Em entrevista exclusiva, senador do PP também faz balanço sobre os primeiros meses do Governo Bolsonaro
O senador Luis Carlos Heinze esteve em Montenegro na noite de sexta-feira, 29, para abonar a ficha de filiação do prefeito Carlos Eduardo Müller, o Kadu, ao Partido Progressista (PP). Na prática, isso representa uma espécie oficialização da chegada do chefe do Executivo à nova casa. O evento ocorreu na Câmara Vereadores e recebeu diversas lideranças e simpatizantes da sigla. Durante o encontro, também foram abordados temas gerais, como a preparação para as eleições municipais de 2020.
Heinze concedeu entrevista exclusiva ao Jornal Ibiá. Na conversa, ele faz um balanço do começo do Governo de Jair Bolsonaro e da tramitação da Reforma da Previdência. O parlamentar fez 11.852 votos em Montenegro e 47.206 no Vale do Caí, do total de 2.316.365. Ele manda um recado para à população da região: precisa ser mais demandado. Até o momento, mostra ter conhecimento do problema de infraestrutura da RSC-287.
Sobre a Reforma da Previdência, o progressista diz ter mais preocupação com trabalhadores rurais e urbanos com renda de até três salários mínimos. “Eu não posso ‘ferrar’ essa gente. Não é esse o problema da Previdência, o problema está aqui comigo, no Legislativo, no Executivo, no Judiciário, nos próprios militares. Ali que tem que mexer, que estão os valores maiores”, acredita.
Kadu trocou o Solidariedade pelo PP. A ficha de filiação foi assinada no dia 30 de janeiro deste ano. “O momento é de suma importância, acho que de crescimento para a cidade, a união de várias pessoas em um partido que tem já no seu nome o progresso, que é o que queremos realmente para Montenegro. A soma de pessoas com vontade de fazer uma Montenegro diferente, uma Montenegro pujante e que tem potencial para isso”, comentou o prefeito.
Estiveram entre os presentes o presidente do PP gaúcho, Celso Bernardi, o deputado federal Afonso Hamm, além dos estaduais Ernani Polo e Issur Koch. Também compareceram os vereadores de Montenegro Joel Kerber, da sigla, e Talis Ferreira, do PR, além do presidente municipal progressista, Gustavo Zanatta.
Entrevista exclusiva com o senador
Jornal Ibiá – Como o senhor avalia os três primeiros meses do Governo Bolsonaro?
Luis Carlos Heinze – Pelo que estamos sentindo, mudou totalmente o foco. Tivemos, ao longo dos últimos anos, governos centro-esquerda, esquerda, extrema-esquerda, pela primeira vez é um governo de direita depois da redemocratização. A linha é a da livre iniciativa, valorizar o empresário, as pessoas que trazem o desenvolvimento do País. É isso que está acontecendo, os Ministérios têm esse foco. Esta parte liderada pelo Paulo Guedes, ministro da Economia, e outros ministérios também nesta direção. Na parte de combate à corrupção, o Sergio Moro está fazendo aquilo tudo que o pessoal esperava, o trabalho dele vem nesta direção. A parte de saúde e outras coisas estão andando da mesma forma.
JI – Há críticas sobre uma certa estagnação do Governo, segundo as quais o presidente estaria mais preocupado em mandar recados pelas redes sociais. Como o senhor analisa essas declarações?
Heinze – Como se conserta uma coisa que está sendo feita de uma forma há 30 anos? O País pega 13 milhões de desempregados, R$ 4 trilhões de dívidas, como se revolve isso em três meses? É humanamente impossível. Pega uma empresa falida, tu é o diretor da empresa, como tu recupera? Aí quebra a empresa e, em três meses, pilota ela e recupera. Não tem como fazer. O Brasil está deste jeito, o mundo sabe dessas coisas. Aí tem as reformas, que nós temos que fazer a nossa parte no Senado e na Câmara para consertar e dar esta estabilidade ao mercado.
JI – Falando em reformas, a da Previdência em tramitação no Congresso, como o senhor avalia?
Heinze – Veio uma proposta bem arrojada e não vai sair como ela entrou. Mas, tem margem de manobra para fazer isso e é o que vai acontecer.
JI –Que tipo de margem o senhor acredita?
Heinze – Questão de idade, de prazos, de transições. Na semana que vem (nesta), por exemplo, já tenho escolhido do meio rural a Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul) e a Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), coloquei gente que vai discutir com o Rogério Marinho, o secretário que está cuidando desta parte na Previdência. O pessoal vai estar lá com ele discutindo a aposentadoria do trabalhador rural. Estou procurando alguém dos trabalhadores urbanos, para levar também este pessoal lá. O que a gente ainda pode contribuir para melhorar e não prejudicar tanto os trabalhadores.
A minha preocupação maior é com gente que ganha até três salários mínimos no campo ou na cidade onde tem quase 80% dos aposentados no Brasil, eu não posso ferrar essa gente, não é esse o problema da Previdência, o problema está aqui comigo, no Legislativo, no Executivo, no Judiciário, nos próprios militares, ali que tem que mexer, que estão os valores maiores não em que ganha dois, três salários no campo ou na cidade.
JI –O Governo já tem uma base de apoio para aprovar está medida ou é preciso trabalhar muito ainda?
Heinze –Eles estão dando uma pisada de bola lá dentro da Câmara, discutindo. No Senado, é mais fácil, acredito que temos esta base. Na Câmara, está mais complicado.
JI –Qual a sua avaliação sobre a filiação do prefeito Kadu ao PP?
Heinze –Tenho uma relação com o Kadu já há bastante tempo e vejo ele como um belo quadro para o partido, excelente. Chegou nomomento certo, vai nos ajudar. O partido aqui tem história de grandes nomes. Vai ser bom para Montenegro
JI – Quais são os principais desafios da região e como o seu mandato pode ajudar os municípios daqui?
Heinze –Eu estou buscando nas regiões, aqui eu ainda não conversei, A Serra tem me demandado mais, tem situações que eu já estou trabalhando. Aqui, por exemplo, vejo que a questão das hidrovias, vou trabalhar nesta questão, e o Kadu foca também nisso, as ferrovias também. Já recebi também demandas de estradas que tem problemas aqui, a 287 (RSC), tem um pedaço para ser concluído, tem um pedaço para ser privatizado e parece que já tem um trabalho da EGR em cima disso aí. Então me deram a demanda para ajudar nesta parte. A região tem que demandar mais.
JI – E como a região pode fazer isso?
Heinze – É só me procurar. Caxias, uma semana depois da eleição, me convocou para ir lá. Os “gringo” são diferente, estão em cima da gente, procuram. Como fiz 85 mil votos em Caxias e 180 mil na Serra, tenho que ir lá. Estou aqui para ajudar a região.