Quatro mães e quatro filhos: uma grande família

Marlei, Claudia, Koka e Cíntia são mães de Davi, Marina, Natália e Christian. A história dessa grande família é especial. Apesar de ser filhos de mães e pais diferentes, os quatro são irmãos. As famílias do coração mantêm o convívio para que a relação entre os maninhos não se perca.

As famílias se reúnem sempre para que os irmãos não percam o vínculo

Rosângela Bohn (Koka) tem 53 anos e é fotógrafa. Ela conta que sempre sonhou em ser mãe, mas não podia, até o dia em que a Natália, então com alguns meses, apareceu na sua vida. Há quase 10 anos, Koka e a professora Claudia Alex, 48, mãe da Marina, de 9 anos, viveram juntas, a emoção de ter suas filhas.

“Elas apareceram nas nossas vidas no mesmo dia. Nós fizemos tudo juntas”, recorda Cláudia. A adoção aconteceu de repente e elas contam, em um misto de emoção e risos, como foram as reações. “Eu cheguei na farmácia e falei pro atendente: vou te contar uma história, eu acabei de ser mãe”, recorda Koka. Ela lembra que, ainda em choque, não tinha sequer fraldas para a bebê que chegava em sua vida.

Marlei e Davi

Para Claudia, a emoção foi semelhante. A reação, causada pela surpresa em ter uma bebê, quando seu filho biológico já tinha cerca de 12 anos, foi de incredulidade. “Eu cheguei no balcão da farmácia, o atendente perguntou se podia ajudar. Eu disse que sim… e fiquei parada”, recorda.

 

O irmão mais velho, Christian, de 11 anos, foi o terceiro a chegar nessa família. Ele já tinha dois anos e ganhou o coração de Cíntia Marinho, 41 anos, vice-coordenadora pedagógica. “Foi uma emoção muito grande”, conta. Embora morassem em casas separadas, bairros diferentes e com vidas distintas, os três mantém o contato devido à atenção das mães, que fazem questão de se encontrar sempre e participar da vida de todos os irmãos.

Cláudia e Marina

Marlei Kettermenn, 50, é cabeleireira e foi a última das quatro mamães a ter seu presente: Davi, hoje com seis anos, chegou um dia antes do seu aniversário. “Foi um presentão. A Koka fez uma janta aqui na casa dela para apresentar o Davi para os irmãos”, recorda.

 

Hoje, pelo menos quatro encontros anuais são obrigatórios: o aniversário de cada um dos filhos. Mas tem o aniversário das mães, comemorações particulares, primeira comunhão e os dias que bate aquela saudade. “Pra gente [mães] é muito prazeroso isso. A gente acaba se reunindo para conversar e tomar um chimarrão”, conta Cláudia.

Natália e Koka

Uma grande família
“Eu sempre digo pras gurias que a gente não pode brigar. Quem pode brigar são as crianças, mas nós não”, diz Koka. As mamães definem a relação como de uma grande família. Embora cada uma tenha adotado uma das crianças, todas fazem questão de participar da vida dos quatro.

Christian e Cíntia

A primeira comunhão de Christian, há poucos dias, também teve a participação de todos. Durante a entrevista, as mães relembram Koka de que querem as fotos do dia. “A vantagem de ter uma mãe fotógrafa, é que todos os momentos são muito registrados”, brinca, Marlei.

As fotos de família sempre têm os irmãos reunidos. Há imagens deles em todas as fases da vida. “Todo mundo é um pouco mãe de todo mundo. A Nossa relação é tão boa que a gente sabe da vida de cada um. A gente sabe quando um está doente e nós participamos ativamente da vida de todos”, relata Cláudia.

Embora sejam filhos únicos nas suas próprias casas, a relação entre os irmãos é sempre ressaltada. “Nós fazemos questão de sempre falar que eles não podem esquecer os irmãos. Futuramente, eles serão as bases uns dos outros”, explica Koka. “Eu sempre falo que, aconteça o que acontecer, eles sempre vão poder contar com os irmãos”.

Davi, Marina, Natália e Christian

Sonhos de ser mães realizados
Das quatro mães, somente Claudia já tinha um filho biológico quando os quatro irmãos chegaram. Para ela, Marlei, Koka e Cíntia, as crianças realizaram o sonho da maternindade. “Eu já tinha um filho. Mas nossa família ficou completa com a chegada da Marina”, diz.

Davi, Natália, Christian e Marina

A forma com que cada um soube da sua história também foi diferente, respeitando as particularidades das crianças. “Eu contei pra Marina brincando de boneca. Coloquei uma boneca por baixo da blusa e disse que meu filho tinha nascido”, conta. “Então eu falei que faltava uma menina na minha vida”. A menina logo entendeu que a mãe estava explicando como chegou na sua casa.

“Com o Davi foi tudo muito natural. Ele sabe da história e leva numa boa”, relata Marlei. Cintia contou com a ajuda de um profissional de psicologia para contar a Christian, o mais velho, sobre sua adoção. “Ele teve alguns problemas na escola, então eu busquei ajuda para saber como lidar e

Christian, Davi, Marina e Natália

ali contamos para ele sobre sua história”, relembra a mãe.

Natália quando estava vendo TV. Então perguntou à mãe, Koka, se tinha vindo ao mundo da barriga da sua mãe. “Eu respirei fundo e pensei: é agora. Então eu contei que ela tinha nascido do coração, e não da barriga”, recorda a a fotógrafa.

Para elas, a experiência é desafiadora, mas igualmente gratificante. “Eu só tenho a agradecer à mãe biológica deles. Ela teve um gesto muito nobre. Deu a eles a oportunidade de ter uma boa vida e, a nós, a possibilidade de ser mãe”, fala Koka.

As fotos de família sempre têm os quatro juntos
Claudia e Marina

Todo o amor do mundo
Apesar de todo o amor envolvido, há outra situação com que essa grande família precisa lidar: o preconceito. “Já falaram que eu não sou filha da minha mãe e coisas assim”, conta Natália. Segundo a menina, esse tipo de atitude a machuca, mas ela procura não dar atenção. “Eu amo a minha mãe muito além do universo”, diz.

Koka e Natália

Os irmãos também relatam casos semelhantes na escola, mas as mães procuram enaltecer o lado especial da situação. “Vocês têm a mãe e as tias que amam muito vocês. Olha que família linda que nós formamos”, dizem a Christian, quando as lembranças do passado o emocionam.

O menino resume o amor pela mãe Cíntia, conforme sua experiência de vida. “Eu acho muito melhor ser um filho escolhido do que biológico. O amor é muito maior”, afirma. As mães garantem que não tem distinção. “Eu esqueço que ele não nasceu de mim. É o mesmo amor”, diz Cíntia.

Cintia e Christian

As outras crianças também fazem questão de declarar seu amor pela mãe. “Eu amo minha mãe do tamanho do infinito”, diz Marina. “E eu, amo mais do que o infinito, do tamanho do Universo”, mede Natália. “Meu amor é infinito, é mais que tudo”, deixa claro, Davi.

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