Enfrentamos tempos difíceis no convívio em sociedade. Com a chegada da era tecnológica e das redes sociais, a disseminação dos nossos pensamentos e reações passou a ser mais rápida para uma quantidade maior de pessoas. Parece que escrever sobre os nossas idéias se tornou mais fácil do que falar. E para algumas pessoas é.
O problema é que, nesse processo, muitas vezes falta o essencial: respeito a pontos de vista diferentes. Qualquer não concordância acaba virando agressão e troca de ofensas. Segundo os cientistas sociais, a distância entre quem escreve e quem lê facilita este tipo de comportamento. As pessoas não se veem, não dialogam pessoalmente e adotam posturas diferentes daquelas que teriam numa conversa olho no olho.
No início do ano passado, a Rede Globo lançou o projeto “Movido a Respeito”, juntamente com o Instituto Rodrigo Mendes. O objetivo é buscar a inclusão e uma mudança de atitude da sociedade quando se trata do tema deficiência. O projeto rendeu grandes e inéditas premiações à empresa. No entanto, a maior premiação é o resultado na vida das pessoas.
“Respeito, para nós, seres humanos, significa olharmos com deferência e consideração para alguém, algo muito importante na vida de todas as sociedades humanas. O respeito é importante porque nos coloca em sintonia uns com os outros a partir daquilo que nos diferencia”, define Clóvis Vitor Gedrat, professor de Filosofia, Antropologia e Ética e coordenador dos cursos de bacharelado e licenciatura em Filosofia na Unisinos.
Segundo Gedrat, na sociedade atual, o que no passado era ensinado como sendo respeito não é exatamente o mesmo que hoje, numa sociedade caracterizada pela velocidade e pelas mudanças rápidas. Aliás, velocidade e mudanças são valores bastante fortes no mundo atual. “Se, no passado, o respeito estava atrelado à idade, ao cargo ocupado ou à instituição, no presente vemos que já não são os princípios que norteiam as gerações mais jovens. Isso, no entanto, não significa que haja falta de respeito, simplesmente que este surge de valores diferentes do passado”, acrescenta o professor.
Todas as gerações, em todos os lugares, olharam o respeito ao outro ser humano como norteador para que as relações interpessoais ocorressem com valorização da dignidade de cada um. “A falta de respeito pelo outro, pelo próximo, sempre houve e sempre foi denunciada por grupos e pessoas que sentiam falta desse importante componente na vida humana. Por isso, hoje em dia, não é diferente de antigamente, somente que a velocidade das informações e da comunicação nos coloca a par de denúncias e de atitudes desrespeitosas”, sublinha Gedrat.
Então o respeito mudou? “Não, não mudou. O que mudou é o fato de que no mundo atual as relações interpessoais precisam respeitar opiniões pessoais, que chamamos de subjetivas, ou seja, um jeito diferente de ver o olhar para o próximo”, conclui o professor de Filosofia.
Andrei Rodrigo de Oliveira, 23 anos, correspondente bancário
O respeito, em minha opinião, é algo que vem de berço e, conforme vamos crescendo, ele vai sendo aperfeiçoado. Desde criança, começamos a respeitar os mais velhos, a hora de comer e a hora de brincar. O respeito já está no nosso dia a dia, pois fez parte da nossa construção como pessoa. Porém, sempre que encontramos algo diferente do nosso gosto pessoal, ou o que acreditamos ser o melhor, parece que é mais difícil mantê-lo. Como convivemos com várias pessoas, temos opiniões diferentes e, a meu ver, ninguém é obrigado a aceitar as diferenças, mas, sim, a respeitá-las. Entendo que o respeito é uma base para qualquer situação.
Júlia Bartzen Willers, 28 anos, professora
O respeito é fundamental e deve sempre existir para que as relações sejam saudáveis, mas desde que as pessoas entendam o que norteia esse valor. Priorizar a empatia, sabendo que cada pessoa tem uma história de vida que deve ser levada em conta, nos colocando constantemente no lugar dos outros para entender o que acontece. Além disso, a tolerância faz com que tenhamos nossos espaços e existências preservados. Quando consigo exercer a tolerância, deixo claro o respeito que tenho pelos outros e que isso irá retornar pra mim da mesma maneira. Respeito é oferecer aos outros a mesma coisa que queremos pra nós.
Luana Alflen, 25 anos, fotógrafa
Entendo que o respeito é ter consideração, admiração e tolerância com outra pessoa. No meu dia a dia, coloco em prática a partir de quando aceito que cada um tem o direito de ter a sua opinião, ou quando simplesmente recebo ordens da minha mãe, por exemplo. Assim, em respeito a ela, cumpro suas ordens.