Destinação e separação correta dos resíduos também beneficiam os catadores
A coleta seletiva existe em Montenegro há cerca de 20 anos, mesmo assim ainda é muito comum encontrar resíduos descartados de forma irregular pela população. Atualmente, todo o lixo coletado no município é levado para o transbordo de Capela de Santana, onde é feita uma triagem, separando os recicláveis do orgânico, e o que não se aproveita como reciclado é destinado para o aterro sanitário de Minas do Leão, onde é classificado como rejeito.
São coletados em torno de 30 toneladas de lixo por dia em Montenegro, totalizando uma média de 1000 toneladas mês. A falta de conscientização sobre a separação correta dos resíduos se reflete no resultado final da coleta seletiva do município. Segundo o secretário Municipal de Meio Ambiente, Ronei Cavalheiro, apenas 5 % dos resíduos são reaproveitados na triagem, segregação dos resíduos no transbordo de Capela de Santana.
Buscando mudar esse cenário, recentemente a Prefeitura realizou uma ampla campanha de divulgação do calendário da coleta seletiva e, em breve, deve levar o tema para ser abordado com os alunos das escolas do município. De acordo com o secretário, se a comunidade fizer uma separação correta entre os recicláveis e orgânicos em casa, pode ter um aumento de mais de 50% dos resíduos recicláveis. “Fazendo a separação dos resíduos de forma correta faz toda a diferença na preservação do meio ambiente, pois ela evita que muitos materiais recicláveis acabem indo para o aterro sanitário”, enfatiza o secretário.
Separar o lixo seco do orgânico é uma tarefa fundamental para a melhoria do cenário da coleta seletiva no município. “Essa atitude simples e diária, que todo mundo pode adotar em casa, tem tudo para facilitar a vida de quem trabalha com a coleta seletiva e uma forma de ajudar quem vive da reciclagem”, diz Cavalheiro. Conforme o secretário, a separação correta contribui também para reduzir a contaminação do meio ambiente e para evitar a disseminação de doenças. Além disso, reduz de forma importante os impactos sobre o meio ambiente, diminui as retiradas de matéria prima da natureza, gera economia de água e energia e reduz disposição inadequada do lixo. “Também gera economia para os cofres da Prefeitura, pois o Município paga por peso no destino final, no aterro em Minas do Leão”, completa o secretário.
Outro fator importante para o melhor funcionamento da coleta seletiva é acompanhar o cronograma do recolhimento dos resíduos secos e orgânico e os dias que o caminhão passa nos bairros. Essa informação está disponível no site da Prefeitura de Montenegro. O secretário destaca que de SMMA vai reforçar os programas de educação ambiental, com o papel de conscientizar os contribuintes da importância da separação dos materiais recicláveis dos orgânicos no domicílio. Um das ações que já vem sendo realizadas é a distribuição de sacolas ecológicas visando à redução da utilização de plástico, que é um material altamente nocivo para o bem estar do meio ambiente e pode demorar até 400 anos para se decompor. “As sacolas ecológicas serão doadas para comunidade e para os alunos das escolas nas palestras sobre a coleta seletiva do município com o objetivo de despertar uma conscientização ambiental pensando na sustentabilidade para as próximas gerações”, conclui Cavalheiro.
Bons exemplos
O trabalho dos catadores tem sido cada vez mais importante para a destinação correta dos materiais recicláveis em Montenegro. Entre os bons exemplos está a Cooperativa Estação Reciclar, que atualmente faz o trabalho de recolhimento através de agendamento com moradores e empresas. Um dos locais atendidos é o Lar Sagrada Família, onde os materiais são recolhidos uma vez por semana.
Irma Maria Alice conta que a destinação dos resíduos do Lar para reciclagem acontece desde que assumiu a gestão da instituição. O serviço antes era realizado por uma empresa da cidade, mas através da indicação de um funcionário ela conheceu o serviço prestado pela cooperativa. “É uma satisfação grande para mim e para o Lar, porque nós conseguimos fazer as duas coisas. Conseguimos juntar o material que é possível reciclar e ajudar essas famílias da cooperativa, então para nós é satisfatório”, enfatiza.
A responsável pela coleta dos materiais recicláveis no Lar Sagrada Família e em outros 17 pontos da cidade é a catadora Pedra Olina da Silva. “Eu estou há 12 anos na reciclagem e mesmo com o recolhimento porta a porta ainda acho tempo para trabalhar na rua, é bastante coisa”, comenta. A maior dificuldade, segundo Pedra, é a falta de separação dos resíduos pelos moradores, o que prejudica os recicladores. “Os moradores deveriam se conscientizar e colocar todo o material reciclável separado, não misturar com o orgânico, esse é o ideal para ter uma cidade limpa”, diz.
A maior parte dos catadores sobrevive somente com os recursos da venda da reciclagem e, segundo Pedra, a colaboração da população é fundamental para esse serviço. “As pessoas têm que ter mais empatia. Melhoraria 100% se todo mundo se conscientizasse de separar todo o material reciclável. A natureza iria agradecer e nós catadores também”, completa. Para a catadora, o caminho passa pela conscientização da comunidade sobre a separação correta dos resíduos. “A gente não pode colocar a culpa no governo, são as pessoas que tem que se reeducar e passar isso para os seus filhos. Então existe uma consciência sobre a separação do lixo que tem que ser mudada na população em geral”, conclui.