Em meio a seca e a pandemia, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) precisou lançar uma nota, direcionada aos consumidores, defendendo a cadeia produtiva do leite. A organização se diz “indignada”, pois, mais uma vez, o produtor estaria sendo taxado “o vilão” do aumento de preço do produto nas prateleiras.
Ela classifica as famílias produtoras como parte mais fraca desta engrenagem, mas que, ainda assim, mantem seu trabalho enfrentando um aumento considerável no valor dos insumos durante a crise do Covid-19. Pesa ainda a forte estiagem que assola o Rio Grande do Sul, e que reduziu a produção em cerca de 20%.
Tudo isso contribui na queda de renda destes trabalhadores, inclusive zerando em alguns casos, visto que o preço pago ao produtor pelo litro de leite continua estagnado. Outro fator que deve ser considerado é que os agricultores sabem quanto receberão pelo litro apenas 45 dias após a entrega na indústria. “Deste modo, queremos deixar claro, que não é o produtor que coloca o preço no seu produto”, escreveu o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva.
Frente a todo este cenário, ele afirma que o consumidor paga cerca de 200% a mais pelo litro de leite, em relação ao valor que o agricultor recebe. Esta conta leva a organização a questionar quem está ganhando na cadeia formada pelo produtor, indústria, distribuidor, supermercado e – finalmente – consumidor. O texto encerra com uma declaração de exaustão do setor primário que é apontado como culpado por um cenário que, segundo a Fetag, é construído pela grande indústria e pelos monopólios comerciais.