Desenvolvimento rural. Primeiro encontro entre pesquisadores e produtores acontece amanhã à noite, na Unisc
Acontece às 18h desta sexta-feira a 1ª Oficina de Integração dos Agricultores Familiares do Vale do Caí, no campus da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em Montenegro. O encontro tem como objetivo apresentar o Núcleo de Extensão Tecnológica e Gestão Rural para Agricultura Familiar no Vale do Caí e ouvir dos produtores demandas relacionadas à gestão rural.
Conforme a coordenadora do Núcleo, professora doutora Cidonea Machado Deponti, o grupo é formado por uma equipe multidisciplinar de seis professores, alunos de pós-graduação em Desenvolvimento Rural e uma bolsista de extensão. Além de ouvir os agricultores, o núcleo irá realizar a apresentação da pesquisa “O uso e a apropriação de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) pela agricultura familiar no Vale do Caí”. Este estudo teve início em 2014, traçou o perfil socioeconômico dos agricultores da região e verificou como eles se utilizam de tecnologias recentes.
O núcleo terá seu trabalho diretamente ligado a esta pesquisa. Além de auxiliar os agricultores familiares nos processos de registros das informações, controle gerencial e de custos, os pesquisadores buscarão desenvolver um sistema de gestão rural adequado às necessidades de cada propriedade. “É uma oportunidade de o produtor qualificar o processo de gestão. Com isso, ele pode aumentar a renda e tomar decisões mais seguras para o futuro”, destaca Cidonea.
A coordenadora aponta que a participação dos agricultores no projeto é gratuita e que interessados podem comunicar sua participação na oficina de sexta-feira até hoje pelo telefone 3057-4344, com Leandro. Ela reforça, porém, que quem não conseguir confirmar presença pode comparecer mesmo assim ao encontro.
Lembrando que a pesquisa que deu vida ao núcleo foi financiada por edital do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI)/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Cidonea destaca ainda a parceria com outras entidades, como Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montenegro e Pareci Novo (ACI), Emater-RS/Ascar e Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs).
“A parceria é uma troca de experiências”
Entre as 10 famílias que participaram do projeto piloto do Núcleo de Extensão Tecnológica e Gestão Rural para Agricultura Familiar está a de Douglas Maurer, 42 anos. Trabalhando ao lado dos pais e do irmão, o produtor de Santos Reis entende que a parceria com os pesquisadores é uma via de mão dupla. “É uma troca de experiências que acrescenta muito”, garante. E é justamente por essa oportunidade que Douglas recomenda que mais agricultores participem do projeto.
Tendo na sua propriedade produção de leite, citros e também apostando na silvicultura, Douglas lembra que fazia apenas a gestão da produção do leite e, com o apoio dos pesquisadores, estendeu isso para os citros. “Sempre soube a importância de controlar gastos e investimentos”, salienta. Ele reforça ainda que é fácil de se trabalhar com a equipe do projeto. “A universidade acrescenta conhecimento na parte teórica, e nós, na prática”, comenta Douglas.
Objetivo é dar autonomia aos produtores
“Não queremos só prestar assessoria, mas que eles (os agricultores) tenham autonomia de fazer os processos de controles”, explica Cidonea.
Professora de Economia e doutora em Desenvolvimento Rural, ela destaca que, principalmente na situação atual, é de extrema importância que os produtores tenham esse tipo de controle. “Também precisamos pensar novos instrumentos para qualificar a tomada de decisão.”
Segundo a coordenadora, durante a pesquisa e o projeto piloto, que envolveu 10 famílias de Montenegro, foi possível observar que muitas propriedades são gerenciadas sem registros ou controles. “Precisamos reverter a mentalidade de não registrar e buscar qualificar o processo”, destaca.
O primeiro passo do projeto é justamente cuidar da gestão das propriedades participantes e pensar o que fazer para que elas tenham acesso a algum tipo de controle e como agir para eles se apropriarem disso. Cidonea salienta ainda que o núcleo pode abranger outras áreas que não o gerenciamento de propriedade, conforme as demandas dos produtores.