Aprendemos durante a graduação em Jornalismo que toda história tem dois ou muitos lados. A narrativa de um mesmo fato muda conforme o narrador e sua perspectiva. Neste lugar de contador de histórias, conscientemente ou não, colocamos em cada relato nossas experiências, bagagens, crenças, visões de mundo. E acabamos por expressar também a forma como a própria história nos atravessa.
E a história do Jornal Ibiá atravessou a minha de uma maneira muito bonita e importante. Eu tinha 18 anos quando entrei na redação da Rua dos Plátanos pela primeira vez. Ostentava, orgulhosa, a função de estagiária. E foi ali – entre erros e acertos, pautas interessantes ou nem tanto – que aprendi a técnica, a prática, a ética e a importância do jornalismo, de um bom jornalismo local.
Propor-se a fazer jornalismo comunitário é tão desafiador quanto gratificante. Mais ainda: necessário. Enquanto indivíduos, oferecemos o que somos na formação das nossas comunidades, e nossas comunidades também nos formam, nos moldam e nos influenciam. Quando contamos nossas histórias, construímos senso de pertencimento e identidade. Além disso, é inegável que a imprensa tem papel determinante em uma comunidade ao informar, cobrar, fiscalizar e dar voz à sociedade, quando esse papel, claro, é cumprido de maneira ética e responsável.
Ao longo da história da humanidade, vimos povos e comunidades que não tiveram o direito de contar a própria história e, também por isso, até hoje lutam por seu espaço e reconhecimento. Quem melhor sabe das nossas vitórias, dificuldades e necessidades? Quem vai contar nossa história, se não nós mesmos?
O caminho para a sociedade que eu acredito que podemos ser passa pela informação, pelo conhecimento, por uma comunidade crítica e fraterna, que celebra as próprias conquistas, mas também reconhece suas limitações. Que enaltece seu povo e que também não se omite. E vejo no jornalismo local uma ferramenta importante para isso.
Em pouco mais de seis anos, o Jornal Ibiá me proporcionou essa oportunidade transformadora de contar um pouco da nossa história, ao lado de colegas que ensinaram, inspiraram e compartilharam não só blocos, canetas, pautas, câmeras, caronas e fontes, mas o amor pela profissão. Tive a chance de encontrar incontáveis histórias e pessoas, além de viver experiências pessoais e profissionais que carrego com muito zelo, respeito e amor.
Assim como a minha, tenho a convicção de que muitas outras vidas também foram impactadas ao longo destes 40 anos em que o Jornal Ibiá se dedica a contar a história de Montenegro e do Vale do Caí. A contar a nossa história. Parabéns, Ibiá, pelos 40 anos de história(s).