Queda de aeronave mata dois no interior de Barão

Tragédia. Asa-delta motorizada cai na localidade de Francesa Alta, atinge um mato de eucalipto e pega fogo

Adilson José Rauber

A queda de um monomotor vitimou duas pessoas na manhã desse domingo, na localidade de Francesa Alta, interior de Barão. Após cair, a aeronave, um trike adaptado com asa- delta, atingiu um mato de eucalipto e pegou fogo. O piloto Adilson José Rauber e o passageiro Amauri José Rockenbach morreram no local. Eles haviam decolado do morro Tico-Tico, em Bom Princípio.

Amauri José Rockenbach

O casal José Arci e Carmem Kochhamm, acompanhados de uma das filhas, estava tomando chimarrão na varanda da casa onde moram quando começaram a ouvir barulho de um motor falhando no céu. De repente, avistaram uma aeronave perdendo altitude. “Ela vinha em direção da nossa casa e desviou na última hora”, comenta José. “Eu acho que ele tentou pousar e não deu tempo”, comenta Carmem. A asa- delta motorizada caiu a poucos metros da residência.

O marido e alguns vizinhos correram para tentar socorrer as vítimas e apagaram o incêndio iniciado após o acidente. O corpo do piloto estava caído longe do monomotor. Em princípio, José Darci pensava que havia apenas uma pessoa, só depois de controlado o sinistro foi encontrado o passageiro dentro do equipamento de voo carbonizado.

Aloísio Bourscheid estava lavando o carro quando avistou a aeronave. Segundo ele, havia muita neblina na hora. “Vinha bem baixo por causa da serração, no máximo a 15 metros de altura, dava para enxergar que tinham duas pessoas. Eles quase bateram em um ginásio, mas conseguiram subir de novo”, conta.

A ocorrência foi atendida pelos bombeiros voluntários de Salvador do Sul e de Carlos Babosa. A investigação das causas do acidente ficará sob os cuidados da Força Aérea Brasileira. O acidente agitou a pacata localidade. Dezenas de curiosos foram até o local do acidente. “Infelizmente, não tivemos muito o que fazer, só preservamos a cena e isolamos a área”, lamenta o comandante dos bombeiros de Carlos Barbosa, Jones André Schacker.

“Era o prazer dele”, diz esposa
Amauri Rockenbach, 51 anos, na era natural de Porto Lucena e motorista da Cerâmica Kaspary. O seu passa-tempo preferido era voar como passageiro com o amigo Adilson. “Todo domingo ele andava, era o prazer dele. Gostava muito”, ressalta a esposa da vítima Solange Ferreira Rockenbach. Ela também conta que o marido e o amigo sobrevoaram a casa dela ainda no domingo.

Além da esposa, Amauri deixa os filhos Frederico, 23 anos, Fernando, 21, e a netinha Júlia, de apenas quatro meses. O casal também criou o sobrinho de Amauri, Fábio, 26, após a morte do pai dele em um acidente de moto.

Equipamento não é para voos sem visibilidade

Aeronave semelhante a do acidente de ontem. Foto: Reprodução/internet

O equipamento utilizado no acidente ocorrido na manhã desse domingo não era instrumentalizado para voos sem visibilidade. A informação é de Francisco Ramazzini, integrante do grupo Paramonte. “Tudo indica que eles se perderam por conta das nuvens baixas e, sem visibilidade, bateram contra um mato de eucalipto. Esse equipamento não permite vôos sem visibilidade”, diz Ramazzini.

Praticante de vôos de paramotor, Francisco destacou que ainda não se tem informações claras das condições que levaram ao acidente. E disse, ainda, que o equipamento utilizado por eles não é muito visto aqui na região, sendo mais comum em Caxias do Sul. “É um trike com asa-delta, todo em metal e asa em nylon. Tem um custo bem mais alto que um paraglider, o que faz com que não seja muito utilizado aqui”, destacou ele. O equipamento, de motor forte e rápido é capaz de alcançar a velocidade de 100 Km/h. Francisco Ramazzini recorda-se, ainda, que Adilson Rauber já havia voado em Montenegro durante uma festa realizada no Aeroclube. (CO)

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