FAMILIAR. Fazenda Griebeler é segunda colocada em gado leiteiro da Expointer
A propriedade rural Família Griebeler alcança, em 2024, reconhecimento pela excelência no setor de gado leiteiro no Rio Grande do Sul, ao conquistar premiações em duas feiras. A primeira foi a FestLeite, evento em abril voltado ao melhor do segmento; e a segunda foram premiações na Expointer, uma das maiores da agropecuária no mundo. Uma sequência de vitórias que reflete longos anos de trabalho, somando experiência e conhecimento.
A propriedade em Linha Catarina, interior de Montenegro, é exclusivamente familiar, como faz questão de destacar o patriarca Aloísio, que, ao lado da esposa Jacinta, trabalha com filhos, nora, genro e netas. Sua história tem mais de 50 anos, iniciada com plantio variado e apenas uma vaca. “A gente não colocava leite no café para não gastar”, recorda Aloísio, sobre a produção diária de 1 litro de leite.
A venda era ao leiteiro que passava de camionete em frente à propriedade, e depois revendia tudo à extinta Corlac. Com o tempo, o casal aumentou o rebanho para duas cabeças, e ficou afamado na região ao entregar 10 litros diários. Hoje seus descendentes estão com 100 cabeças da raça Holandesa, sendo 63 produtoras com média de 38 l/dia, o que significa produção diária total de 2.350 litros.
Mas decisões duras precisaram ser tomadas, como de arrancar os pomares e arriscar dedicação exclusiva ao gado leiteiro. O filho Gediel revela que a decisão foi impulsionada pela perda de três safras de citros seguidas, especialmente devido a crises climáticas. Mas ele soube também que precisaria aperfeiçoar o sistema de criação das vacas, deixando no passado uma série de hábitos.
Aperfeiçoamento genético mudou o rumo
Nesta busca pelo conhecimento, a Emater-Ascar/RS foi fundamental, tendo Gediel e seu cunhado, Dionei, realizado ao menos dois cursos sobre técnicas de criação. Aquele que fez a “virada de chave”, há 17 anos, foi de qualificação em inseminação artificial, realizado no Cetam Montenegro; técnica essa implantada no rebanho que estava com 16 cabeças e produção de 200 l/dia.
Os Griebeler conheceram ainda a importância da genética do gado, que resulta em aspectos da morfologia que contribuem na produção de leite; alguns deles incompreensíveis ao leigo, como comprimento das perdas, largura do peito e angulação do casco. Para alcançá-los precisaram avançar outra vez, passando a aplicar o processo de ‘inseminação artificial por acasalamento’.
O primeiro passo foi os próprios realizá-la na propriedade e usando sêmen certificado. Seu fornecedor, a empresa norte-americana Select Sires, opera com programa informatizado que cruza dados dos dois animais para encontrar compatibilidade que favoreça qualidade e quantidade de leite. Este sistema elimina a hipótese de filha ser inseminada pelo pai, e assim desqualificar a genética.
“Tenho certeza que o fator que mudou a produção deles é a genética”, decreta o extensionista da Emater Montenegro, Gustavo Krahl. Ele salienta que 40% da produção de leite é resultado de bom manejo e cuidado com os animais, e 60% é da reprodução por acasalamento.
Árvore genealógica é importante
Para ser compreensível, a bezerra tem “certidão de nascimento” que identifica o touro do qual foi retirado o sêmen. A vaca campeã da família Griebeler, por exemplo, é a ‘Cotribá Griebeler 118 Duke’, sendo o último, o nome do reprodutor. Este arquivo está registrado também na Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando).
Um motivo de euforia é o fato de esta ser a primeira participação da família na Expointer, levados pela parceira Cotribá, empresa de Ibirubá do ramo produtos, serviços e assistência técnica em produção animal. “Foi o olho clínico do técnico”, diz Gediel, em relação à escolha da vaca 118 pelos funcionários da Cotribá, André Maníca e Fernando Mocelin.
O animal confirmou, ao produzir pouco mais de 100 litros (97,6 quilos) na soma de três ordenhas de aproximadamente 33 litros cada, feitas em um dia na Expointer. O pecuarista assinala que, na verdade, a produção foi ainda mais alta, pois as duas melhores do total de cinco ordenhas são descartadas. Segundo Gediel, ela é a quarta geração desde o início da qualificação genética, o que salienta o tempo de trabalho necessário para alcançar a excelência produtiva.
O pecuarista faz questão de agradecer aos funcionários da Cotribá, inclusive os peões que ficaram ao lado do animal nos mais de 10 dias de feira. Também agradece os profissionais particulares, médico veterinário clínico Mateus Neis (de Brochier) e a veterinária de reprodutividade, Taís Souza.
Títulos da Cotribá Griebeler 118 Duque
-Expointer 2024: 2º Lugar em Concurso Leiteiro Adulto; 5º em Pista de Morfologia Vaca 4 anos; e Prêmio Exceleite da Gadolando: Prata em produção e Bronze Exceleite Suprema (geral);
-FestLeite 2024: 2º Lugar no concurso leiteiro (78,59 litros); e quinto lugar na Pista.