Anunciadas em reunião na Câmara, medidas estão sendo implementadas gradualmente
A Administração Municipal está promovendo mudanças no atendimento dos postos de Saúde diante do acúmulo de reclamações quanto a dificuldade para conseguir consultas. A informação foi dada em reunião na Câmara de Vereadores na tarde dessa quarta-feira, 4 de maio.
De acordo com a coordenadora da Estratégia de Saúde da Família, Camila Anversa, uma das alterações será no agendamento das consultas especializadas. Hoje, quem tenta o agendamento, só consegue marcar com um médico para uma semana na frente e, não havendo mais vagas, precisa ligar novamente na semana seguinte, quando a agenda reabre. A alteração permitirá que, diferentemente, esse agendamento possa ser feito até um mês na frente. Ou seja, o cidadão que ligar e não conseguir horário para a semana seguinte, já poderá deixar marcado, conforme a agenda do médico, para as semanas posteriores.
“Nós estamos passando essas alterações pras unidades, pois cada uma tem as suas particularidades”, explica Camila. No posto de Saúde do bairro Germano Henke, por exemplo, a alteração já está em prática. Nas demais, a implementação deve ser feita ao longo dos próximos dias.
Outra mudança é o reforço no horário dos médicos nas unidades básicas de Saúde. Até o final do mês, todos os clínicos que estão em regime de 20 horas semanais passarão a 40 horas semanais, aumentando a oferta de atendimento. A implementação também será gradual. “Na UBS Centenário, por exemplo, nós temos um clínico 40 horas e outro 20 horas. A partir desta segunda-feira, já vão ser dois médicos 40 horas. Na UBS Timbaúva, tinha um médico e também vão ser dois a partir da semana que vem”, destaca a coordenadora.
Ainda sem prazo para ocorrer, o Município também encaminhou a criação de uma central de agendamentos que venha para resolver a dificuldade relatada pela comunidade; que liga e não é atendida nas unidades de Saúde. A melhoria passa pela aquisição de novas linhas telefônicas e, em médio prazo, a já encaminhada informatização dos processos da Prefeitura que deve viabilizar, inclusive, o agendamento de consultas on-line.
Reunião na Câmara debateu problemas e soluções
As alterações na rede básica são resposta ao crescente número de queixas no atendimento em Saúde como um todo em Montenegro. Por duas horas nessa quarta-feira, 4, vereadores, a direção do Hospital Montenegro (HM), o chefe de gabinete, Renan Boos, o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Streb, e a coordenadora da Estratégia de Saúde da Família, Camila Anversa, estiveram reunidos na Câmara para debater os problemas. A reunião foi iniciativa do vereador Talis Ferreira (PP). “Essa não é uma caça às bruxas. Nós estamos, da melhor maneira possível, tentando soluções para a Saúde”, destacou o presidente do Legislativo.
O caso do menino José Adão, falecido após longa espera por leito de UTI e transporte para Canoas, pautou boa parte do encontro. Uma das propostas discutidas foi a possibilidade de abertura de leitos de UTI pediátrica e neonatal dentro do HM. O diretor técnico da casa de saúde, Jean Ernandorena, explicou que, se instalados, os leitos, como os demais, seriam regulados pelo Estado para receber pacientes não apenas do Município; e avaliou que o investimento na instalação giraria em torno de 200 a 300 mil reais para cinco leitos. Ele não projetou o custo de manutenção das vagas, mas apontou que, hoje, um pediatra 24 horas contratado pelo HM para as urgências, emergências e atuação na sala de parto custa R$ 145 mil por mês.
Ernandorena opinou que um caminho viável seria os municípios da região unirem-se para manter um fundo para esse tipo de emergência – quando há necessidade de compra de leito. “Um fundo de R$ 100 mil custearia um leito por sete dias. Até lá, com articulação, se conseguiria um leito SUS”, analisou. Não houve definições nessa linha.
Nos últimos dias, mais dois casos de internação neo e pediátrica surgiram e, de novo, os pacientes tiveram de esperar pela regulação de leitos do Estado. Em um dos casos, a Prefeitura fez o pagamento do transporte do paciente para um hospital em Santa Maria. No outro, os pais entraram com solicitação na Defensoria Pública e, através da Justiça, conseguiram que o Estado comprasse um leito neonatal em casa de saúde particular.
Falando de José Adão, a reunião também se voltou às possibilidades de melhorar o atendimento da atenção básica. O diretor técnico do Hospital Montenegro, Carlos Batista, defendeu que o Pronto Atendimento da secretaria de Saúde tenha um raio x e um laboratório de exames disponível 24 horas por dia. Segundo a vereadora Ana Paula Machado (PTB), que é líder do governo na Câmara e funcionária da Saúde, isso já está sendo encaminhado. “O Município está trabalhando para ampliar o espaço, com maquinário, com raio x e a volta do laboratório”, destacou. Um sistema municipal de regulação das transferências da rede básica para o Hospital Montenegro também está sendo analisado.
Vereadores vão pressionar por solução à fila de cirurgias
A longa fila para a realização de cirurgias eletivas também foi pauta do encontro na Câmara de Vereadores. Segundo a vereadora Ana Paula, que atua no setor de encaminhamentos da secretaria de Saúde, são cerca de 600 montenegrinos à espera de procedimentos como a retirada de vesícula; alguns que aguardam há quase três anos. A direção do Hospital Montenegro aponta que cumpre o plano operativo contratual, que é de 72 cirurgias em diferentes especialidades por mês, mas que tem grande demanda reprimida. “Esse plano, de longe, não satisfaz nem os casos novos”, reconheceu o diretor técnico, Jean Ernandorena. São priorizados os casos mais urgentes.
Mesmo com uma possível revisão contratual, porém, ainda faltaria estrutura física para aumentar o número de cirurgias realizadas em Montenegro. De encontro a isso, o diretor executivo do HM, Carlos Batista, explicou que tem cadastrado junto ao Estado o projeto de conclusão do centro obstétrico – que seria executado no início de 2020, mas parou em função da pandemia e, agora, demanda recursos para sua realização. Segundo Batista, com o centro, o espaço que hoje é reservado para os partos, poderá ser utilizado para outras cirurgias. Os vereadores concordaram em buscar agenda com a secretária de Saúde do Estado visando pressionar para que o projeto seja contemplado.