Homenagem. Data lembra o nascimento da enfermagem moderna
Aos 26 anos, a enfermeira Alessandra Dilli Lisboa é uma das profissionais que se voluntariaram, em Montenegro, para enfrentar a Covid-19 de perto. Ela, que trabalha há um ano e quatro meses no Hospital Montenegro, atuava no atendimento aos pacientes da emergência e, quando viu o hospital se preparar para a pandemia que começava a chegar à cidade, entendeu que era seu dever oferecer os serviços a essa nova ala. “Quando a gente escolheu o curso, ninguém esperava que fosse acontecer algo dessa proporção, mas a gente está aqui para isso”, afirma.
A vocação pela enfermagem vem da adolescência, de uma vontade de fazer o bem às pessoas. “Eu sempre gostei muito da saúde. Na adolescência eu trabalhei em hospital, e a área me chamou à atenção”, recorda. Acostumada a perceber cada necessidade daqueles que estão sob sua atenção, a jovem define a profissão pelos cuidados. “Todas as áreas da saúde são extremamente importantes, mas a enfermagem é que está o tempo inteiro com os pacientes”.
Moradora de Bom Princípio, Alessandra viu sua rotina mudar completamente com o novo coronavírus. “Mudou desde o momento em que a gente chega e sai daqui [do hospital] até em casa”, relata. A roupa de trabalho não vai para casa. “A gente usa dupla proteção. Além da roupa do hospital, a gente usa avental, touca, luva e máscara o dia inteiro”, relata.
A paramentação é quase uma rotina de guerra, e o cuidado para não contaminar as pessoas que ama, e a si mesmo, são preocupações de Alessandra, que mora com a mãe, professora, e com o pai, policial militar. “Na hora de ir embora, o momento de desparamentação [troca de roupa] é o mais importante. A gente tem uma ordem de retirada, uma forma correta para não se contaminar”, explica. “A gente não sai do hospital sem tomar banho. Então, tira a roupa do hospital, toma banho, coloca nossa roupa e vai para casa”. Mas a preocupação vai além do hospital. Por isso, quando chega em casa, a enfermeira repete o ritual de cuidados, não usando a mesma roupa e sapato, higienizando a bolsa e utensílios que vieram da rua.
Alessandra trata com naturalidade os riscos ao qual ela e os colegas estão expostos, mas ressalta a importância em atender os protocolos dos órgãos de saúde. “Claro que é algo novo, e precisamos tomar todos os cuidados, mas a gente sempre esteve exposto às doenças com as quais trabalhamos”, afirma.
A capacitação tem feito parte dos momentos de lazer da enfermeira. Toda esta dedicação é para tentar atender os pacientes da melhor forma. “Todos os dias a gente está buscando informações sobre a Covid-19, procurando se tem alguma novidade… estudando. É uma corrida diária”, afirma.
Dia de homenagear profissionais da saúde
Nesta terça-feira, 12 de maio, celebra-se o Dia Mundial dos Profissionais da Saúde e também o Dia da Enfermagem. A data marca o nascimento de Florence Nightingale, em 1820, na Itália. Ela é considerada fundadora da enfermagem moderna e fundadora da primeira escola de enfermagem britânica. Foi a pioneira no tratamento de feridos em batalhas, ficando famosa pela sua atuação na Guerra da Criméia, onde implementou práticas de higienização dos hospitais e arejamento de ambientes que reduziram drasticamente a mortalidade dos soldados.
Ensinamentos de Florence norteiam ações de saúde até hoje. Em seu livro, Notas sobre Enfermagem (1860), ela escreveu que “toda enfermeira deve ter o cuidado de lavar suas mãos muito frequentemente ao longo do dia”.
No Brasil, além do aniversário de Florence Nightingale, celebramos, no dia 20 de maio, a pioneira da enfermagem brasileira, Anna Justina Ferreira Nery, mais conhecida como Anna Nery ou Ana Néri. Por isso, o país comemora, entre os dias 12 e 20 de maio, a Semana da Enfermagem, data instituída em meados dos anos 40. Ela foi a primeira a se alistar voluntariamente em combates militares e foi a primeira mulher a entrar para o Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.