Por que os empresários de fora estão investindo em Montenegro

EMPREGO E RENDA. Foram seis novos empreendimentos iniciados na cidade desde o fim do ano passado

Montenegro está na mira dos investidores de fora. Além da recente confirmação de uma fábrica de cimento a ser instalada por uruguaios no Distrito Industrial, seis novos empreendimentos entraram em operação no Município desde o fim do ano passado. São todos liderados por empreendedores que, por ‘n’ motivos, resolveram vir pra cá e apostar na cidade. Chegaram para investir e movimentar a concorrência.

“Nós estamos no mapa das atrações”, comemora a secretária municipal de Indústria e Comércio, Cristiane Gehrke. “Esses investidores fizeram pesquisas de mercado, fizeram avaliações e comparativos com outras cidades para, então, optar por Montenegro. Isso é muito positivo para nós”.

Além de questões particulares, a localização geográfica do Município, a atração de clientes das cidades vizinhas e a renda per capita da população são alguns dos atrativos citados por quem quis investir por aqui. Ainda trabalhando para se inserirem no mercado local, os empreendedores destacam boa recepção e potencial de crescimento. Já impulsionam a geração de emprego e renda; e ainda oferecem novas opções ao consumidor.

De volta ao Rio Grande e aos braços dos montenegrinos
Fenômeno no comércio brasileiro nas décadas de 50, 60 e 70, as Lojas Pernambucanas eram um sucesso em Montenegro com uma loja que marcou a história. Mas com brigas entre herdeiros e uma disputa judicial que durou anos, a rede criada em Pernambuco foi perdendo força e saiu de vez do Rio Grande do Sul.

Pernambucanas já havia passado por Montenegro. Era sucesso décadas atrás

O tempo passou, as dificuldades foram superadas e as lojas iniciaram uma retomada nos últimos anos que chegou por aqui em dezembro do ano passado. Foi quando a nova loja da rede foi inaugurada na rua Ramiro Barcelos, gerando, na primeira fase, 21 empregos diretos.

Em nota enviada ao Ibiá, a empresa destacou a forma calorosa como vem sendo recebida de volta pelas famílias gaúchas, o que também foi buscado e encontrado por aqui.

Disse que a unidade de Montenegro integra o plano de expansão da marca no Estado, ao lado de recentes lojas em Canoas, Cachoeirinha e Porto Alegre.

Nova opção de cafeteria, bar e restaurante
Já queridinha do segmento alimentício na cidade, a Quiero Café foi inaugurada no dia 28 de novembro. A loja é parte de uma franquia criada em 2015 que, hoje, conta com dezoito unidades no Rio Grande do Sul e duas em Santa Catarina. Apesar do nome, ela vai além de uma simples cafeteria ou padaria, oferecendo refeições completas e bebidas também como bar e restaurante. O cardápio conta mais de 250 opções.

O estabelecimento de Montenegro é o primeiro negócio próprio do empresário, Tiago Dahmer, que é natural de Teutônia, mas morou em Lajeado nos últimos dez anos. Ele admite que cotou outras cidades para a instalação e diz que foi grande a pesquisa até a tomada de decisão. Ele chegou a ficar uma semana por aqui, frequentando estabelecimentos do gênero para conhecer a oferta e também a demanda local.

“Eu vi que era um mercado que tinha pouca concorrência. Principalmente porque, por exemplo, se for três horas da tarde e a pessoa quiser almoçar por aqui, ela não terá onde ir”, conta. “Na Quiero Café, todo o nosso cardápio pode ser pedido das 7h30 da manhã até as 11h da noite.”

Com a necessidade de mudar a vida para cá, com a esposa e a filha pequena, o fator localização também interferiu na decisão. Dahmer acabou optando por Montenegro devido a proximidade com Lajeado e Teutônia, onde eles têm família.

Foram oito meses entre a ideia de iniciar o negócio até a inauguração. O empreendimento acabou gerando 19 empregos diretos na cidade e tem atraído bom público.

“Está acima de nossas expectativas”, comemora o proprietário. “Tem vindo gente de Brochier, de Triunfo, de Maratá. Também tem reuniões de imobiliárias, de escritórios de contabilidade que estão acontecendo muito aqui. É justamente porque a Quiero Café é um ambiente para a pessoa se sentir em casa e se sentir aconchegada.”

Para indústria, diferencial foi aproveitar estrutura já existente
Outra novidade recente é a Alubar, que iniciou atividades no Distrito Industrial de Montenegro em janeiro. A indústria, com sede em Barcarena, no Pará, é a maior produtora de cabos elétricos de alumínio da América Latina e detém um vasto portfólio de produtos para atender empreendimentos de energia elétrica.

Recentemente, Alubar comemorou primeiro lote produzido no Distrito Industrial de Montenegro

A vinda a Montenegro deu-se dentro do projeto de expansão da empresa, que tem meta de reforçar a produção nacional até 2021, mas também vislumbra o alcance de mercados na Argentina, no Uruguai e no Paraguai.

Eles estão operando na fábrica que era da Fujikura, que atuava no mesmo ramo, mas havia parado com as atividades. Parte da estrutura estava em bom estado de conservação e pôde ser utilizada pela compradora da planta.

Adaptada aos padrões da Alubar, a unidade tem capacidade produtiva de doze mil toneladas de cabos elétricos de alumínio por ano. Recentemente, a direção da empresa comemorou a produção de mais de 70 toneladas de condutores por aqui apenas no primeiro mês de atuação. Nesse início de operações, a fábrica empregou, diretamente, 23 colaboradores.

Espaço para uma moda exclusivamente masculina
Também natural de Teutônia, mas criado em Lajeado, Lucas Eidelwein é outro empreendedor de fora que resolveu investir por aqui. Abriu, no dia 9 de dezembro do ano passado, a Loja Don Juan, uma franquia de moda masculina criada em Passo Fundo e que já está com mais de vinte unidades no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Ele mesmo é proprietário de outras duas lojas da marca em Lajeado, uma no centro e outra no shopping da cidade.

Além da loja local, Lucas Eidelwein tem outras duas Don Juan em Lajeado. FOTO: ACERVO PESSOAL

“Eu fui, por dez anos, representante comercial”, conta Eidelwein. “Então, eu tinha uma boa noção das cidades do Rio Grande do Sul, de conhecer o potencial financeiro, de ver onde tem indústrias, onde gera emprego e uma renda per capita; e, ao mesmo tempo, onde faltavam alguns tipos de negócios.”

“Montenegro é o centro comercial de uma região, onde tem cidades menores na volta que se abastecem ali”, adiciona. Enquanto representante na área de vestuário, o empresário conta que trabalhava com a extinta Loja Paratodos, do Município, e foi como constatou a carência de mais opções de uma moda especificamente masculina, que atendesse o homem de forma completa na cidade.

“Nós temos produtos para todo mundo, mas temos o foco num público um pouco mais diferenciado, que quer se vestir melhor e não se importa de pagar um pouco mais por isso”, aponta o proprietário. “A gente viu que, na cidade, caberia ter uma oferta de produto desse tipo”.

Além da renda per capita de Montenegro – hoje, o valor oficial é de R$ 51,6 mil – Eidelwein explica que levou em conta o número de habitantes, para haver margem de um volume significativo de vendas, e também a proximidade com Lajeado, onde ele vive. “Outras cidades que a gente pensou que teriam condições de receber um investimento eram muito distantes para nós. Aí, para fazer a gestão, ficaria muito complicado”, coloca.

A unidade na cidade gerou três empregos diretos e vem tendo bom retorno. “A gente ficou bem surpreso com a receptividade das pessoas”, destaca o empresário. “A gente conhece muitas cidades e têm algumas em que, às vezes, a gente não é bem recebido. Montenegro nos acolheu muito bem.”

Empreendimento centraliza produção de arroz da região
Às margens da ERS-124, chamam à atenção os grandes silos de armazenamento de arroz construídos pela Bendo & Cia, empresa com sede na cidade de Turvo, em Santa Catarina.

O proprietário, Arno Bendo, investiu cerca de R$ 10 milhões em Montenegro para construir aquele que é um centro de recebimento de arroz e iniciou as operações neste ano.

Em foto tirada ainda antes do início da construção, Arno Bendo já mostrava o potencial de armazenamento do novo centro. FOTO: ARQUIVO/JORNAL IBIÁ

O objetivo do empreendimento é facilitar a logística dos produtores num raio de 30 quilômetros do Município, diminuindo custos. Conforme a demanda da produção, a indústria catarinense vem ao município buscar os grãos, que são beneficiados e comercializados com nomes como Catarinão, Arno, Kilão e Timbé, especialmente nos estados do Norte e do Nordeste brasileiro.

Foram sete funcionários contratados para a operação diária do centro por aqui. De acordo com o proprietário, a estimativa é de um giro de 25 mil toneladas de arroz, por safra, no local.

À reportagem, Bendo revelou que não descarta a possibilidade de construir, no futuro, uma indústria de beneficiamento própria também em Montenegro.

Um atendimento personalizado no segmento de móveis
Loja de móveis com matriz em Lajeado, a A Mobília inaugurou sua unidade em Montenegro no dia 29 de novembro. Foi a sétima loja da rede aberta no Rio Grande do Sul, após alguns anos sem um novo investimento dos proprietários. Conforme o gerente da unidade local, Carlos Leonardo Cunha, o caminho desde a ideia e a pesquisa até o início das atividades no mercado montenegrino levou cerca de um ano.

Gerente da A Mobília, Carlos Cunha veio de Teutônia para assumir a nova unidade

Cunha é natural de Teutônia. Era vendedor em outra filial e foi promovido à gerente na nova unidade. Ele avalia que foram dois os fatores que pesaram mais na pesquisa qualitativa e quantitativa feita para a instalação em Montenegro: o envolvimento dos consumidores das cidades vizinhas, que vem comprar por aqui; e o perfil de público visado, que não tem tanta oferta localmente.

“Nós temos um público que fica num ‘B +, um C –‘”, coloca. “É um público intermediário, que procura móveis planejados, mas não valores que fogem do comum. São produtos de qualidade, mas com preço acessível; e foi encontrado em Montenegro esse público. Não têm muitas lojas que trabalham nesse segmento.”

O gerente aponta que a rede optou por uma unidade mais retirada do movimento do centro da cidade, com espaço mais amplo e a disposição de móveis mais “ambientada”. “A gente acolhe o cliente de uma forma diferente” destaca. “Nós vamos até a casa fazer as medidas. É uma venda bem mais trabalhada”.

Desde o início, a equipe vem tentando instituir esse formato próprio sem afastar o cliente que, de cara, pode acabar pensando que a loja seja muito cara. “Nós temos uma preocupação com isso”, admite Cunha. “Precisa ter esse equilíbrio.”

A unidade gerou quatro empregos diretos, além de ter terceirizado o trabalho da equipe de montagem, que é contratada também da cidade.

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