Saúde. Especialidade deixou de ser ofertada e a espera deverá aumentar
O Hospital Montenegro 100% SUS não conta mais com a especialidade médica de Otorrinolaringologia – que trata doenças que acometem a orelha, o nariz e a garganta. A informação foi transmitida pelo médico otorrino Gustavo Faller, que até recentemente atendia na instituição pacientes de Montenegro e de toda a região. A casa de saúde, que é referência para 14 cidades do Vale do Caí, confirma a informação.
A explicação está na redução de recursos vindos do Estado. Quando foi assinado o aditivo do contrato entre HM e Estado do RS em 2017, os pagamentos de prestação de serviços já tinham sofrido um corte, que não chegou, naquele momento, a encerrar nenhuma especialidade. Já em 2018, quando houve nova redução nos valores, o HM encerrou a especialidade de otorrinolaringologia por não haver recursos necessários para manutenção.
Segundo o otorrinolaringologista Gustavo Faller, eram oferecidas 60 consultas mensais, o que já não atendia a demanda total. “A fila já era muito longa. Para consulta, podia chegar a dois anos. E o mais sério é que para realizar as cirurgias eletivas a espera podia chegar a quatro anos”, detalha Faller, salientando que os procedimentos de urgência não esperavam esse período, passando na frente. Agora a situação tende a se agravar. “Se a fila já era longa antes, com cirurgias feitas aqui no HM, agora dependerão de ir para Porto Alegre o que, obviamente, tornará a espera ainda maior”, lamenta o médico.
A especialidade teve os serviços encerrados na segunda quinzena de abril. Apesar de circular a informação de que outras áreas estariam para também ser encerradas, a direção do HM nega. Garante que o Hospital Montenegro seguirá ofertando 13 especialidades médicas — cirurgia geral, cirurgia vascular, cardiologia, oftalmologia, hematologia, bucomaxilofacial, cirurgia ginecológica, reumatologia (sem médico no momento), gastroenterologia, neurocirurgia, dermatologia, urologia, traumatologia, além de fisioterapia e fonoaudiologia —, a menos, é claro, que os repasses estaduais sofram nova queda.
“A princípio, não existe outra previsão de corte de especialidade, porém caso os pagamentos do Estado não sejam cumpridos, os profissionais podem vir a suspender temporariamente os atendimentos”, diz Calos Batista, diretor Administrativo do HM. Atualmente, o valor pago como incentivo estadual está com um mês de atraso, estando em aberto repasse referente a abril de 2018, no valor de R$ 1.827.050,00, com previsão de pagamento no último dia útil do mês de junho.