Provocar um riso requer muito mais que uma formação acadêmica e boas técnicas. É preciso ter um dom
Ter uma profissão requer muito mais que boa formação na área em que se deseja atuar. É preciso autoconhecimento e um olhar introspectivo, capaz de enxergar o próprio talento. Dessa forma, nasce o médico, o engenheiro, o dançarino, o ator e a atriz, e entre todos os profissionais, aparecem aqueles que fazem do riso uma filosofia de vida.
Foi entre muitas dúvidas e inúmeros questionamentos que Marcos Guarani, quando ainda adolescente, chegou a uma certeza: que a arte era algo necessário e fundamental em sua caminhada. O seu primeiro contato com produções artísticas foi durante uma peça teatral na escola, quando tinha apenas 14 anos, no ano de 1997. Na ocasião, Guarani se reconheceu na arte cênica e descobriu que “ser feliz é fazer escolhas”, e optou por fazer dos palcos seu local de trabalho.
Formado em Teatro pela primeira turma da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, em Montenegro, hoje o artista coleciona histórias sobre tudo que já viveu como ator, dançarino, cantor, malabarista, entre tantas outras expressões artísticas que se somaram durante os últimos anos. Quando questionado sobre o que significa trabalhar com a comédia, sem demora, ele responde que “sem humor, não há amor”, declarando ser apaixonado por tudo que faz, principalmente quando se trata de comicidade.
Entre os trabalhos que ele realiza, está a palhaçaria. No palco dos teatros, nas ruas, nas calçadas ou em escolas, segundo ele, é sempre uma satisfação levar um pouco de alegria para quem quer que seja. Nesse meio, trabalhar com humor é sinônimo de realização profissional e pessoal. “Tudo é uma questão de escolhas e, dessa mesma forma, tudo requer um esforço, um sacrifício e, consequentemente, um resultado”, diz Guarani.
Para a bailarina e professora de teatro Suzana Shoellkopf, fazer as pessoas sorrirem sempre foi algo natural para ela, que não vê problema em mostrar que a felicidade e a leveza têm cara. “Infelizmente, a sociedade associa o riso com a falta de maturidade, com algo descompromissado, o que não é verdade”. Para lidar com isso, entre o meio artístico e o cotidiano, a professora, de jeito espontâneo, destaca que a adequação aos diferentes ambientes é o caminho. “Somos todos atores do cotidiano”, declara.
A atriz e professora de teatro Janaína Kremer, compreende o ato de sorrir como uma prática agregadora, no sentido de comunhão entre as pessoas. “Como atriz, nas vezes em que eu fiz humor, que eu trabalhei buscando esse objetivo de fazer rir e consegui, tanto como professora quanto na vida, é um momento que a gente comunga de alguma coisa, ou seja, nós estamos juntos, compartilhando dessa felicidade”, conta. “Para mim, provocar a risada é prazeroso”.
A arte pela arte
Embora o artista Marcos Guarani seja apaixonado por tudo que vem desse meio, seja na pele de palhaço, cantor ou dançarino, ele critica a forma como a sociedade consome a arte. “É mais comum as pessoas consumirem arte quando se trata de algo didático, funcional, como o palhaço que ensina as crianças sobre determinada coisa”, explica.
“Quando dissociamos a arte dessa ideia pedagógica e olhamos para ela com um sentido mais profundo, criamos um novo sentido e compreendemos a importância dela para nossa vida”, esclarece Guarani. “As consequências disso, quando não temos essa compreensão, é da arte sempre ter que provar para que serve”, conclui.
A graça de rir de si mesmo
Para o artista Marcos Guarani, os brasileiros e brasileiras têm por particularidade um jeito mais divertido de viver o cotidiano, onde o humor acontece involuntariamente, de forma orgânica, o que faz dele um palhaço nato. “Ser palhaço é viver a verdade e expor para os outros nosso ridículo”, comenta.
“A essência do humor é fazer as pessoas rirem do que você proporciona para elas, sem zombar dos outros, caso contrário, isso não é a comédia essencial. As pessoas têm que achar engraçadas as minhas expressões, o que eu faço e, nesse momento, enxergar no palhaço o seu próprio ridículo”, explica o artista.
Atualmente, na indústria do entretenimento, a comédia stand-up (show de humor) se popularizou no Brasil, ganhando muitos admiradores. Com piadas de situações do cotidiano, esse modelo de espetáculo tem se tornado alvo de muitas críticas por ter no repertório muitas piadas machistas, homofóbicas e racistas.
Apesar dessa presença expressiva do humor ofensivo, o ator Guarani conta que o cenário já foi bem pior, ressaltando que as expectativas são positivas quanto a isso. “Hoje existe um cuidado maior com aquilo que é dito no palco, mas eu não concordo com o humor a qualquer custo, porque tem graça que é muito cara para algumas pessoas. O gordo nem sempre é gordo porque quer, assim como o careca e o anão, mas todo mundo é livre para fazer o que quiser, levando em conta as consequências”, explica.
Na direção contrária a esse tipo de espetáculo está o humor crítico. Para a professora e atriz Nina Picoli, a comédia ganha uma nova roupagem quando assume um papel de despertar na plateia um olhar mais analítico, além do riso. “Quando fazemos humor com criticidade, nós, atores e atrizes, nos tornaram agente de alguma coisa”, declara Picoli.
Sorrir é o melhor remédio
Sorrir faz bem para a saúde física e mental, ajudando a combater o estresse e contribuindo para o convívio social. Além de contagiar o ambiente de forma positiva, uma boa risada tem inúmeros benefícios, já que proporciona a liberação de endorfina, substância responsável pela a sensação de bem-estar e conforto.
Com base em pesquisas cientificas, conheça os 10 principais motivos para cultivar o riso durante o dia a aproveitar a vida de maneira mais leve e feliz:
– protege o coração;
– reduz o estresse;
– fortalece o sistema imunológico;
– aumenta a autoestima;
– diminui a dor e melhora o humor;
– diminui a pressão arterial;
– controla o colesterol e a diabetes;
– melhora a digestão;
– combate as rugas;
– emagrece.
