Dia dos Professores. Na Apae eles observam e aprendem, antes de ensinar
É imprescindível destacar sempre o valor dos professores na formação intelectual e moral dos brasileiros. E neste Dia 15 de Outubro, a homenagem é através daqueles que se dedicam à Educação Especial, em uma verdadeiro sacerdócio de amor, respeito e humildade. “Eu não acredito que seja uma escolha. Aqui, tu é acolhido”, descreveu Jacilene Dornelles, professora na Escola de Educação Especial Nossa Senhora Medianeira, instituição da Apae Montenegro. Ao lado de outros nove colegas do currículo e dos professores das disciplinas transversais, diariamente se entrega à missão de ensinar e orientar 125 alunos com deficiência intelectual e múltipla.
Reunida na sala dos professores, essa equipe revela um pensamento único, uma sintonia que forja vitórias diárias através do comprometimento, do respeito, do ensinar e aprender com olhos na ciência e na criatividade. Mais uma vez coeso, concordaram que ser professor de Educação Especial não permite meio termo: ou é totalmente apaixonado, ou não segue neste caminho.
“Para mim foi um encontro”, pontua Andréia da Silva, que começou como psicopedagoga em consultório particular. Mas foi no estágio da graduação em Pedagogia, na rede municipal, que conheceu os desafios da inclusão.
Ao visto, é de fato a Educação Especial que escolhe seus discípulos. Uma constatação confirmada pela história da coordenadora Pedagógica e professora Ana Cristina da Rosa. Durante sua passagem em uma escola comum, ficou obcecada em aprender os métodos da colega que cuidava da Classe Especial. “Eu via ela sempre muito amorosa com os alunos”, concluiu. Ana aprendeu a observar, pois cada aluno especial precisa ser atendido de forma especial.
“Tu não tem que pensar no que ele não pode. Aqui a gente trabalha com o que ele é capaz”, definiu a diretora Naia Sehn. Um método no qual quem ensina aprende, e é surpreendido com a capacidade, com a resiliência dos alunos. Os professores focam no potencial de cada jovem e no desafio de ensinar na Apae. Para tanto, Jaqueline Adriano defende o aprendizado diário; pedagógico, mas também humano. “Sobre a diferença que faz um abraço na pessoa”, salientou.
Carine Inácio de Oliveira explica que esta é a tese da ‘flexibilização curricular’. Nela, a mesma atividade é aplicada de modo diferente para cada aluno, levando em conta sua particularidade.
Comando um time de potenciais individuais
E como promover o esporte com jovens que têm alguma limitação? Os professores de Educação Física Rodrigo Domingues e Julio Cesar Machado solucionaram o impasse desafiando os alunos. Mas Rodrigo reitera que é preciso estudar para saber como instigar que descubram sua capacidade. E ao colega que chegou em maio, aconselhou “abrir seu coração” e esquecer o planejamento, pois se chega pensando em futebol, os alunos podem apenas querer brincar. E são eles que decidem!
“Qualquer atividade ou brincadeira que eles conseguem realizar é uma alegria para a gente”, declarou Julio Cesar. Ele comentou ainda a respeito de lidar com a deficiência intelectual, ilustrando que na Apare “parece que o dia sempre zera”, e no outro é preciso retomar a lição anterior. E nesta hora de frustração, o professor da Educação Especial precisa de humildade para pedir ajuda aos colegas, revigorando aquele coletivo no qual “todos são alunos de todos”.
Tatiana da Silva Martins reforça a fórmula de inspiração uns nos outros, observando a importância das pequenas vitórias dos alunos. Se em sala de aula o aluno não consegue realizar uma tarefa, mas se supera nem outra disciplina, como na quadra de esporte ou na oficina de dança, isso motiva todos os professores. “A gente vê aquele rostinho feliz e percebe que ele aprendeu algo”.
Valorização aos detalhes e as pequenas vitórias do dia a dia
A respeito das pequenas vitórias, a diretora Naia explica o quão grandioso é na Educação Especial o simples ato de uma criança com paralisia cerebral passa o guardanapo na boca. Esses professores vêm pessoas e não doenças. “A gente não vê a deficiência. A gente vê a felicidade”, concorda a professora Davana Cardoso, que se acalenta na certeza que, enquanto estão dentro da Apae os estudantes especiais são respeitados e estão felizes. “E sempre queremos mais. Cada dia que passa precisamos de mais conhecimento”, reforça Juçara Lorini.
E como explicar a verdadeira força gravitacional que a Apae exerce. Talvez a professora Inez Griebeler possa dar a resposta. Ela tem 41 anos de docência na Escola Medianeira, já poderia estar aposentada, mas ainda divide os desafios e aprendizados diários com os colegas. “Porque tu não consegues se desligar daqui. A escola faz tão bem para a gente, que não conseguimos parar”, finaliza.