Descida no paredão, de 30 metros, foi oferecida pela equipe de uma agência de turismo do Caí no fim de semana
Durante o final de semana, a adrenalina tomou conta da Cascata Vitória, em Maratá. Houve sessões de rapel, com pessoas descendo os 30 metros do paredão, ao lado da queda d’água. A iniciativa partiu da agência de turismo caiense Trip Trilha, que se inseriu no mercado da região há mais de um ano, oferecendo pacotes de ecoturismo. A descida custava R$ 40,00 por pessoa.
Já no sábado, quando os trabalhos começaram às 14h, a montenegrina Carina Boesing aguardava ansiosa pela experiência. Foi sua primeira vez no rapel. “Eu gosto muito desse tipo de aventura”, conta. Apesar de ser iniciante na descida, a servidora pública revela que gosta de esportes radicais. Ela já fez rafting nas frias águas do Chile e saltou de um avião, a 10 mil pés de altura, em Novo Hamburgo.
“O legal é o contato com a natureza e superar o medo. Tu chega lá em cima e tem uma visão ampla de todo o local”, comenta o instrutor do rapel, Alexandre Barros. “A gente tem contato com isso direto já, mas eu curto trazer para as pessoas essa chance de fazer o rapel, pelo menos uma vez”. Alexandre faz descidas do tipo desde os seus 14 anos de idade e, já há 15 atua profissionalmente com a prática.
A Trip Trilha realiza atividades em diversos locais do Estado. Em Maratá, já esteve em outras ocasiões, sempre nesta época do ano. “O pessoal não divulga muito, mas eu acredito que essa seja a segunda ou a terceira cascata do Rio Grande do Sul que seja a mais segura de descer. Ela tem diversos pontos de ancoragem nela”, analisa o instrutor. Ele indica que, mesmo com os aparelhos de segurança, quando a natureza ajuda na sustentação, há maior facilidade.
Orientações e equipamentos dão segurança
Para a descida, todos os participantes eram orientados com normas quanto ao uso dos equipamentos e os locais onde podem ou não ir. Os equipamentos utilizados para a descida têm capacidade de suportar até 2.800 quilos. As cordas aguentam mais de cinco toneladas. Alexandre frisa, ainda, que tudo passa por um minucioso teste de qualidade para comprovar que não exista nenhum defeito.
“É tudo controlado. Se a pessoa tiver no meio da descida, se apavorar ou soltar a mão, ela vai ficar travada e não vai sair do lugar. Depois a gente consegue resgatar ela a qualquer momento”, explica. O participante era ensinado quanto a correta posição das pernas e o que devem puxar para descer. Um profissional esperava a pessoa na parte de baixo do paredão, também equipado para tornar a descida mais lenta e segura, quando necessário.
“Se a pessoa vir a passar mal, ou desmaiar, é também este que está embaixo que vai descendo ela”, diz o instrutor. Caso o participante precisasse, também era dada a possibilidade de o instrutor descer ao seu lado. “Tem aquelas pessoas que tem mais medo, daí a gente pode descer junto. Eu monto uma corda e vou ao lado dela, dando aquela segurança”.
Mulheres são maioria
Para o coordenador da Trip Trilha, Magno dos Santos Jacinto, já não se pode definir um segmento de público que busque o rapel e os demais esportes radicais. “Hoje não dá pra dizer. Eu tenho o meu pai, com mais de 60 anos e ele quer estar sempre no meio. Ele não pára. O público é muito mesclado”, aponta.
O instrutor Alexandre Barros explica que, para os adultos, a idade não é um limite. “Enquanto tiver disposição e saúde, ele pode vir. Já a criança, a gente aceita a partir dos dez anos de idade, que é, mais ou menos, uma faixa onde ela está com uma estatura já maior”, coloca.
Ele constata, no entanto, que são as mulheres que compõe, pelo menos, 70% do público que busca a aventura.
Participantes de várias cidades
Magno, coordenador da Trip, aponta que a escolha de Maratá se dá, em grande parte, pelo fácil acesso do público da região. Segundo ele, os participantes da edição vieram de municípios como Montenegro, Porto Alegre, Novo Hamburgo, São Leopoldo e São Sebastião do Caí. Júlia Sebastiany, por exemplo, foi de Morro Reuter, no sábado, para fazer a descida.
“É muito bom o rapel. Isso é superar os limites e é muito bacana”, declara. Já é a segunda vez que ela realiza a atividade. A primeira foi em outro local, mas ela destaca o diferencial da cascata como um enriquecedor da experiência em Maratá. No final de semana, Júlia também levou o amigo Rafael Kolling para compartilhar a experiência.
Rafael é morador de Novo Hamburgo e nunca havia feito rapel. “Esse cenário todo é muito bonito. Dá uma ansiedade”, comenta. Para chegar ao topo da cascata, Rafael, Júlia e os demais participantes percorreram uma trilha, no meio da mata virgem, com cerca de cinco minutos de duração.
Para descer, daí pela corda, o tempo variou de pessoa para pessoa. Era preciso coragem!