Item ainda pouco conhecido tem ciclo mais curto e já começa a nascer no início do mês de março
A safra da bergamota pode ainda não ter começado oficialmente, mas já tem fruta nascida em Montenegro e região saindo dos pomares e sendo consumida por muitos, Brasil afora. E a primeira variedade a ser comercializada por aqui é uma ainda pouco conhecida pelo público em geral. É a bergamota “japonesa”, que, desde o início do mês, está sendo colhida e já exportada para fora do Estado.
Um dos produtores da “japa” é o citricultor Márcio Luciano de Mello, que tem produção na localidade de Faxinal. Após anos de experiência com a bergamota, em geral, ele introduziu a variedade em 2004 e diz ser um dos pioneiros da região com esse plantio.
Como o nome evidencia, a “japonesa” foi obtida, pela primeira vez, no Japão. De nome com pronúncia complicada – Okitsu -, ela é resultado de uma polinização controlada feita nos anos 40. Especialistas divergem sobre quando ela chegou ao Brasil, mas, atualmente, ela está bastante espalhada pelo país e outros da América do Sul.
No Faxinal, Márcio mostra que a fruta é sem sementes. Nas árvores, as folhas mais largas evidenciam a diferença da caí, da pareci ou da montenegrina, por exemplo. “Ela tem a florada junto com as demais, na Primavera, mas cresce mais rápido. A colheita também é mais curta. Vai até o final de abril”, conta o citricultor. Outra vantagem da japonesa é que ela tem boa resistência ao cancro cítrico, uma das principais pragas da região.
Pegando pouco frio durante seu desenvolvimento, essa bergamota não chega a ficar do tom alaranjado ao qual estamos acostumados para a fruta. Ela é colhida verdinha, um pouco amarelada, mas ainda saborosa. Márcio vende a maioria da colheita para fora, em estados como São Paulo, Santa Catarina e Paraná, e diz que encontra boa clientela para o fruto.
Expectativa de boa produção
A propriedade de Márcio, no Faxinal, pretende um incremento de 20% na produção, em comparação com o ano passado. Os novos pomares começam a produzir neste ano e, por isso, a expectativa é alta. Olhando o panorama geral, não é diferente.
Em todo o Vale do Caí, a estimativa é de uma colheita de 51 mil toneladas de laranja, 110 mil toneladas de bergamota e 10 mil toneladas de limões. “A qualidade das frutas também está muito boa até o momento”, adiciona o assistente técnico regional da Emater, Derli Paulo Bonine. “Estão com grande teor de suco, o que faz prever que teremos laranjas e bergamotas bem suculentas e saborosas.”
O presidente da Associação Montenegrina de Fruticultores, Fabiano Ost, adiciona que as chuvas regulares têm contribuído para o bom desenvolvimento dos pomares. Ele explica que, aliada à adubação, a intensificação das podas, com a retirada de maior quantidade de galhos, possibilita um fruto maior e mais competitivo aos citricultores do Município. “Não existe nenhum outro estado que produza uma fruta com a cor e o sabor da nossa”, elogia.
Em questão de preços, Bonine, da Emater, diz que ainda não há condições de avaliar o comportamento, visto que a safra só começa a ganhar corpo, de fato, a partir do mês de maio. Mas o ano não começou sem desafios aos produtores. Como noticiou o Ibiá ao mês passado, o valor pago pela bergamotinha verde – que é proveniente do processo de raleio nos pomares – foi abaixo do esperado e, para muitos, deixou de ser opção viável. Cada tonelada teve o preço fixado em torno dos R$ 172,00.
Abertura oficial
O evento de abertura da safra de bergamota está marcado para o dia 24 de maio. Ele ocorre na localidade de Santos Reis, na propriedade da família Kauer