Com obrigações mantidas e necessários para auxiliar na tomada de decisão das empresas em meio à crise do novo coronavírus, os profissionais da área contábil nunca foram tão essenciais. “As pessoas podem não perceber, mas é um trabalho silencioso, oculto. As empresas colapsariam sem essa estrutura administrativa”, destaca a presidente da Associação dos Contabilistas de Montenegro, Marilene Maron. E assim como muitas profissões, a categoria também precisou se readaptar à nova realidade trazida pela pandemia.
Chegou até a haver incerteza, no início, em relação à manutenção das operações. O primeiro decreto municipal que trouxe as restrições às atividades empresariais no Município também fechou os escritórios contábeis, não deixando claro se, mesmo de portas fechadas, o trabalho poderia ou não ser realizado. Foi preciso a Associação procurar o prefeito para alertar sobre a essencialidade da atividade. O segundo decreto saiu, na semana seguinte, autorizando a operação com 30% da equipe trabalhando presencialmente; com o restante em home-office.
“O nosso trabalho é essencial para a saúde da empresa”, pontua Marilene. “Mesmo naquelas que estão com as portas fechadas, a demanda burocrática não parou. Nós tivemos algumas prorrogações de vencimentos (FGTS, Simples Nacional, etc), mas as obrigações que geram esses vencimentos permanecem.”
Com os lançamentos e declarações tendo prazos mantidos e previsão de multas pelo não cumprimento, a presidente aponta que a demanda de trabalho nos escritórios não caiu. Pelo contrário. Os decretos, portarias, medidas provisórias e notas técnicas de âmbito municipal, estadual e federal – emitidos para o enfrentamento da crise – tornam a área ainda mais procurada.
“O número de informações que saem num único dia é enorme. E, inclusive, elas conflitam entre si”, conta. “Nós precisamos interpretar, medir as consequências e avaliar o peso jurídico de cada uma para auxiliar nosso cliente na tomada de decisão. Têm medidas que vão ajudar num primeiro momento, mas que vão impactar num segundo. Então precisa ver para quem ela cabe, justamente para não sobrecarregar ainda mais o empresário”.
Marilene ressalta que, em tempos de incertezas, e apesar de terem restringido atendimentos e a troca de documentos presenciais ao máximo, os escritórios nunca estiveram tão próximos dos clientes. “Assim como nosso trabalho aumentou significativamente, nossa relação e proximidade com eles ficou muito maior”, aponta. A profissão ainda não é considerada “essencial” na relação de atividades do governo federal.