Três décadas atrás, no dia 5 de março de 1988, nascia o grupo Renascença Companhia de Teatro. Hoje, a marca idealizada e criada por Everton Santos, de 47 anos, completa 30 anos. O montenegrino conta que tudo começou para incentivar a arte cênica na cidade. “Aconteceram grandes movimentos antes do Renascença, porém, naquela época, na década de 80, essa arte estava em baixa por aqui”, lembra.
Com a criação do Renascença, o movimento do teatro voltou a fazer parte do calendário cultural do Vale do Caí, contribuindo para o fomento da arte na região. O grupo foi formado por estudantes e ex-alunos do Ensino Médio, com o objetivo de construir e produzir seus próprios espetáculos e com a meta da profissionalização, incentivando a formação técnica e acadêmica dos seus integrantes na arte teatral. ”Estreamos com o espetáculo ‘Pialo de Sangue’, peça inspirada na música homônima do compositor Raul Elwanger”, diz. Três meses depois, surgiu o primeiro grande evento do Renascença, o Festival Estadual de Teatro de Novo Hamburgo, no qual apresentaram a comédia “A Família Birolha”, peça convidada para a abertura das atividades.
Para Everton, o que destaca o Renascença é a sua preocupação com a formação do ator. “Ao longo do tempo, o grupo foi elaborando a sua própria linguagem de teatro, fundamentada no trabalho do ator a partir de sua prática autoral”, observa. Os processos de construção estética buscam o diálogo entre a forma de atuar e o olhar do espectador, compreendendo o teatro como arte de todas as camadas sociais e como meio de transformação.
Formada atualmente por estudantes, universitários e professores de teatro, a equipe realiza treinamentos sistemáticos de investigação dos recursos corporais e leva tudo isso para dentro das escolas de ensino público. “Hoje temos um envolvimento muito grande de estudantes do Aeroclube, Germano Henke e Esperança. Realizamos os ensaios semanalmente na Promorar e o surpreendente é a participação ativa dos pais também”, diz. Esse programa, chamado de Núcleo Experimental de Formação de Jovens Atores, é realizado pensando na nova geração, que definirá o futuro do teatro no Renascença e em Montenegro.
Ao todo, já foram mais de 50 montagens, sem estimativa da quantia exata dos espectadores. Doze das peças produzidas foram premiadas em alguma disputa: “Memórias Ocultas”, “Introspecção Brasil”, “Casinha Pequeninha”, “Réquiem”, “Milleniun”, “Dogma”, “O Senhor das Almas”, “Coisa de Criança”, “Ana Coragem”, “Os Descasados”, “Caminhos” e “Um Pistoleiro Cabra da Peste”.
Marcando presença nos eventos e somando conquistas
O Renascença é conhecido também fora do Brasil. Eles já foram convidados para participar de alguns eventos de nível internacional, como o Fórum Social Mundial de 2010, em Porto Alegre. Para Everton, as participações em eventos nacionais e internacionais trouxeram o reconhecimento artístico. “É bacana ver o acolhimento que recebemos, tanto aqui quanto nas outras cidades. Nos dez primeiros anos, isso não acontecia, mas recebendo convites e podendo desenvolver esses projetos aqui em Montenegro, nos sentimos realizados como artistas”, afirma.
No 4º Perimetral Festival Internacional de Teatro do Uruguai, em 2011, 10 países da América Latina foram representadas e lá estava o Renascença em nome do Brasil. “Essa participação foi inesquecível. Nossa apresentação foi a única em que todo o público aplaudiu de pé. Com certeza, foi um dos momentos mais marcantes da nossa história”, lembra. Em 2015, eles também representaram o país no Festival Internacional de Teatro Comunitário, o 29º Entepola, no Chile, com direito a 3 mil espectadores na apresentação.
Trabalhos em andamento
Atualmente, o Renascença trabalha em diversos projetos. Em suas apresentações o grupo está mostrando o espetáculo “Caminhos”, premiado em Uruguaiana ano passado. “Um pistoleiro cabra da peste” e “Detetive Fragoso – contação de histórias” também estão em circulação.