Prédio da Ambev passa por três leilões em 6 meses

Lances iniciais são de, em média, R$ 4,705 milhões. Novo leilão deve ocorrer em breve para venda do complexo

Desativado desde 2006, o prédio onde funcionou a Cervejaria Antarctica – e, posteriormente, a Ambev – está abandonado. Existe uma empresa de vigilância que garante a sua segurança de invasores, mas a estrutura do local, com 26.149 metros quadrados construídos em uma área de 30 hectares, está se deteriorando rapidamente.

Imagem de 1977 mostra o prédio em seu auge. Fábrica chegou a empregar quase 500 funcionários, a grande maioria deles, montenegrinos. FOTO: Reprodução/Página “Montenegro de Ontem”

Muito já se fez para tentar utilizar a edificação. Só nos últimos seis meses, três leilões tiveram a antiga cervejaria como objeto. Nenhum comprador se interessou. Neste período, a primeira tentativa da Ambev (a dona) foi em 14 de novembro de 2017, por intermédio da empresa paulista Zukerman Leilões. Os lances – como é de praxe atualmente – poderiam ser feitos pela internet e tinham como valor inicial R$ 5,059 milhões.

Após, uma nova leioleira se envolveu. Pela Superbid Leilões – também de São Paulo – a tentativa ocorreu em 15 de dezembro de 2017, com o lance inicial estipulado abaixo do anterior. O valor era de R$ 3,058 milhões. Sem interessados, a Superbid realizou novo leilão, no dia 10 do mês passado. O lance inicial passou a ser de R$ 6 milhões. Não houve nenhum candidato.

De acordo com a Zukerman Leilões, o imóvel voltará para eles, para que uma nova tentativa ocorra. Não há, ainda, data ou demais informações a respeito. O prédio da Ambev em Montenegro fica na esquina entre a Rua Osvaldo Aranha e a RSC-240.

Parte da nossa história
A cervejaria funcionou em Montenegro entre os anos de 1973 e 2006. Na época de seu início, era comum que cidades de interior tivessem suas cervejarias próprias. Era difícil, afinal, para uma cervejaria situada na capital vender seus produtos no Caí por causa da falta de estradas em boas condições. Na medida em que o sistema de transporte evoluiu, as pequenas cervejarias foram fechando ao final do século 20. Sobraram a fábrica montenegrina e a de Feliz.

No auge da cervejaria, em Montenegro, a produção diária era de 3.200 hectolitros, que correspondiam a 28.000 caixas de cerveja. Cerca de 500 funcionários trabalhavam na indústria nesta época, movimentando, e muito, a economia local. Nos anos 90, a Antarctica realizou a fusão com a Brahma e a empresa passou a se chamar Ambev.

Nos anos 2000, porém, aos poucos, as atividades foram parando. A empresa começou a investir na unidade de Viamão, na região metropolitana. Em 2004, todo o setor de engarrafamento montenegrino foi desativado e o maquinário transferido. E foi em 20 de abril de 2006 que a empresa encerrou oficialmente suas atividades, deixando, além de 33 anos marcados na história da cidade, a sua grande estrutura abandonada.

Tentativas de aproveitamento da área não tiveram êxito
Nestes mais de onze anos desativado, o prédio da Ambev teve três pontuais interessados. O primeiro veio em 2010. Foi a indústria de móveis Kappesberg, que tem sede em Tupandi. A empresa planejava a instalação de uma unidade voltada à fabricação de móveis de jardim. O então prefeito Percival de Oliveira chegou a visitar os representantes para incentivar a vinda, que geraria empregos e movimentação na economia local. Em fevereiro de 2011, no entanto, a direção da empresa anunciou que não efetivaria a compra. Pedia-se pouco mais de R$ 6 milhões na venda.

Outra expectativa se criou com a tentativa da empresa Ambiental BR de instalar, no local, uma estação de tratamento de Efluentes industriais em agosto de 2012. A atividade a ser realizada, porém, gerou certas polêmicas. Temia-se o mau cheiro do lixo levado até a estação e uma eventual contaminação do Rio Caí (que corre nos fundos do complexo). A resistência levou à desistência do projeto por parte da empresa, que acabou realizando o seu empreendimento em Criciúma-SC.

Mas talvez a maior promessa em relação à estrutura da cervejaria veio quando, em meados de 2014, o ex-prefeito Paulo Azeredo decretou o local como um imóvel de utilidade pública. Ele buscava possibilitar a sua desapropriação pelo Município e a futura construção, ali, de um moderno centro de compras e lazer. Essa era uma promessa de campanha dele.

O anúncio gerou burburinho em toda a cidade. Buscando saber mais sobre o dito projeto, a Câmara de Vereadores cobrou esclarecimentos em uma reunião com o secretário municipal da Indústria e Comércio da época, Carlos Eduardo Müller – que hoje é o prefeito de Montenegro. Ele reiterou que tal instalação não tinha nenhum projeto oficial – sendo mais uma “promessa” mesmo – e que ainda eram necessários maiores estudos e informações para verificar tal viabilidade. Sem novidades até hoje e com os leilões que vêm ocorrendo não alcançando o objetivo, fica claro que a ideia ficou para a história.

Últimas Notícias

Destaques