Por mais que em alguns casos a dor seja uma companheira frequente, ela não é algo a que qualquer pessoa deve se habitar. Dor é sinal de que algo não vai bem, um pedido de socorro do corpo humano para que um problema seja sanado antes que mais complicações surjam. Entre as mais frequentes reclamações de dor dos brasileiros, a que atinge as costas é das mais desesperadoras. É que em alguns casos, problemas na coluna geram dores tão intensas que incapacitam a pessoa, tirando completamente sua mobilidade.
Quem sofre de dor nas costas analisa os mais diversos tratamentos visando reduzir o sofrimento. Atualmente, um dos mais procurados é a quiropraxia. Segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde, trata-se do conjunto de técnicas não invasivas que visam ao tratamento e à prevenção de quadros de desordem do sistema neuro-músculo-esquelético. Ou seja, ações que afetam os sistemas nervoso, muscular e ósseo.
Existem atuando no Brasil dois diferentes profissionais quiropraxistas, representados por associações de classe distintas. Parte desses profissionais é formada em fisioterapia e pós-graduada em quiropraxia, sendo representados pela Associação Nacional de Fisioterapia em Quiropraxia (Anafiq). Já há alguns anos, porém, o Brasil dispõe de dois cursos de graduação específica em quiropraxia. Um deles é oferecido em Novo Hamburgo, na Feevale. Esses profissionais são representados pela Associação Brasileira de Quiropraxia (ABQ). O Ibiá Saúde conversou com representantes das duas instituições, autoridades para falar sobre o tema e explicar em quais casos a quiropraxia é indicada.
A principal diferença da quiropraxia para os demais tratamentos é a não utilização de medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. O quiroprata faz uso de métodos físicos para realizar ajustes no desalinhamento articular e suas repercussões no funcionamento do organismo “O desalinhamento articular causa prejuízo funcional. Quando há o realinhamento, toda a estrutura melhora. A articulação deixa de interferir no sistema nervoso, na musculatura e há melhora no desenvolvimento físico”, diz Pablo Dias, vice-presidente da Anafiq.
Já o Presidente da ABQ, Roberto Suzano Bleier Filho, destaca que a quiropraxia tem um grande diferencial frente a outros tratamentos para quem sofre de dores nas costas. “A quiropraxia trata desordens nos sistemas neurológico, muscular e esquelético sem usar medicamentos ou cirurgia. Apenas com o ajuste articular. Tudo a partir de uma técnica não invasiva”, diz Filho.
Ambos os profissionais destacam, porém, o caráter contínuo desse tratamento. Em geral, o paciente chegará ao quiroprata por uma crise de dor, por vezes com as costas travadas. Após ter uma melhora da crise aguda, ele terá de fazer uma manutenção ou voltará a sentir dores. Por isso, a quiropraxia é considerada um tratamento contínuo, de ação curativa e preventiva.
História da quiropraxia
A Quiropraxia nasceu em 1895, em Davenport, Iowa, pelas mãos do canadense Daniel David Palmer. Ele realizou uma manobra de manipulação articular em um paciente e obteve resultados surpreendentes. A quiropraxia desenvolveu-se inicialmente nos países de língua inglesa, mas, nas últimas décadas, houve uma grande expansão em diversos países, com a criação de faculdades pelo mundo.
Quiropraxia pode auxiliar no tratamento de diversas dores. Entre elas:
No ciático;
Na pelve;
No pescoço;
Nos ombros;
Nas costas;
No braço;
No quadril;
Na cabeça e enxaqueca.
Opção para alívio da dor na hérnia de disco
Um dos problemas na coluna em que a quiropraxia oferece resultados satisfatórios é a hérnia de disco. Fonte de dores intensas, a hérnia é saída de uma estrutura contida através de uma fissura. Isso ocorre no espaço entre os discos intervertebrais, estruturas cartilaginosas que ficam entre uma vértebra e outra da coluna vertebral.
“Essas estruturas, que são as vértebras, vão sofrendo uma série de estresses biomecânicos. Eles afetam a anatomia do disco, que serve de ‘amortecedor’ entre as vértebras. Quando esse estresse é muito alto há a ruptura, que gera grande dor”, explica Pablo Dias. O osso, ainda destaca o quiroprata, é uma estrutura viva. Ele se modela, muda de formato, o que pode gerar problemas de alterações ósseas, como o chamado “bico de papagaio”. Problemas causados por má postura, fraqueza muscular, lesões ou a própria deteriorização causada pelo tempo.
O quiroprata Roberto Suzano Filho diz que a quiropraxia oferece excelentes resultados no tratamento da hérnia de disco. “Temos de considerar que na hérnia, esse ‘amortecedor’ existente entre as vértebras começa a se degenerar. Sai da posição correta e passa a comprimir os nervos. É um processo que ocorre devido a um desequilíbrio, corrigido na quiropraxia”, diz Filho. “Hérnia não se trata. O que é tratado é o desequilíbrio na coluna vertebral. A pessoa tem resultados de 100% e depois vai mantendo com novas sessões”, complementa.
Sintomas e causas da hérnia de disco
Os sintomas mais comuns são dores localizadas nas regiões onde existe a lesão discal, podendo ser irradiadas para outras partes. Quando a hérnia é na coluna cervical, por exemplo, as dores se irradiam para os braços, mãos e dedos. Se a hérnia de disco é lombar, as dores se irradiam para as pernas e pés. Nos casos mais graves, pode haver perda de força nas pernas e incontinência urinária.
A coluna é o centro de equilíbrio do sistema musculoesquelético do ser humano. As lesões da coluna vertebral são atribuídas ao desalinhamento desta estrutura, algo originado principalmente na má postura. Fatores hereditários têm ligação com a hérnia de disco, mas a repetição de movimentos errados no trabalho e no esporte ou traumas diretos também são motivos de lesões degenerativas. O sedentarismo é um fator determinante para dores nas costas oriundas da hérnia de disco e de outras doenças. Pesquisas comprovam que a atividade física é um fator de extrema importância para melhora e prevenção das dores nas costas.
Para diferentes momentos da vida
A coluna é exigida em todas as etapas da vida. As crianças, atualmente, estão sofrendo de mais problemas relacionados à postura porque desde muito cedo estão se tornando sedentárias e utilizando aparelhos eletrônicos que desfavorecem a postura adequada.
Durante toda a vida adulta, é possível que ajustes sejam necessários. Em alguns casos, vinculados a questões profissionais. Tudo para chegar aos 70 ou 80 anos com a coluna em dia — o que é possível, os médicos garantem.
Há, ainda, momentos específicos em que a coluna recebe uma sobrecarga. É o caso de uma gestação. Para compensar o crescimento da barriga, a coluna vertebral das gestantes sofre um impscto considerável.