Prateleiras vazias: comércio sente impacto da paralisação dos caminhoneiros

O sábado iniciou mais tranquilo do que de costume nas ruas montenegrinas. Na primeira hora da manhã, pouquíssimo movimento de veículos era percebido até na principal via da cidade: a Ramiro Barcelos. Em alguns supermercados corredores vazios, assim como muitas prateleiras onde já faltam insumos. Queijos, laticínios e pães estão entre os principais alimentos em falta nos estabelecimentos.

Augusto Zacarias Dias, proprietário da Casa de Carne Cortes Especiais afirma que desde a quinta-feira os produtos não são reabastecidos em seu açougue.

Tendo como carro-chefe das vendas a carne, o açougueiro está incerto sobre abrir a Casa na próxima semana. “Estou com poucos produtos. Tenho o suficiente para comercializar neste fim de semana, mas se as carnes acabarem, não tem o quê vender segunda-feira”, destaca.

Favorável à paralisação dos caminhoneiros, acredita que mesmo que os profissionais decidam encerrar a greve, demorará algum tempo para o comércio estabilizar. “Essa semana, três pedidos não chegaram. Frango, carne de porco não apareceram. A única coisa que sou contra nisso tudo é o radicalismo de não deixarem quem quer trabalhar. Em mais de 40 anos de açougue, nunca tinha visto crise igual essa de agora”, salienta.

Funcionária de uma fruteira, Catiele do Amaral Fiuza destaca que o local ainda não sofre com desabastecimento por ter quantidade de mercadorias. “Mas nos últimos dias, talvez com medo da falta de alimentos, os clientes têm levado quantidades maiores de certos produtos”, relata.
As frutas e verduras só não faltaram, conforme destaca Catiele, porque havia estoque. “Queijo, leite e outros pedidos não chegaram essa semana. A única falta mesmo foi de ervilha. Desde a semana passada não temos e com a paralisação nas entregas, não foi possível repor”, pontua.

Apesar de faltas, clientes encontram o que precisam
Apesar de algumas faltas, alguns clientes afirmam não terem sido impactados. Eneci Lopes, 75 anos, saia do mercado, sábado, com as mãos carregadas de compras. A senhora conta que se surpreendeu com as prateleiras cheias que encontrou. “Principalmente na parte de hortifruti. Todos bem verdinhos e bonitos. Carne eu também não tive dificuldade em encontrar. E sobre a paralisação, acho que estamos mesmo precisando movimentar esse país”, defende.

Joceval Coelho, 51 anos, por enquanto tem encontrado tudo que precisa nos estabelecimentos alimentícios. “Só bacon mesmo que não encontrei hoje. Até essa semana eu nem me preocupei com essa questão, mas acredito que se a greve perdurar, na próxima semana já falta. Água também. Apesar disso, sou a favor da paralisação dos caminhoneiros.

Agas afirma que não faltará alimento
Em comunicado recente, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo tranquilizou os consumidores de que não haverá desabastecimento completo nas prateleiras, mesmo com a gravidade da situação.

“Se a paralisação dos caminhoneiros perdurar, faltarão produtos pontuais, mas o desabastecimento completo não ocorrerá. Os consumidores seguirão encontrando produtos alimentícios, bebidas e itens de higiene e limpeza nos supermercados, a menos que a greve se estenda por muitas semanas. O Estado possui 4,4 mil supermercados e, se o cliente não encontrar algo em uma loja, poderá encontrar este mesmo item em outro ponto de venda”, afirma.

Diversos setores ao afetados
Proprietária da Restaura Jeans, Maria Denise Flores relata que os malotes que trariam tingimentos para a loja, na quarta-feira, vindos diretamente de Laguna, não chegaram. Apesar disso, Maria afirma que os clientes estão compreensivos com a situação. “E nós apoiamos completamente a causa. É preciso mudar esses país, pois do jeito que está, ninguém aguenta. Se tiver greve geral, como ouvi falar para esta segunda-feira, vamos fechar as portas em apoio”, salienta.

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