Quando um grande amor motiva um ato de mais amor ainda

Em Maratá, amigos organizaram cerimônia de Bodas de Rubi surpresa para casal carente

Nunca é tarde para reafirmar o amor. Mesmo que tenham se passado 45 anos de companheirismo, onde juntos viveram agruras e alegrias da vida, a chama continua ardente. São esses sentimentos elevados que alicerçaram a união de Waldomiro Alves, 69 anos, e Nelci Schons Alves, 64, a ponto de despertar neles o sonho de novamente receber a benção de Deus. E neste sábado o retorno ao altar foi possível, graças aos amigos e servidores da Saúde que organizaram um casamento surpresa.

O ato não poderia ser menos emocionante. Seja pela fraternidade dispensada pelos que levaram a diante a ideia; seja pela alegria incontida do casal. Quando eram 15 horas, Waldomiro esperava sua noiva em frente à Igreja Católica de Maratá. Vestindo um alinhado terno preto, não podia esconder a emoção, certamente semelhante aquela que sentiu em dezembro de 1973, naquele mesmo templo.

Presenteados com o filho especial Marcos trazendo suas primeiras alianças

Nelci seguiu a tradição e atrasou, mas só um pouquinho. O carro parou diante da escadaria e ela surgiu no vestido branco acetinado e com um buque de flores lilás. Seu sorriso era contagiante, e as bochechas salientes estavam rosadas de vergonha por todos aqueles olhares. “Mas o que vocês fizeram”, disse, olhando para os convidados. Ainda estava impactada pela notícia que recebeu às 12 horas do dia de seu casamento.

“Chegaram lá agora de meio-dia com esse terno. Daí eu disse, mas o que é isso? Ainda não morri”, brincou o noivo, que já venceu oito cirurgias. Lado a lado, como tem sido a vida toda, o casal entrou pelo tapete vermelho da Igreja. A cerimônia do padre Claudio Finkler foi completa, com Eucaristia e exaltação ao amor e a saúde.
Nelci não parava de sorrir, e Waldomiro parece que até derramou uma lágrima tímida. E ainda havia mais emoção por vir. O rosto do casal radiou quando soube que ganhariam alianças, suas primeiras em 45 anos de casados. E ficaram ainda mais comovidos ao ver o filho Marcos, que é especial, trazendo nas mãos o símbolo definitivo do amor do qual surgir aquela família.

“Eu nunca esperei ganhar uma aliança nova”, disse Nelci, virando para os presentes com um olhar que poderia ser resumido no singelo “muito obrigado”. Depois dos votos de fidelidade e respeito renovados, todos foram para uma festa. Assim foi o dia 24, que em Maratá bem que poderia ficar conhecido como o sábado do amor e da amizade.

Casar é uma troca de compromisso, de dedicação e de respeito, simbolizado pela troca de alianças

Seu exemplo motivou a solidariedade

Os enamorados são de Maratá, mas nascidos em uma época em que a cidade era distrito de Montenegro. Foi naquelas ruas interioranas que os primeiros olhares se cruzaram. Da união nasceu o filho único, Marcos, que no último dia 22 fez 44 anos. Um fruto especial, que vive em uma instituição de longa permanência. Essa opção difícil foi necessária devido a dificuldade de saúde do pai, permitindo então que a mãe possa lhe dedicar cuidado pleno.

Há dois anos Waldomiro luta contra um de Câncer de intestino; e seria duro o fardo de Nelci com duas pessoas que ama precisando de sua dedicação. Mas o romance que mobilizou Maratá nos últimos dias vai muito além das dificuldades. Marly Pereira da Silva, enfermeira do noivo e uma das organizadoras da surpresa, defende que essa história merece atenção devido à luta de vida dos três. “Eles se gostam muito. E mesmo com essa separação devido às doenças e sem dinheiro, o amor mais do que nunca permaneceu, nos dando lição de vida cada dia”, descreve.

O sonho de uma noiva

Todos na cidade reconhecem aquela pequena família como significado de superação, que com um sorriso demonstram gratidão diante da mais simples ação, da equipe de saúde ou da população que se solidariza com sua situação. E essa fraternidade comovente motivou a ideia do casamento surpresa.

Casal recebeu novamente a Benção de Deus pela sua bela história de vida

Marly recorda que durante um atendimento Nelci chorou de saudade do filho; e essa emoção lhe fez confidenciar a respeito do sonho em ter aliança e entrar na igreja para renovar os votos. Todavia, não alimentava esperanças. “Naquele momento pensei. Bem que eu podia tentar fazer algo!”, recorda.

Assim aconteceu o casamento. Doações e contribuições em dinheiro bancaram alianças, as roupas, a fotografia e recepção. Outro esforço foi trazer o filho Marcos para participar da cerimônia e, com a família unida novamente, também celebrar seu aniversário.

Noivos foram avisados ao meio-dia que casariam 15 horas; e entraram na Igreja cheios de gratidão

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