Nas últimas semanas, Montenegro e todo o Rio Grande do sul vêm passando por dias de temperaturas elevadas com termômetros que já passaram dos 39°C e a sensação térmica marcou 44°C. Com tardes abafadas de ventos quentes, os riscos para o corpo e saúde da população são altos. Mas, você sabe quais efeitos as altas temperaturas causam aos seres humanos? O corpo recebe calor do ambiente, tanto por radiação quanto por convecção, ou seja, tanto pela exposição direta ao sol quanto pelo contato com o ar quente. Os humanos possuem mecanismos para regular a temperatura corporal, sendo o suor o principal deles.
O corpo humano é um equipamento bastante sensível que busca viver em equilíbrio com o meio ambiente. Para que funcione bem, é necessário que a temperatura interna esteja numa faixa de 36ºC a 36,7ºC. Para manter essa temperatura, o corpo utiliza de um sistema regulador que é controlado pelo hipotálamo, uma área do cérebro; ele age como um termostato ajustado para manter os órgãos internos a 37°C. Em determinadas circunstâncias, mesmo dentro de condições fisiológicas, a temperatura corporal se eleva, como durante as refeições, a prática de exercícios intensos, gravidez ou ovulação.
Eduardo Ribeiro Brandão, médico da Atenção Integral à Saúde da Unimed Vale do Caí de Montenegro, explica que com temperaturas mais elevadas, começa a ocorrer vasodilatação periférica, para que chegue mais sangue à pele e permita uma transpiração mais efetiva. “Quando a temperatura corporal excede 40ºC, começa a ocorrer dano celular, e caso persista por muito tempo, ocorre liberação de endotoxinas, que podem levar a uma cascata de eventos inflamatórios que vão até disfunções orgânicas mais severas, com risco de vida”, ressalta.
O que fazer durante as altas temperaturas?
A recomendação de Eduardo para os dias de calor intenso é, primeiramente, evitar exposição solar direta, além de procurar por ambientes arejados e com sombra, usar roupas leves e sempre manter uma hidratação rigorosa. Neste período, ainda é muito comum que as altas temperaturas promovam uma sensação de exaustão. Por isso, o médico destaca que além dos cuidados já citados acima, banhos com água fria são uma alternativa muito eficaz na hora de aliviar a percepção de calor.
No Verão, muitas pessoas ficam com medo de ingerir água muito gelada ao estar abaixo de um sol em um dia muito quente. Afinal, há riscos? Absolutamente não. Eduardo afirma que não há motivo para medo, pois quanto mais gelado o líquido consumido, mais ajuda as pessoas no controle do calor. “Como o calor faz com que percamos mais liquido pela transpiração, é necessário aumentar a ingestão hídrica. Sempre lembrando que não é a temperatura do líquido que se consome que causa resfriados (preocupação comum), mas a infecção por microorganismos que causam esse tipo de doença”, esclarece.
Para aliviar o calor, muitas pessoas procuram ficar em ambientes climatizados por ar-condicionado. Embora seja muito incomum, choques térmicos muito intensos podem trazer repercussões negativas em pessoas fragilizadas por alguma condição prévia, como doenças cardiovasculares. “O ideal é uma transição gradual de uma temperatura para outra, sempre cuidando com a utilização de roupas leves, que permitam a transpiração”, salienta o médico Eduardo Brandão.
Hipertermia
Você já ouviu falar sobre a hipertermia? Ela se deve ao aumento da temperatura corporal, entre 37°C e 40 °C que pode levar à exaustão pelo calor. Eduardo afirma que pode-se observar ansiedade, fraqueza, tontura, náuseas e vômitos, confusão mental, ataque cardíaco, pressão baixa, alterações visuais e desmaios. “Costuma ocorrer em exposições prolongadas ao calor, sem hidratação adequada e sem cuidados para controle da temperatura. É relativamente comum em provas de resistência física, quando o exercício facilita o aparecimento do quadro”, conclui.
Insolação
Já a insolação é como se chama os efeitos do corpo sofridos pela exposição solar, podendo variar desde quadros mais leves até os gravíssimos com desidratação, perda de consciência e isquemia de órgãos vitais. “Nestes casos, é importante retirar o paciente do local de exposição, buscar resfriar o corpo o mais breve possível, com colocação de compressas frias, hidratação, além de remoção para avaliação médica, especialmente caso sintomas neurológicos e sinais de desidratação”, explica o médico. Os sintomas podem variar desde os mais frequentes, como pele seca e avermelhada, pulsação acelerada, falta de ar, enjoo, tontura e dor de cabeça, podendo chegar a queimaduras de pele, desidratação e febre. Nos casos mais graves, pode ocorrer perda de consciência.
Pressão baixa
A pressão baixa também é, muitas vezes, decorrente do calor intenso. A queda de pressão acontece porque o corpo reage de diferentes formas à temperatura, quando está frio, as veias sanguíneas se contraem para aumentar a temperatura corporal, consequentemente o calor dilata os vasos. Devido a isso, o coração não precisa bombear com tanta força o sangue para que passe com tranquilidade pela veia, porém a velocidade com que o oxigênio circula pelo corpo acaba diminuindo também. Quem tem pressão baixa ou teve uma queda súbita deve aumentar a ingestão de líquidos, como água e bebidas isotônicas, não mudar de postura bruscamente e evitar calor excessivo. A ingestão de sal nesse momento também pode ser aumentada.