Prefeitura, diz que falta de material humano é responsável pelos mais de mil pedidos de intervenções parados
A soma do desgaste natural do asfalto e o movimento intenso de veículos já seriam motivos mais que suficientes para a recuperação de trechos de algumas vias urbanas de Montenegro. Para complicar a situação, as constantes chuvas dos últimos dias têm aumentado ainda mais os buracos, tanto em quantidade quanto em profundidade. Aos condutores que trafegam pelo município, pouco resta a fazer a não ser reduzir a velocidade, desviar das crateras e, é claro, comparecer à oficina mais vezes do que o esperado.
Na rua Dr. Bruno de Andrade, próximo do Posto Charrua, os motoristas precisam reduzir a velocidade por dois motivos; o primeiro por conta da lombada, e o outro, pela quantidade de buracos na via, inclusive no próprio quebra-molas. Mais adianta, no bairro Timbaúva, a realidade não é diferente e requer cuidado redobrado dos motoristas. Em frente a Escola Estadual de Ensino Fundamental Yara Ferraz Gaia, a deterioração do asfalto preocupa quem reside nas proximidades.
“Faz muitos anos que a Prefeitura Municipal vem aqui e dá umas ‘tapeadas’, mas ultimamente nem isso tem sido feito”, conta a professora Luana Matins. “Nossa maior preocupação é com as crianças na saída da escola, já que nesse horário o fluxo de veículos na rua é maior, e com tanto buraco na via, os carros tentam desviar e temos medo que um atropelamento aconteça”, alerta a moradora.
Não são apenas os buracos presentes em algumas vias da cidade que preocupam, a formação de crateras nas calçadas é outro problema cada vez mais recorrente, que tem tirado o sono de pessoas como a doméstica Geneci Lopes, que possui duas enormes erosões na frente de casa, sendo uma delas na entrada da garagem. Para guardar o veículo, ela conta com o suporte de algumas tábuas. “Fazemos isso três vezes durante o dia para poder sair e voltar de casa, não está sendo fácil”, lamenta a moradora da rua 1º de Março, no bairro Santa Rita.
Segunda Geneci, um dos buracos foi feito pela própria prefeitura e deixado aberto. “Isso já tem uns três anos, quando o pessoal da obra veio aqui, mexeu e deixou aberto, sem pedra e sem nada”, disse. “O outro, na entrada da garagem, surgiu há cerca de um mês e aumenta cada vez mais”, desabafa a doméstica que já presenciou um carro ficar preso na cratera.
Longe dali, no bairro Bela Vista, a rua Luis Carlos Severo está quase intransitável e revela a realidade de uma parcela da população
praticamente esquecida pelo poder público. No meio da via, corre água livremente levando o restante do asfalto que sobrou e dificultando a vida de quem vive por lá. “Já faz um ano que não é feito nada aqui, e eu só sei que estou em dia com meus impostos e tenho direito de morar em uma rua onde possa chegar e sair sem quebrar meu carro”, dispara a professora Anete Terezinha Severo.
Há quase um ano, o medo de quebrar o carro na rua esburacada passou a fazer parte da rotina da professora que, assim como Geneci, também corre risco de perde parte do murro por conta de uma erosão que surgiu na frente da casa onde mora. “Esse problema surgiu após um período chuvoso no ano passado”, frisa Anete. “Desde então, ele vem só piorando e daqui uns dias não terei como entrar com o carro dentro de casa, isso é revoltando, ainda mais por se tratar de uma rua no centro da cidade”, completa.
Período chuvoso agrava a situação
Com o desgaste do asfalto, excesso de chuva dos últimos dias e falta de revitalização nas vias urbanas, o problema que antes tratava-se de pequenas fissuras no asfalto, transformou-se em uma grande dor de cabeça para quem transita pelos trechos mais caóticos, como acontece em uma parte da rua Dr. Hans Varelmann. “Por mais cuidado que a gente tenha com o carro, a longo prazo isso acaba estragando o veículo”, lamenta o empresário Alberto Nogueira.
“Tem que ser feito um trabalho de verdade, não adianta tapar buraco se em poucas chuvas volta a acontecer a mesma coisa, é só jogar dinheiro fora”, observa o empresário. “Além de triste, essa situação é revoltante, pois a impressão que temos é que a cidade está largada”, completou.
Falta de material humano é o maior problema, segundo informação da Secretaria Municipal de Viação e Serviços Urbanos (SMVSU). Nas calçadas ou vias urbanas, geralmente as erosões são causadas pelos mesmos motivos: problemas na rede pluvial do município. É o que afirma o secretário municipal de Viação e Serviços Urbanos, Jackson Oliveira dos Santos.
“Por ser antiga ( a rede), acontece muitas vezes de estourar um cano e, com o vazamento de água, acaba surgindo esses buracos, tanto no asfalto quanto na calçada”, explica o secretário, que ainda destaca outro grande desafio da Prefeitura Municipal.
“Nosso departamento está todo equipado e temos todo o material necessário para trabalhar, como os canos que há muito tempo o município queria comprar, mas o grande problema dessa diretoria é a falta de material humano”, revela Santos. “Atualmente, na minha pasta, temos apenas cinco pedreiros para fazer todo o serviço no município, e, infelizmente, não temos condições de atender toda demanda como gostaríamos. ”
Diante da falta de mão de obra e a urgência dos trabalhos de reparação na cidade, o órgão irá terceirizar o serviço. “Logo que o prefeito Kadu assumiu, informou aos secretários que primeiro ele iria pagar as contas do município, depois voltaria a ter credibilidade com os nossos fornecedores [já que estava bem complicado] e, agora, ele nos autorizou a fazer um registro de preço para esse serviço”, informa o secretário.
De acordo com a SMVSU, a previsão é que no prazo de trinta dias o processo de licitação esteja finalizado. “Agora nós iremos procurar as empresas que estiverem interessadas, e se tudo der certo, teremos esse serviço garantido durante um ano”, acrescenta Santos.
Prefeitura realiza operação tapa-buracos nesta semana
Frente a grande demanda do município por serviços de reparação dos buracos presentes nas vias, a Prefeitura Municipal informou que deu início a mais uma operação tapa-buracos nesta semana. Segundo o secretário da SMVSU Jackson Oliveira dos Santos, são mais de mil pedidos de intervenções registrados. “A gente tenta manter um cronograma em cima da lista de espera, considerando que os mais antigos pedidos são sempre nossa prioridade”, detalhe o secretário.