Projeto de capoeiristas leva vida à praça São Pedro

Participantes auxiliam ainda na manutenção do espaço público, como limpeza de banheiros e pinturas

Incluir através do esporte, oportunizar através da prática saudável de vida, conviver em grupo e fomentar sentimentos como amizade e união. Esses são alguns dos propósitos de um compromisso conjunto que ocorre em até dois sábados por mês, em Montenegro.
Organizado pelo professor capoeirista Timóteo da Silva Santos na praça da São Pedro, localizada no bairro Timbaúva, recebe em um sábado sim, outro não, um encontro para membros montenegrinos de capoeira, sempre às 16h.

O número de interessados que comparecem ao local nos dias marcados, de acordo com ele, chega até a 10 participantes. Há aproximadamente um ano o projeto foi retomado, após um período de pausa.

As atividades coordenadas por Timóteo na cidade são ligadas à Associação Guarda Negra de Capoeira, de Porto Alegre, tendo como mestre supervisor das práticas o mestre Gato Preto.

Em 2011, devido aos mais de 20 anos de contribuições à sociedade a partir da capoeira, Timóteo conquistou o registro do Conselho Regional Educação Física. Ele já realizou trabalhos nas escolas José Pedro Steigleder, Instituto de Educação São José, Aurélio Porto, Yara Ferraz Gaia, Dr. Paulo Ribeiro Campos e creches Pingo de Gente e Fazendo Arte.

“E nas terças e quintas-feiras à noite, a partir das 20h, dou aulas no Colégio Estadual Ivo Bühler. Para alunos e interessados”, destaca o professor.

Contribuindo com o espaço público
Além de trazer uma contribuição social inclusiva através do esporte, o professor, juntamente com alunos e comunidade que frequenta a praça, ajuda na manutenção do espaço público, com pinturas, recolhimento de lixos e limpeza dos banheiros.
“A Capoeira é um esporte de inclusão e agrega no sentido de que você pode sentir-se parte de algo, integrar-se a um grupo. E dentro da doutrina de regras e fundamentos exigidos pela prática, a disciplina vai se adaptando a outros aspectos da vida. Na vida, precisamos de regras para nos tornarmos seres melhores. E a dança também contribui nesse aspeto”, afirma Timóteo.

Ainda segundo ele, realizar a prática em um espaço aberto à comunidade ajuda a intervir, também, nas atitudes das pessoas. “Nós pintamos algumas partes da praça. E tudo em um trabalho conjunto. Os jovens que frequentam o local se dispuseram a ajudar com a mão de obra, outro se ofereceu para dar a tinta. E assim vamos organizando o espaço. O banheiro feminino eu também limpei, além de trocar os lixos. Fazemos o que pudemos sempre”, enfatiza.

Outra conquista que o capoeirista conta com orgulho foi a instalação de quatro pequenos postes de concreto em torno de um medidor de luz para que não seja deteriorado. E a medida só foi possível graças ao financiamento do material por moradores. A São Pedro foi escolhida para sediar as atividades devido à vontade do professor em realizar um trabalho no bairro onde mora.

“A intenção é fazer um agrupamento pessoal para dançar capoeira. Incluir socialmente em um espaço público. Qualquer um pode vir e participar, mesmo sem nunca ter feito”, convida.

O que a capoeira uniu, a vida não separa
Vinícius Nunes, 29 anos, e a esposa, Cindy Cristina Coitinho, 26 anos, conheceram-se e iniciaram sua história de amor no grupo de capoeira. Ainda muito novos, conforme Cindy — ele com 14 e ela com 12 anos —, os dois se apaixonaram, mas o destino tratou de dar outro rumo às vidas de ambos, que seguiram caminhos diferentes.

Porém, há aproximadamente 10 anos, segundo ele, houve um reencontro na capoeira. E faz três anos que o amor falou mais forte e eles então casaram.Dessa paixão, que começou na roda, nasceu Ana Luiza, hoje com dois anos.

Vinícius explica que a arte, o esporte ou a dança — como você, leitor, preferir chamar — trouxe uma contribuição importante ao seu desenvolvimento social. Por ter vindo de uma família de baixa renda, encontrou na capoeira uma oportunidade de inclusão e integração através do esporte. “Foi muito gratificante, refletiu na minha juventude, foi como um divisor de águas. E um dos meus sonhos é levar adiante os projetos, como forma de retribuição. Proporcionar às pessoas a chance que eu também tive. De cada 100, um que conseguirmos tirar da malandragem é de grande valia”, frisa.

Cindy conta, com orgulho, que desde a gestação a filha já escuta as músicas cantadas durante as aulas. “E com dois dias ela já estava conosco em um evento, em Porto Alegre. Ela ouve o som do berimbau e já se mexe”, explica. Como família unida pela atividade, Cindy acredita que é muito importante influenciar a filha desde pequena aos hábitos saudáveis da capoeira. Esse pensamento é totalmente compartilhado pelo marido.

O único ponto negativo, de acordo com Vinícius, é a falta de incentivo ao esporte em Montenegro.

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