Procura pelos consórcios aumentou, mas será que realmente vale a pena?

Pesamos os prós e os contras da modalidade para lhe auxiliar nessa escolha

Os consórcios estão em alta. A modalidade existe há décadas, e, após uma baixa de popularidade, voltou com tudo em 2019. O Sistema de Consórcios brasileiro registrou 921,5 mil novos negócios do tipo só de janeiro a abril, uma alta de quase 17% em relação a 2018. Nessas operações, R$ 38,86 bilhões já foram negociados.

Os dados são da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, a Abac. Mostram que a modalidade tem sido vista como a opção de muito gente para adquirir bens. O destaque principal no período são compras nos setores de serviço e de veículos pesados. O sistema, porém, permite aquisições variadas, de imóveis, carros e jet sky’s, até viagens, intercâmbios e cirurgias plásticas.

Só que antes de entrar nessa onda, é importante entender como ela funciona. Vamos?

UM POUQUINHO POR MÊS
Em um consórcio, um grupo de pessoas se une para formar um tipo de poupança destinada a comprar um bem ou um serviço.

Pegamos um exemplo simples: eu e mais um grupo queremos adquirir um carro no valor de R$ 100 mil, mas não temos condições de fazer o pagamento à vista. Para não pesar no bolso, nós só conseguimos pagar R$ 1 mil mensalmente.

É simples! Se 100 pessoas pagarem esse R$ 1 mil, então, em um mês uma delas já conseguirá comprar o carro. Ao término de 100 meses, todos estarão de carro novo. Isso é um consórcio.

Uma das questões a se levar em conta é que, quem entra na modalidade não pode ter muita pressa para ter o bem em mãos. Afinal, ela pode sair com o dinheiro para comprar o carro no mês 1, mas também pode sair com o veículo só no mês 100. Então, atenção! O consórcio é voltado ao longo prazo.

O que decide essa ordem é um sorteio. Ocorrem assembleias entre os participantes onde um “sortudo” é sorteado. Aí, ele sai com uma carta de crédito com o valor da aquisição para, de acordo com o nosso exemplo, comprar o carro. Mesmo assim, claro, ele precisa continuar pagando o consórcio mensalmente até o fim.

Caso eu não queira depender só da sorte nesse sorteio, eu posso dar um “lance”. É quando eu me comprometo em adiantar parcelas futuras de uma vez só para ser contemplado. No caso em que mais de um dos membros do grupo dêem lances, ganha aquele que prometeu um percentual maior do valor final. É um jeito de adiantar a vinda do bem.

Sem juros, com taxa
Em linhas gerais, para entrar no consórcio a pessoa precisa ter mais de 18 anos de idade e possuir renda de três a quatro vezes superior ao valor das parcelas. Têm várias opções. Até com mensalidades a partir de R$ 100,00 e com duração de 20 anos, no caso de imóveis.

O que colocam os defensores da modalidade é que ela, os contrário dos financiamentos, não tem juros. No entanto, existem taxas; e elas podem colocar os dois tipos de pagamento, praticamente, no mesmo patamar no quesito custo.

É que como os consórcios envolvem muitas pessoas que, na maioria das vezes, nem se conhecem, é preciso que exista uma empresa responsável por administrar todo o dinheiro e garantir o acesso dos consorciados ao bem ou serviço pretendido. São as administradoras de consórcios, que precisam estar devidamente autorizadas pelo Banco Central para operarem no Brasil. Elas recebem por esse serviço pelas taxas de administração.

Aí que é preciso cuidado. Ao entrar no consórcio, o interessado deve sondar mais de uma administradora e verificar a que melhor se encaixa em seu perfil, com a melhor taxa. Algumas chegam a 10% sobre o valor contratado.

Seguindo nosso exemplo do carro, temos ele custando R$ 100 mil para pagamento em 100 vezes. A taxa de 10%, dividida por cada mês, chega a 0,1% mensal, ou R$ 100,00 ao mês. O valor pago mensalmente pelo consorciado fica, então, R$ 1.100,00 nesse período.

Algumas administradoras também cobram fundo de reserva para casos de eventualidade, que costumam ser devolvidos ao final do contrato; e também costumam contratar seguros, o que pode deixar as parcelas ainda mais caras.

Há que se pesar, portanto, que existem financiamentos com juros que acabam sendo mais baixos que essas taxas; com a vantagem de o bem ou o serviço já ir para a mão do interessado de imediato. Por isso uma boa pesquisa e comparação é tão indicada. Em geral, o consórcio é, sim, mais barato, mas vai depender da sua pressa, das suas condições e do que você está querendo comprar.

Atenção:
– Em caso de problemas financeiros, dá para pausar os pagamentos do consórcio e retomar depois. Mas, aí, as parcelas serão recalculadas;
– Há a possibilidade de desistência da compra em meio ao contrato de consórcios. Nesse caso, o consorciado fica com o dinheiro “preso” até ser sorteado para receber de volta o que já havia pago. Isso pode ocorrer só ao fim do contrato.

Por que não investir? Fica a dica!
Especialistas defendem que, para o perfil do brasileiro, que não tem o hábito de poupar dinheiro, o consórcio acaba sendo uma boa pedida. Ele coloca a obrigação do pagamento mês a mês, o que, por tabela, condiciona a pessoa a guardar o valor para comprar o bem almejado. Faz sentido? Faz. Mas o consórcio não é um investimento. É mais inteligente investir esse valor mensal em aplicações como o Tesouro Direto, por exemplo, e ter os juros rendendo e “trabalhando” a seu favor. O montante final você pode retirar para a compra, depois. Mas, enfim…investimentos já são tema para outra semana do “Seu Bolso”. Siga nos acompanhando!

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