Precisamos animar o pessoal”, decretou Rogério. A ideia é de nunca desistir, voltando a buscar apoio dos parceiros e da comunidade para reconstruir o Isokan.
E o coordenador faz outro importante apelo, que é pela denúncia. Rogério assinala que não é possível que criminosos carreguem fios, motores e malas com itens (uma com roupas de bebês foi deixada para trás) sem haver testemunhas. Ainda que seja durante a madrugada, estas coisas acabam aparecendo para venda. Qualquer informação deve ser passada à Brigada Militar e à Polícia Civil