“A violência contra a mulher acontece quando muitas vezes ela sequer reconhece que é violência”. Esta foi uma das frases-chave na abertura oficial da programação da Semana da Mulher Montenegrina 2022, ocorrida nesta segunda-feira, 7. Na escola Dr. Jorge Guilherme Moojen o assunto abordado foi “diga não à violência doméstica!”
Cleusa Spinato, delegada responsável pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) do Vale do Caí e presidente do Comdim esteve junto de Carliane Pinheiro, diretora de Assistência Social, em uma conversa com os alunos sobre a prevenção da violência contra a mulher. Cleusa destaca que apenas em 2021, foram registrados 96 casos de violência doméstica ou de gênero no Rio Grande do Sul. “A legislação vai se aperfeiçoando, mas a cultura também precisa ser alterada e nós, infelizmente, temos uma cultura da violência contra a mulher, que é muito banalizada”, ressalta.
A delegada relembra que são muitos os tipos de violência, como física, moral e psicológica. Por isso, um dos objetivos com a conversa é alertar os alunos de que algo pode estar ocorrendo e a melhor opção é a denúncia. “Tudo começa com brincadeirinhas de mau gosto, xingamentos e depois começa a violência psicológica, que é infinitamente grave, porque ela acaba com a auto-estima da mulher”, destaca. Ela explica que esta violência é o controle total da mulher. “É aquela que nota quando a mulher sai e o homem liga mil vezes, se ela não atende, ele manda mensagens e não satisfeito sem respostas vai atrás dela ver se está mesmo onde disse que ia. Isso é violência e todos vocês devem conhecer um caso assim”, argumenta.
Carliane ressalta que se trata de respeito aos próprios limites. Ela afirma que em diversos casos a mulher não consegue sair deste ciclo de violência, muitas vezes por insegurança ou medo de seu agressor. “É muito importante que a gente conheça a lei Maria da Penha e, além disso, que a gente respeite as meninas. Por isso, precisamos estar atentos ao modo de agir de um homem, se ele fala coisas que ferem, se depois começa a dar empurrões e por aí vai”, pontua.
A diretora da escola, Simone Nunes, destaca a relevância do tema em um ato de descentralização da atividade. “O tema deveria ser presente sempre. Mas, se fizermos fortemente essa reflexão em março, podemos diminuir o preconceito até que ele não esteja entre nós. Aquele que é violento, só fica cada vez mais violento, por isso: denunciem”, conclui.
A programação, promovida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, o Comdim, segue nesta terça-feira, 8. Às 9h, ocorre um painel de combate ao feminicídio, atividade da Central Única das Favelas, na Sala da Braskem (Estação da Cultura). Já às 14h, no mesmo local, ocorre outra roda de conversa sobre a Rede de Atenção e prevenção à violência contra a mulher. Às 19h, ocorre a premiação das Mulheres que Transformam, no Clube do Comércio.