Programa “Alegria na calçada” promove visitas especiais com informações e leveza
Ao chegar perto da casa a ser visitada, a doutora Ránchpêgamôt estende para fora do veículo sua caixa de som para dar o aviso: aquela não é uma visita comum. Junto com a assistente social Jaqueline Gauer Wollmann e a psicóloga Thais Regina da Cruz, a personagem interpretada pela professora de Teatro Cândida Kerber, a Tuti, está visitando idosos do interior de Maratá para levar alegria e informação durante a pandemia do novo coronavírus. A ação é parte do programa “Alegria na calçada”, desenvolvido pelo Centro de Referência em Assistência Social (Cras).
As visitas iniciam com uma conversa para saber como estão os ocupantes da residência, depois é a vez da doutora Ránchpêgamôt aumentar o volume da sua caixa de som e colocar todos para dançar e propor um desafio: que a dança torne-se um hábito àqueles que receberam a visita. Por fim, é entregue aos moradores uma mensagem, dicas de como encarar a pandemia e também barras de cereais para lembrá-los da necessidade de manterem uma alimentação saudável.
Na última quinta-feira, dia 20, a equipe realizou visita a 20 famílias das localidades de Linha Pimenta, Linha Fries e Esperança. Dias antes, 18 residências da comunidade de Boa Esperança haviam recebido o grupo. “Gostei da visita”, garantiu Dulce Schütz, 79 anos. Moradora da Linha Pimenta, ela afirmou à equipe do Cras que está bem e respeitando as regras de distanciamento social. “Já estava acostumada a ficar em casa por causa da minha saúde”, contou. Durante a visita, Dulce aproveitou para rememorar os passeios e atividades feitos pelo grupo de idosos do Cras antes da chegada da pandemia.
Quem também recebeu o grupo na quinta-feira foi Maria Glaci Lunkes, 61 anos. Dizendo estar bem, ela explicou que tem ficado por sua casa e na sua roça. No máximo, faz visita aos vizinhos, mas sem sair da comunidade. “Me mantenho ocupada trabalhando”, afirmou. Além disso, ela conta com a companhia da cadela Meg – que também fez questão de participar da atividade proposta pelo Cras – e outros animais de estimação. “Gostei da visita, achei bem agradável”, comentou ao falar sobre o projeto “Alegria na calçada”.
Para Dalia Jacinta e Erno José Schons, 65 e 69 anos, respectivamente, a visita do grupo do Cras serviu para alegrar ainda mais o dia. O casal relatou sentir falta de visitar amigos e que está ansioso para reencontrá-los, mas que, enquanto for necessário, manterá os cuidados para evitar um possível contato com o novo coronavírus. Instigados pela doutora Ránchpêgamôt, Dalia e Erno gostaram da ideia de dançar em casa para afastar qualquer sinal de tristeza, sugestão essa que foi dada como “tema de casa” pela personagem.
Ideia é não perder o vínculo com a comunidade
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, os idosos do Município já vinham recebendo acompanhamento. A ideia do “Alegria na calçada” surgiu para que o vínculo entre comunidade atendida e Cras não se perdesse. “A receptividade foi muito boa. Eles gostaram muito de receber a visita, de a gente estar indo até a casa deles”, destacou a secretária de Habitação e Assistência Social de Maratá, Gládis Teresinha Stein.
Segundo Gládis, a ideia é, num primeiro momento, realizar visitas aos idosos para depois contemplar outros grupos atendidos pelo Cras, como o de pessoas com necessidades especiais.
A assistente social Jaqueline disse que é gratificante chegar às casas e ver a receptividade das pessoas. Vale destacar que as visitas são agendadas por meio de ligação da secretaria municipal de Habitação e Assistência Social e que o grupo que realiza a ação transita num carro oficial da Prefeitura devidamente identificado.
Sorrir para os males espantar
Criadora e intérprete da personagem Ránchpêgamôt, Tuti destacou que o programa pretende ir além de ser uma simples visita. O perguntar como as pessoas estão, lhes dar atenção, propor um momento de dança e as brincadeiras feitas também chegam como um alívio para a saúde mental. “A pessoa se diverte e esquece um pouco toda essa pressão que a pandemia causa”, pontuou.
A professora de teatro reforçou, ainda, a importância do riso em momentos de tensão. “O sorriso vem para aliviar, vem para desopilar e para te incentivar a ter pensamentos positivos”, comentou. Assim, além de saber como estão as pessoas visitadas, o programa busca também lembrá-las de como é bom dar risada.
Tuti explicou, também, que sua personagem e o programa “Alegria na calçada” foram inspirados num projeto desenvolvido no Vale do Taquari por um professor de Educação Física amigo seu. “Quando surgiu a pandemia, a gente (equipe do Cras) percebeu que as pessoas sentiram muito a falta de estar conosco, e nós com eles. Baseadas um pouco nesse trabalho do meu colega, nós adaptamos para esse projeto (o “Alegria na calçada”)”, afirmou.