Há quase um ano, a união de produtores locais entrega alimentos mais saudáveis na porta da casa dos montenegrinos. O projeto surgiu em maio de 2020 com o objetivo de levar ao consumidor, através do sistema de delivery, produtos orgânicos, panificados integrais, chás, óleos essenciais, itens de artesanato, entre outros.A ideia do grupo também foi aproximar a produção do consumo, auxiliando na boa alimentação das pessoas, produzindo alimentos saudáveis para melhorar a nutrição, e assim promover uma expansão da consciência humana sobre o tema da boa alimentação.
De outro lado, a pandemia também foi um motivador para o grupo decidir fazer as entregas por delivery. Em março de 2020, quando os comércios fecharam e foi restringida a circulação de pessoas, o grupo buscou alternativas para fortalecer os produtores, coordenar o que era produzido e estabelecer um meio de distribuição direto entre o produtor e o consumidor, foi então que surgiu a ideia de criar o Cesta Viva. “Acreditamos ser muito importante essa ligação produtor e consumidor. Importante para nós produtores conhecermos as necessidades dos nossos clientes, assim como é um direito do consumidor saber de onde vem o seu alimento”, destaca Mari Amaral, uma das agricultoras que faz parte do Cesta Viva.
A parceria une o Sítio Terra Viva Alimentos Florestais de Montenegro; EcoNoah Artigos Ecológicos; Sítio Peixinho da Horta; Família Kranz; e Cruz del Sur, projeto de produção artesanal que integra as iniciativas Granola da Mari e Cervejaria Rural Tierra Purpurea.
Uma produção com cuidado a natureza
Há quatro anos o agricultor Jorge Moises Griebeler, proprietário do sítio Terra Viva, na localidade de Costa da Serra, em Montenegro, decidiu tornar a produção de alimentos orgânicos por meio do sistema agroflorestal a sua “missão” de vida. Na época ele trabalhava no Polo Petroquímico de Triunfo, e resolveu largar o emprego e se dedicar a agricultura após receber a propriedade de herança do avô. “Eu pensei: o que eu vou fazer com essa terra, já que eu trabalhava no Polo? E foi então que eu comecei a estudar e pesquisar sobre agricultura orgânica e decidi que era isso que queria para a minha vida”, conta Jorge.
No início, largar o emprego e se dedicar à agricultura foi um desafio, mas a dedicação e o empenho ajudaram no momento da mudança. “Eu trabalhei nove anos no Polo Petroquímico e dois anos antes de tomar a decisão de sair de lá eu comecei a estudar por conta própria sobre agricultura, mas nunca tinha colocado a mão na massa mesmo”, conta Jorge. Hoje já com a produção do sistema agroflorestal consolidada na propriedade, Jorge produz verduras, como salsinha, cebolinha, alface, rúcula, brócolis e couve. Tudo isso integrado com pés de limão, laranja, bananeira e plantas nativas, como o Ypê, Pau-ferro, Ingá e Aroeiras.
A escolha pelo sistema agroflorestal também foi a opção realizada pelos agricultores Márcia Kranz e João Kranz em sua propriedade na localidade de Alfama, interior de Montenegro. Com o sistema instalado na propriedade desde o ano de 2000, hoje os agricultores produzem bergamota, laranja, abacate, aipim, batata doce, cebola, feijão, limão, e outras frutas de época, como o caqui e o figo. “Na agrofloresta tu cria um ambiente equilibrado, todos os microorganismos entram em uma cadeia que se equilibra. Então se acontece de vir uma doença para dentro do pomar ela não sobrevive”, explica João Kranz.
Dessa forma é possível produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos ou qualquer outro tipo de produto químico. O agricultor Jorge Griebeler explica que outro ponto importante do sistema agroflorestal é o cuidado com o solo. “Se tu cuidar do teu solo a tua planta vai ser sadia, tu não vai precisar trazer um agrotóxico para combater a praga. E aqui dentro a gente tem o cultivo de outras plantas que atraem os predadores das pragas, então com um ambiente bem biodiverso tu acaba diminuindo o ataque das pragas”, destaca.
Além do sistema agroflorestal a propriedade da família Kranz, na localidade de Alfama, utiliza o manejo biodinâmico. O agricultor João Kranz define esse tipo de manejo como aquele que usa as energias do espaço e da natureza para criar uma ambiente ideal para a produção dos alimentos. “Por exemplo, a gente usa flores, raízes, e outros materiais que são utilizados para fazer preparados que são colocados no solo em períodos de pentecostes. Então cinco semanas após a páscoa a gente faz um leito e colocado cada um dos preparados em um local diferente e eles ficam de pentecostes até a primavera”, explica Kranz.
Segundo João Kranz, a intenção é captar a energia que será usada depois para trazer o equilíbrio necessário na natureza. “Alguns preparados tu coloca na pilha de composto para melhorar, outros tu dinamiza na água e coloca nas plantas e outros no solo. E o que é mais legal disso é que funciona e torna a fruta mais doce”, destaca o agricultor.
Produção de pães e bolos também visa o cuidado com o meio ambiente
A agricultora Mariana Amaral é a responsável pela produção dos ítens de panificação distribuídos no projeto Cesta Viva. Segundo ela, o cuidado com a natureza é realizado em pequenas ações, mas que representam muito em todo o processo de produção. “Moramos no interior e tento organizar minhas compras de insumos, limitando minhas idas à cidade, utilizando sacos de tecido para armazenar os produtos, solicitando nos comércios que os insumos sejam empacotados em embalagens de papel, quando o estabelecimento dispõe”, conta Mariana.
Com as embalagens dos pães e bolos Marina toma ainda o cuidado de utilizar somente papel e no caso das granolas e geléias é feita a reciclagem potes de vidro. “Trabalho de forma consciente e acredito que ainda podemos fazer muito mais. Sempre que possível converso com os clientes sobre a questão do retorno dos vidros das granolas e geléias, e funciona. Os clientes retornam com os vidros e sempre me entregam uns a mais”, relata. Já com os insumos que possuem embalagem plástica, Mariana conta que é realizada a higienização e separação. O que não pode ser reutilizado é encaminhado para a coleta seletiva.
Ainda não é possível utilizar todos os insumos orgânicos nos produtos de panificação, que provêm ainda grande parte do comércio local. Mas Mariana conta que há um cuidado especial na hora de escolher os ingredientes que são usados na produção dos pães e bolos. “Temos todo o cuidado em comprar insumos de qualidade, o qual garante um produto final muito saboroso, sem aditivos e conservantes”, relata.
Grupo planeja o futuro
Prestes a completar um ano de existência o grupo Cesta Viva planeja melhorias para o futuro. A ideia é ampliar a lista de produtos, podendo ofertar mais variedades. O projeto também tem a intenção de futuramente expandir as entregas em municípios vizinhos.
Outro objetivo é lançar uma nova logomarca e ampliar a produção de conteúdos relevantes movimentando as redes sociais, dessa forma também se aproximando do consumidor. Atualmente o grupo trabalha enviando o cardápio de produtos disponíveis um vez por semana. Dessa forma o consumidor escolhe os produtos que quer receber em sua casa e envia o pedido via Whatapp (51 997240485 ou 51 992766449).