Os “briques” se multiplicam nas redes e têm se popularizado nos últimos anos
Assim como muitos aspectos de nossa vida, as relações de compra e venda passaram por transformações nessa era digital. Lojas têm lucrado mais nas vendas pela internet do que nas unidades físicas e, pelas redes sociais, os “briques” estão cada vez mais populares. Por um lado, acabam sendo opção para quem busca preços mais baixos; por outro, são um meio gratuito e prático de venda para quem quer se livrar de algum item que, em casa, já não tem mais utilidade.
No Facebook, existem várias páginas do tipo, recheadas de ofertas. “Tá pra Brique Montenegro”, “Briqueiro Montenegrino” e uns três ou quatro “Brique Montenegro” estão entre os mais populares na região. Há alguns só dos municípios vizinhos; outros que englobam toda a Região Metropolitana; e tem até os que são segmentados, como o “Brique Carros” e o “Brique Roteadores”.
Nessas páginas, há produtos para todos os gostos, necessidades e possibilidades. “Troco por roçadeira, pego dinheiro ou betoneira. Aceito propostas”, foi o que escreveu um dos “briqueiros” no anúncio da venda de seu carro ontem, dia 14. Além de veículos, há celulares usados, roupas, videogames, móveis, terrenos e muitos aparelhos de ginástica já não usados por seus donos originais.
Nessa onda da busca por uma grana extra em cima de algo já sem utilidade, o anúncio mais recente da auxiliar administrativa Caliandra Oliveira é de uma secadora. Na postagem, ela explica que o equipamento é do irmão, que mudou-se para outra casa e já não tem espaço na lavanderia para colocar o item. A opção foi a venda “bricada”.
“Eu uso o brique desde que iniciou o Facebook. Acho bem interessante”, conta Caliandra. “Tu não tem gasto para vender e não precisa mais estar se deslocando para botar as coisas à venda em algum brique físico, tipo brechós e lojas de móveis usados. Essas funções de brique facilitaram a vida de todo mundo pela questão da negociação.”
Moradora da localidade de Vendinha, a usuária destaca que, na plataforma, vendedor e comprador podem conversar diretamente, mostrando imagens do produto e negociando valores. A dica para quem quer vender é caprichar nas fotografias do item. O visual conta muito para qualquer consumidor e é importante ter mais de uma imagem.
É PRECISO CUIDADO
“Vai ter sempre aquela pessoa que é mais confiável e aquela que é menos confiável”, salienta Caliandra sobre o uso dos briques. Com bastante experiência nas compras, vendas e trocas na rede social, ela criou regras próprias para garantir a segurança da operação. Na plataforma, afinal, não há nenhuma entidade que controle o que ocorre; e de nada vai adiantar ir procurar o Facebook caso aconteça algum problema. Fique atento!
Sua dica número 1 é só aceitar pagamento à vista, evitando os transtornos de abrir uma dívida e, depois, não receber. Para garantir que não fique segurando o produto para um interessado que, posteriormente, desista da aquisição, Caliandra também instituiu que a venda só é fechada com o pagamento de metade do valor e com o restante sendo quitado já no momento da retirada.
Quem também tem essa preocupação com a segurança nos briques é a empresária Schanacris Gehlen. Usuária assídua da plataforma, ela está com um tablet para vender, pois o comprou no impulso há alguns meses e já não estava usando o aparelho. “Tava parado em casa. Então vamos vender, que é sempre um dinheirinho a mais que entra”, coloca.
Para evitar problemas, Schanacris faz uma pesquisa no perfil da pessoa interessada na compra. “A gente conversa antes e sempre olha o histórico para ver se, mais ou menos, é uma pessoa conhecida em Montenegro”, aponta. “Aí que a gente negocia.”
O ideal nessas operações é sempre encontrar compradores ou vendedores em lugares públicos, sem trazer risco. Isso nem sempre é uma possibilidade, no entanto, quando se trata de eletrodomésticos grandes e que precisam ser devidamente testados antes de finalizada a operação.
Caliandra indica que é preciso pensar bem nessa situação: se levar a pessoa em casa; ou ir na casa dela, o ideal é que se esteja acompanhado. “Se está botando à venda, tu sabe que vai se encontrar com a pessoa. Então, tem que preparar como vai fazer isso”, alerta. “Pode botar uma extensão e deixar a pessoa testar sem entrar”, exemplifica. Em casos assim, por vezes, o risco é maior do que o desconto do produto “bricado”.
Sites especializados também são opção
Fora das redes sociais, existem sites especializados em compra e venda que podem oferecer uma segurança extra nesse tipo de operação. Eles acabam facilitando as transações, com a entrega e o pagamento. São mais indicados, por exemplo, para os casos em que o vendedor ou o comprador é de lugares distantes. Conheça alguns:
ENJOEI – O site objetiva que os usuários se desfaçam de itens que “enjoaram”. A plataforma oferece um filtro por produtos e também por marcas e está disponível para smartphones. Há cobrança de comissão.
MERCADO LIVRE – Bastante conhecido, o site possibilita o anúncio de pessoas físicas e também de empresas. Com método próprio de pagamento, o vendedor só recebe o valor depois que o comprador estiver com o produto em mãos. A plataforma também está disponível para smartphones e não cobra taxas.
OLX – O site é dividido por categorias e permite anunciar produtos e serviços. A negociação é feita diretamente entre os usuários por meio de um chat. É possível utilizar filtros de região e preço mínimo e máximo desejado. Disponível para smartphones e sem taxas.
POPSY – Aplicativo exclusivo de smartphones, ele permite automatizar o processo de venda, com informações como descrição e categoria preenchidas automaticamente a partir da foto do produto. Não há cobrança de taxas.