RESIGNIFICAR. Aparelhos apreendidos do sistema prisional ganham função de educar
Mais de 40 estudantes da rede pública de educação de Montenegro foram contemplados pelo projeto Alquimia II, desenvolvido pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS). A iniciativa consiste em dar um novo destino aos telefones celulares apreendidos pela polícia em operações realizadas dentro das penitenciárias do Estado. Na região do Vale do Caí, o projeto beneficiou alunos de Pareci Novo e Montenegro com telefones recolhidos da Penitenciária Modulada Estadual Agente Jair Fiorin.
Em Montenegro a entrega dos 42 celulares, já restaurados, aos seus novos donos ocorreu na sede da Promotoria de Justiça. Na cidade vizinha (Pareci Novo), a distribuição de 28 celulares foi realizada no último dia 17. Rafaela Hias Moreira Huergo, promotora da Promotoria de Justiça Especializada de Montenegro, destaca a importância da iniciativa para o processo educacional das crianças e jovens contemplados.
Acompanhados por seus responsáveis, antes de receberem os smartphones, os estudantes ouviram orientações da promotora. “Esses aparelhos devem ser usados como ferramentas de estudo. Em casa, os pais terão de estar vigilantes para que seus filhos façam uso correto desses celulares”, completa a Rafaela. Um termo de responsabilidade de uso dos aparelhos foi assinado pelos estudantes. O projeto que dá uma “segunda chance” aos celulares, que saíram das mãos dos apenados para virarem ferramentas de estudo, precisa ter continuidade, diz a promotora Daniela Tavares Tobaldini, que também esteve no evento.
A vulnerabilidade social dos estudantes foi fator determinante no processo de escolha de quem receberia os celulares, explica a secretária municipal de educação de Montenegro, Ciglia da Silveira. “Levamos em consideração a dificuldade que esses alunos têm para ter acesso ao conhecimento através da tecnologia”, complementa Ciglia. Foram beneficiados alunos de três escolas da rede municipal (EMEF Cinco de Maio; EMEF José Pedro Steigleder; EMEF Bárbara Heleodora) e uma da rede estadual (Escola Técnica São João Batista).
O chip e o pacote de dados, para uso do celular, ficarão por conta de cada família. Na escola, os alunos poderão fazer uso da conexão wi-fi. “Vai ficar mais fácil para fazer as atividades”, avalia Camile Vargas, de 18 anos, estudante do 1º ano do ensino Médio da Escola São João Batista. Ela foi a primeira estudante a receber o celular das mãos do prefeito Gustavo Zanatta, convidado pela promotora Rafaela para o ato. “Que bom que fizeram esse projeto. Agora ela vai poder fazer pesquisas e aprender mais”, acredita Tatiane Vargas, mãe de Camile.
Luana de Moraes, de 13 anos, não teve a companhia de um familiar na hora da entrega, mas ficou feliz por que uma amiga da avó dela se propôs a leva – lá. “Achei que não ia conseguir vir. Estou muito feliz”, diz a estudante do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Cinco de Maio.
