Presidiárias reciclam lixo eletrônico no RS

Internas do Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier têm acesso à qualificação profissional e direito à remição de pena pelas horas dedicadas ao trabalho através do programa Sustentare. O projeto padroniza o descarte adequado de equipamentos eletroeletrônicos dos órgãos públicos do Rio Grande do Sul.

Lançado nesta quinta-feira (23), o programa foi criado para minimizar danos causados ao meio ambiente, potencializando a inclusão social e digital e contribuindo para educação ambiental nas escolas estaduais. A médio e longo prazo, ainda deve gerar economia aos cofres públicos, pois prevê a otimização do patrimônio material estadual. A gestão é da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) em parceria com a Companhia de Processamento de Dados (Procergs).

O Sustentare é um macroprocesso que vai desde a listagem inicial dos equipamentos de cada órgão por cadastro eletrônico – executada por 400 pessoas treinadas em cada empresa pública – até a destinação final de empresas recicladoras. São três trilhas de destinação dos objetos: doação, recondicionamento e reciclagem.

A última etapa do processo, que trata dos equipamentos inservíveis (os que não possuem mais condições de conserto), inclui o trabalho de desmonte das peças pelas apenadas do Madre Pelletier. A cada três dias trabalhados, significam um dia a menos no cárcere. “Além do valor financeiro que elas recebem pelo trabalho e que muitas mandam para suas casas para sustentar os filhos, é uma maneira de valorizar o trabalho da mulher aqui dentro e também lá fora”, afirma a agente penitenciária da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Marilia dos Santos Simões.

Importância de ser útil
Uma das detentas colaboradoras conta como a oportunidade a faz se sentir útil dentro do sistema penitenciário, enquanto cumpre a reclusão por tráfico de drogas. “Aqui a gente se sente útil, trabalha pra manter o nosso sistema e tem ainda esperança de sair e poder continuar num emprego, voltar pra sociedade não sendo discriminada pelo fato de ser uma ex-presidiária”, relata.

As peças separadas para reciclagem são recolhidas por uma empresa privada conveniada à Susepe, com sede em Alvorada, que armazena e dá o destino correto para cada tipo de material. Certos componentes que contêm metais preciosos precisam ainda ser enviados à Bélgica, pois não há tecnologia de reciclagem para este tipo de resíduo no Brasil.

Entre os componentes, estão 12 tipos de elementos separados: ferro, alumínio, cobre, latão, parafusos de liga, placas separadas por cor, plásticos, chapas tipo raio X, silicone, pilhas, baterias e vidro. A projeção é de que com o andamento do programa sejam separados em torno de 70 elementos. Ao todo, já foram enviadas para reciclagem mais de 50 toneladas de resíduos.

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