Rede de Proteção encoraja mulheres a denunciarem os abusos sofridos

NÚMEROS que assustam. Informação é usada como ferramenta no combate a Violência Doméstica

Em janeiro deste ano, o número de Feminicídios cresceu 330% no Rio Grande do Sul, na comparação com o mesmo mês de 2019. O ano começou violento para as gaúchas. Sabendo disso, e que os registros poderiam ser ainda maiores, a Rede de Proteção às Vítimas de Violência Doméstica, de Montenegro, usa a informação como instrumento para que as mulheres sintam-se “empoderadas” para romper com o ciclo de abusos sofridos dentro de seus próprios lares.

Nessa quinta-feira, 5, uma mesa de debates tratou sobre o tema Violência Doméstica, Feminicídio, e Prevenção. O evento integra as atividades da Semana da Mulher Montenegrina e foi realizado no auditório da Central de Polícia do Vale do Caí.

À frente das discussões estiveram a juíza Priscila Gomes Palmeiro, a delegada Cleusa Spinato, responsável pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), e a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim), Carliane Pinheiro, a Kaká. Membros da Rede, incluindo o coordenador da Cúfa Montenegro, Rogério Santos, e demais convidados integraram a plateia.

A mesa foi composta pela juíza Priscila Gomes Palmeiro, pela delegada Cleusa Spinato e pela presidente do Comdim, Carliane Pinheiro (Kaká)

Kaká salientou a importância do diálogo sobre o tema da violência e explicou aos presentes como funciona a Rede de Proteção formatada em Montenegro. “Os números são assustadores, mas quantas serão aquelas que não denunciam?”, questiona a ativista social. Na busca por esclarecer dúvidas e encorajar mais mulheres a acabaren com o próprio sofrimento, as reuniões da Rede são realizadas de forma descentralizada. O objetivo é conhecer mais sobre a realidade da violência em cada comunidade do município e promover a aproximação com possíveis vítimas.

Durante o evento, Kaká acrescentou que as ações ocorrem ao longo de todos os meses do ano, com palestras em escolas e empresas, oficinas e variadas ações voltadas ao combate à violência doméstica, incluindo conversas com homens. A intenção é fazê-los entender o que lhes causa reações violentas e tentar aprender a controlar esses instintos.

Questionário de Risco auxilia judiciário
Em sua fala, a juíza Priscila Gomes Palmeiro destacou a importância do chamado Questionário de Risco, o qual é entregue às mulheres que chegam às delegacias para registrar boletins de ocorrência por violência doméstica. Nele, elas respondem a perguntas que auxiliam o trabalho da juíza na hora de definir, por exemplo, se há necessidade de emitir Medida Protetiva de Afastamento do autor da agressão ou, ainda, encaminhar o caso para acompanhamento da Patrulha Maria da Penha.

A magistrada também apontou a necessidade de ampliar o diálogo sobre as leis e ressaltou a importância da Lei Maria da Penha, a criminalização do Feminicídio e das demais normas que visam dar maior segurança ao sexo feminino. “A lei precisa ser discutida, precisamos identificar os casos mais graves e agir para evitar novas mortes”, disse a magistrada.

“A gente ainda tem muito para fazer, os números nos dizem”
“A violência contra a mulher acontece todos os dias. Temos que enfrentar essa violência e encorajar as mulheres a denunciarem”, enfatizou a delegada Cleusa Spinato.

Com a experiência de quase 21 anos na Polícia Civil, a delegada reconhece os avanços na área de promoção à segurança das mulheres, mas ressalta que ainda há muito para ser alcançado. “A gente ainda tem muito para fazer, os números nos dizem isso”, afirma Cleusa.

Em relação ao Dia Internacional da Mulher, instituído na data de 8 de março, a delegada é taxativa: “Não é uma data de comemoração. É de luta”, conclui.

Violência Doméstica no RS em 2019
Vítimas de Feminicídio 97
Tentativas de Feminicídio 359
Ameaças 37.381
Lesão Corporal 20.889
Estupro 1.714

Violência Doméstica RS em janeiro de 2020

Vítimas de Feminicídio 10
Tentativas de Feminicídio 32
Ameaças 3.359
Lesão Corporal 2.083
Estupro 134

Registros da DEAM Vale do Caí

Crimes mês de referência: janeiro 2019 2020
Lesão Corporal 34 41
Vias de Fato 4 22
Perturbação da Tranquilidade 7 11

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