Pela janela. Somente em julho, 1.325 pacientes não compareceram a atendimentos agendados
É comum a população reclamar, na maioria das vezes com razão, da ineficiência do poder público para atender às diversas demandas sociais em áreas como educação, segurança e saúde. Mas, em alguns casos, o serviço é ofertado e quem não faz a sua parte é o cidadão. Por mês, cerca de R$ 30 mil são jogados fora em Montenegro devido às faltas em consultas agendadas para serviços de atenção primária. Somente em junho foram 1.325 ausências nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Estratégia Saúde da Família (ESF). O levantamento foi iniciado em março deste ano.
Isso sem contar os 56 não comparecimentos em atendimentos especializados, como em oncologia e traumatologia, para pacientes com problemas de média e alta complexidade financiados pelo Governo do Estado, mas intermediados pelo Município. Chama à atenção a procura por consultas de oftalmologia, a maior demanda entre os montenegrinos, com atendimentos realizados em Portão. “Temos uma fila de espera de 2 mil pacientes e as pessoas não vão. O pessoal reclama da demora para conseguir a consulta, então conseguimos marcar e não comparecem”, lamenta a secretária da Saúde, Cristina Reinheimer.
A Secretaria Municipal de Saúde, realiza ações para tentar atenuar o problema. A principal dificuldade tem relação com as equipes não conseguirem fazer contato pelos números de telefones cadastrados. Há casos de tentativas de mais de dez vezes, sem sucesso, para o mesmo número. Os agentes de saúde, inclusive, vão até as residências das pessoas para lembrar o dia e horário do serviço agendado. O esquecimento é o principal motivo apontado pelas pessoas para não terem ido às consultas.
A maior preocupação da secretária é com os casos de média e alta complexidade. Em primeiro lugar, pela saúde das pessoas, mas também em razão de aumentar o custo do serviço. “No caso das especialidades, quando a pessoa não aparece, perde o vínculo. Então, gera novo custo para o Município . Vai ter que ir na UBS ou ESF mais uma vez, marcar consulta, para ser encaminhado novamente. E, provavelmente, vai demorar um tempão, pois marcar a alta e média complexidade é difícil”, explica Cristina. A responsável pela pasta destaca ser menos complicado resolver a situação quando se tratam de serviços disponibilizados pelo Município. Ainda assim, gera investimentos desnecessários e problemas de logística.
Também é comum terem faltosos em exames importantes como ecografia, tomografia e ressonância. “As ecografias e raios-X estão, praticamente, em dia. A ressonância, que o Estado paga e temos poucas quantidades, tem pessoas que não vão. Temos só 25 por mês e, às vezes, dois ou três faltam e perdemos a cota. Há um monte de gente esperando e que precisa muito”, lembra a responsável pela pasta. Cristina pede a colaboração da comunidade nesse sentido.
Problema também é enfrentado no HM
No Hospital Montenegro (HM), o problema também é recorrente. Assim como no Município, o não comparecimento, além de deixar outros pacientes necessitados sem atendimento, gera custos. No mês de julho, 122 pessoas faltaram a consultas na instituição, além de 153 em atendimento de fisioterapia, 104 em exames e 40 em revisão de traumatologia. O total do prejuízo foi de R$ 17.260,33.
Tem casos de exames de colonoscopia, que podem demorar até seis meses para serem marcados, e os pacientes não aparecem. “Isso é muito grave, porque este exame pode detectar, por exemplo, o câncer de intestino”, destaca o diretor geral do HM, Carlos Batista.
A direção pede para quem, por acaso não puder comparecer, entrar em contato o mais rápido possível para informar a ausência. Assim, a probabilidade de conseguir fazer o encaixe de outra pessoa no horário é maior.
Se for primeira consulta no HM, o cancelamento da mesma deve ser feito, diretamente, com a Secretaria de Saúde. Já se a desistência for para uma consulta de retorno, o telefone para contato é o (51) 3632-1233. “O sistema de saúde não é brincadeira. Todos os profissionais estão aqui com responsabilidade. Aqui, o dinheiro é público, de todos nós, sendo colocado fora. As pessoas precisam ter esta consciência”, finaliza Batista.