Cálculo do Dieese indica que, já em março de 2018, o mínimo deveria ser de R$ 3,7 mil para cobrir as necessidades básicas
O governo propôs um salário mínimo de R$ 1.002,00 para 2019. Em comparação ao salário atual (R$ 954,00), o aumento é de 5,03%. Caso seja aprovado no Congresso, o novo valor passará a valer em janeiro do ano que vem com primeiro pagamento em fevereiro. Lembrando que, pela legislação, o governo deve enviar o projeto até 15 de abril de cada ano para que a pauta não seja trancada.
Essa é a primeira vez que o salário mínimo ultrapassará R$ 1 mil no país. O valor consta do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018. Contudo, esse reajuste ainda poderá ser revisto caso a inflação deste ano tenha alteração. Ela é a base para o cálculo da correção. É levado em conta ainda o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), mais o aumento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes (no caso, 2017).
De acordo com a montenegrina Iana Daiane Steigleder, 30 anos, aumento de salário é sempre bom. O problema, de acordo com a funcionária estadual, é que ele nunca vem sozinho. “E é aí que mora o problema. A bonificação aumenta um pouco, e outras coisas aumentam muito. Mercado, farmácia, gasolina, escola dos filhos, transporte, tudo aumenta. As pessoas não conseguem mais sequer guardar dinheiro”, destaca.
Iana ainda explica que as pessoas vão sendo iludidas com esses acréscimos, mas na verdade eles nunca são suficientes para cobrir os gastos – que também alteram. Ela, que mora com a filha e o marido, autônomo, acredita que a mudança de 5%, caso se mantenha, não impactará significativamente em sua vida financeira.
Também Aline Fernandes, 29 anos, defende que não adianta um salário de R$ 1.002,00 se produtos e serviços encarecerem. Trabalhando com publicidade, afirma que recebe em torno de R$ 1 mil por mês. Mãe de dois filhos relata que um salário mínimo é pouco para quem gerencia uma família e tem despesas como aluguel, água e luz. “Fora as roupas e remédios que as crianças precisam. Acho que esse valor deveria ser no mínimo de R$ 1.500,00”, pontua.
E Aline está mesmo certa. O salário mínimo, para satisfazer as necessidades de consumo da população, deveria girar em torno de R$ 3706, 44. A constatação é do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). O cálculo, que feito pelo Departamento no mês de março, aponta um valor três vezes maior que os R$ 954,00, mínimo atual.
Saiba mais
O mínimo deve ser corrigido pela inflação do ano anterior medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais a variação do PIB de dois anos anteriores.
Em 2017, o PIB cresceu 1%. Para a estimativa de inflação, o governo considerou a previsão de 4% para o índice de inflação que consta do Boletim Focus, pesquisa com mais de 100 instituições financeiras divulgada toda semana pelo Banco Central.