Professores de Montenegro vão receber honraria internacional

Homenagem. Cláudia Escobar Hendges e Fernando Pereira foram selecionados

Dois professores de Educação Física de Montenegro foram selecionados nesta semana para receber a honraria “Professor Dr. De Rose”, homenagem feita pela Federação Internacional de Educação Física (FIEP) que reconhece a atuação e os serviços prestados pelos profissionais em suas áreas. Os educadores físicos locais que receberão a honraria são Cláudia Escobar Hendges e Fernando de Lima e Silva Pereira.

A cerimônia de entrega da distinção internacional ainda não tem data marcada, por conta da pandemia de Covid-19, e pode ocorrer até o início de 2022. Neste ano, a Delegacia RS da FIEP completou 72 anos, e a cada ano profissionais de Educação Física são indicados para concorrer à seleção da honraria. Diretor de Desporto do Município, Odilson Soares destaca que a homenagem é muito merecida e motivo de orgulho para a cidade.

A trajetória dos dois homenageados de Montenegro na profissão iniciou no mesmo local: o Colégio Estadual Dr. Paulo Ribeiro Campos, mais conhecido como Polivalente. Fernando Pereira começou a lecionar em 1975, enquanto Cláudia deu sua primeira aula 20 anos depois. “Desde criança, sempre quis ser professora de Educação Física. Mas fiz uma opção inicial de vida, primeiro cuidei dos filhos e depois me dediquei à profissão”, destaca Cláudia.

Apesar da paixão por Educação Física, a homenageada começou a lecionar como professora de Língua Portuguesa no Polivalente, como contratada. O gosto por ler, escrever e falar a motivou a fazer comunicação social. Depois, a paixão por esportes e por dança falou mais alto. “Minha graduação é de vencer desafios e, ao mesmo tempo, entender que a derrota é nosso grande aprendizado. Aprendemos com nossos erros. E eu não ganho, conquisto”, declara.

Aos 57 anos, leva consigo um currículo repleto de experiências e conquistas. Após lecionar no Polivalente, passou por Manoel de Souza Moraes, Delfina Dias Ferraz, São João Batista, Adelaide Sá Brito, até chegar ao A.J. Renner, onde dá aula há 16 anos. “Sempre há novos desafios, porque as gerações mudam muito, evoluem. Sou professora de Cultura Juvenil e Projeto de Vida também, e procuro fazer com que meus alunos entendam o porquê do conflito de gerações”, frisa.

Para a educadora, o principal desafio para os professores, as escolas e os pais no momento está na palma da mão. “O celular. Ele muda a postura, tira a atenção, diminui as conversas e as trocas de ideias. O jogo vira game”, observa Cláudia, que em sua trajetória na educação já participou de Jogos Escolares (municipais e estaduais) nas modalidades de vôlei, futebol, handebol, xadrez e pingue-pongue.

No entanto, ela acredita que sua maior realização foi pela dança. “Criei o Grupo Delfina Dance e, posteriormente, o Grupo Ginga Brasil. Estes grupos trabalharam a educação pelo movimento através de ritmos populares. As tochas do Pan-Americano e das Olimpíadas foram o meu lado da escrita. Participei de concurso cultural da Samsung e Coca-Cola e meus textos foram aprovados”, recorda.

Apaixonada pelo que faz, Cláudia se diz orgulhosa por ver seus alunos se formando em Educação Física, como a filha Goldie, que trilha o mesmo caminho da mãe no Município. “Fico lisonjeada por ter sido lembrada em uma premiação onde meu professor querido, Cilon Orth, também foi laureado. Quero agradecer a professora Rose Petry por me inspirar na dança na escola”, completa.

“Sempre tive muito apoio em Montenegro”, enaltece Fernando
Nascido em Triunfo, no ano de 1946, o professor Fernando de Lima e Silva Pereira cresceu em Montenegro e construiu, na Cidade das Artes, uma história brilhante. Formado em Educação Física pelo IPA, em Porto Alegre, lecionou no Polivalente, Delfina Dias Ferraz, Manoel de Souza Moraes, Januário Corrêa, São João Batista e Jorge Guilherme Moojen, onde se aposentou na década de 90, primeiro como contratado e depois como concursado.

Além de professor de Educação Física, Fernando foi jogador de futebol, técnico, preparador físico e até árbitro. Um apaixonado por futebol. “Aos sete anos de idade, eu estudava na escola Yara Ferraz Gaia. Quando a vacina BCG (gotinha) veio para a cidade pela primeira vez, nenhum dos alunos queria tomar, porque era muito amarga. Então, falaram que o primeiro a tomar ganharia uma bola de futebol. Fui lá, tomei e levei a bola pra casa”, relembra.

Professor, jogador, técnico, preparador físico e árbitro, Fernando Pereira lecionou em seis escolas de Montenegro

Em sua trajetória como professor, não media esforços para ajudar os alunos e as instituições em que atuou. “Sempre que pediam para substituir algum professor que faltava, eu me disponibilizava, mas trabalhava Educação Física, que era a minha área. Sempre fui dedicado e gostei muito da profissão. Busquei ser o mais correto possível, sempre tendo respeito com todos e com tudo”, relata.

Nas escolas, Fernando deu aula para jovens dos ensinos Fundamental e Médio. Ele recorda que as maiores dificuldades enfrentadas em sua época ainda são desafios de algumas escolas atualmente. “As condições materiais e de logística eram os principais desafios. Várias escolas não tinham ginásio, e até hoje algumas não têm. Sempre tive muito apoio em Montenegro, muitas vezes levei as crianças para o Parque Centenário”, frisa.

Como técnico de futebol profissional, atuou entre 1975 e 1984, comandando o Guarani, de Venâncio Aires, o Pradense, de Antônio Prado, o Igrejinha, o Santo Ângelo, o Juventude, de Guaporé, e o Ypiranga, de Erechim, onde se sagrou campeão regional. Também jogou profissionalmente, como goleiro, com as camisas do Igrejinha (em 1971) e do Guarani de Garibaldi (em 1972).

“Tive a oportunidade de levar muitos atletas de Montenegro para jogar em outros lugares. Fiz muitos amigos nesse período. O sentimento é de satisfação e alegria por todo esse reconhecimento”, finaliza Fernando, que é casado com uma professora de Biologia e tem três filhos professores também, além de três netos – e uma quarta netinha a caminho.

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