Estamos na Semana Municipal de Conscientização do Consumo de Alimentos Orgânicos de Montenegro. Quando falamos de agricultura orgânica, muitos associam o termo a produções que não utilizam agrotóxicos. De fato, esse é um dos fatores que diferenciam a produção orgânica da convencional, mas vai muito além disso. A engenheira agrônoma extensionista da Emater em Montenegro, Luísa Leupolt Campos, explica que o que define a agricultura orgânica, além dos cuidados no manejo da produção, é também o cuidado com toda a biodiversidade na qual o alimento é produzido. “É um tipo de agricultura na qual nenhum agrotóxico e nenhum insumo químico sintético são utilizados. Existe também uma grande preocupação com os recursos naturais, como o solo, a água e a mata nativa. O foco não é simplesmente a produtividade, mas sim uma preocupação com todo o entorno”, destaca.
Outro diferencial é a saúde e a qualidade de vida do agricultor. Conforme o engenheiro agrônomo da Ecocitrus, Daniel Büttenbender, por não trabalhar com agrotóxicos e produtos químicos sintéticos, o agricultor tem vantagens importantes. “Ele não precisa se preocupar em ter que usar equipamentos de proteção contra contaminação nos pés ou nas mãos. Então, a saúde física dele vai ser preservada ou até restabelecida”, destaca. Daniel também aponta os benefícios para o solo com a não aplicação de produtos químicos. “O solo orgânico é extremamente vivo, porque quando tu aplica qualquer adubo solúvel tu acaba matando muitos microorganismos e muita coisa benéfica ao solo.”
A vontade de cuidar da terra e produzir alimentos mais saudáveis foi o que motivou a agricultora Caroline Catermann a investir na produção. Em janeiro deste ano, ela decidiu largar o emprego em um escritório de contabilidade e ir morar em uma propriedade na localidade de Passo da Amora, interior de Montenegro. A agricultora planeja ir aos poucos aumentando e diversificando a produção. “Produzimos hortaliças e verduras, mas futuramente quero produzir também frutas através do sistema agroflorestal”, destaca. O sistema de delivery foi a alternativa para vender os produtos. Através Instagram @agroflorestadoceamora Caroline recebe os pedidos e faz as entregas uma vez por
semana.
Certificação é exigência
Para uma propriedade ser considerada orgânica, há uma legislação. Luísa Leupolt Campos explica que é necessário uma certificação para poder comercializar produtos como orgânicos. “Não basta o agricultor não utilizar agrotóxicos ou adubos químicos sintéticos para dizer que o produto dele é orgânico. Ele tem que certificar a produção dele”, explica.
Uma das alternativas é através de uma certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura. É avaliado se a produção segue uma rotina de fiscalizações da produção. Outra forma é através do Sistema Participativo de Garantia, no qual os produtores e técnicos que fazem parte do processo produtivo se responsabilizam coletivamente pelo cumprimento das normas. Existe ainda a opção de obter a certificação através de uma Organização de Controle Social (OCS). Nesse caso, são os próprios agricultores os responsáveis por fazer a certificação. Eles precisam seguir as mesmas normas de produção determinadas pela lei brasileira de produtos orgânicos, mas podem realizar somente a venda direta ao consumidor.
Ecocitrus é exemplo de produção na região
Na região do Vale do Caí, a cooperativa Ecocitrus é uma das principais referências na produção orgânica. Todas as 132 propriedades que fazem parte da cooperativa seguem o propósito de trabalhar desta forma.
Segundo Daniel Büttenbender, engenheiro agrônomo da instituição, há um controle rigoroso das propriedades. “Quando um associado entra na cooperativa, ele tem um período de transição até que ele consiga atingir o status Brasil ou status exportação e todos da cooperativa passam por esse processo e têm uma constante fiscalização”.
A cooperativa adota entre os cooperados a certificação em grupo, concedida através de uma certificadora. “A cooperativa passa orientações do que tem que ser feito pelos agricultores e temos um sistema de controle interno, que é uma equipe dentro da cooperativa que faz essas vistorias internas e isso gera um relatório que é enviado para a empresa que a gente contatou. Então temos esse controle interno e também a auditoria da certificadora”, explica Daniel.