POLÍCIA CIVIL conclui investigação sobre assassinato de agente de saúde de Capela de Santana
Até segunda-feira, dia 16, o inquérito sobre a morte de Thaiane de Oliveira deverá ser encaminhado ao Poder Judiciário. O relatório final indiciará o marido da vítima por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. A informação foi dada sexta-feira, 13, pelo delegado Rodrigo Zucco, em entrevista coletiva na 2ª DP de São Leopoldo. O crime ocorreu na madrugada de 24 de julho, em Capela de Santana. O policial militar argumenta que acordou e viu um vulto dentro de casa, sendo que, após interpelá-lo e não receber resposta, atirou. O vulto era sua companheira, de 29 anos, que morreu atingida no peito.
Para Zucco, houve imperícia e imprudência por parte do homem. Em depoimento de quatro horas na quinta-feira, ele declarou ter verificado se era a esposa quem estava caminhando na casa, mas não teve resposta. Assim, acreditou que Thaiane continuava no quarto e disparou contra um vulto que se aproximava, carregando uma lanterna. “Ele teria agido de forma imprudente, ou seja, ele deveria ter se certificado de que era ou não um assaltante. Ele tinha que ter se precavido se a vítima estava ou não na cama, mas não fez”, acrescenta.
O delegado destaca que a demora para conclusão do inquérito se deu devido à espera pelo laudo da necropsia, elemento extremante importante para a investigação, e que só chegou na quarta-feira, dia 11. Além disso, houve a dificuldade de tomar depoimento do suspeito, que estava internado. “O laudo descreveu que a vítima morreu com um único disparo de arma de fogo, efetuado de cima para baixo, da direita para a esquerda, entrando na altura dos seios e saindo nas costas, a uma distância que a perícia até agora não pôde determinar. Mas certamente uma distância maior que um metro porque, se não, haveria manchas (na pele) proveniente da combustão da pólvora quando da expedição do projétil”, explicou.
O laudo da perícia realizado no local do crime, juntamente com o resultado da necropsia, traz para a Polícia Civil elementos que levam a investigação a confiar nos relatos dados pelos policiais militares que prestaram socorro no dia do crime. A apresentação de uma lanterna também reforçaria a tese do suspeito.
Análise de rede social mostra harmonia
Sobre os questionamentos levantados por familiares e amigos da vítima de que o crime poderia ter sido causado por ciúmes, o delegado afirma que durante as investigações não foi observado nada nessa linha. “Infelizmente, essas indignações não vieram até a Polícia. Os depoimentos dos familiares e das amigas foram colhidos e não se demonstra nenhum tipo de indignação. Acredito que a indignação dos familiares era pela demora da conclusão do inquérito”, comentou.
Zucco revelou que foram colhidas informações que mostrariam que o casal vivia em harmonia; sendo que não chegou nada que apontasse de forma diferente. “Se houvesse chegado até nós, por forma de depoimento ou provas colhidas, certamente a conclusão do inquérito seria outra”, afirma o responsável pela investigação.
Caso seja declarado culpado, o indiciado poderá pegar de dois a quatro anos de prisão. Para Zucco, o fato de o policial militar ser réu primário e por haver a hipótese de que “qualquer pessoa na mesma situação reagiria da mesma forma”, há inclusive a possibilidade de ele ser inocentado. Todavia, finalizado o trabalho da Polícia Civil, o futuro do processo é responsabilidade do Ministério Público (MP); que pode também ficar insatisfeito e solicitar novas diligências sobre o caso.
“O Ministério Público, que detêm a prerrogativa da ação penal, poderá até entender de forma diferente, entender que houve um outro crime que não o homicídio culposo”, clareia o delegado. Além do processo da Justiça, o policial também será julgado pelo Tribunal Militar, num inquérito que não passa pela Polícia Civil.
Inquérito não contou com laudo dos celulares do casal
O resultado da perícia feita nos celulares do casal ainda não foi entregue ao delegado, e não há previsão de quando isso possa ocorrer. “Em alguns casos, a espera chega a durar anos”, conta o próprio agente da Polícia. Já uma análise do conteúdo acessível nos telefones, segundo o delegado Zucco, não mostrou mensagens que apontassem para algum tipo de briga entre ambos no dia do crime. Mesmo assim, a Polícia quer ter certeza de que nenhuma mensagem foi apagada, o que será especificado justamente na análise pericial que ainda está em andamento.
Família quer cópia dos laudos
Conforme Carin Fortes, prima de Thaiane, o advogado da família irá solicitar cópias dos laudos feitos na residência e da necropsia no corpo. Ela afirma que a agente de saúde estava com o nariz quebrado e quer explicações sobre isso. O delegado Zucco nega que esse tipo de lesão tenha sido constatado.
Outro questionamento da família é quanto ao consumo de energia elétrica na casa. Carin diz que há registros de que houve gasto de eletricidade na hora do crime. Após saber sobre a conclusão do inquérito policial, os pais de Thaiane postaram a seguinte mensagem no Facebook : “Tirou a minha filha de perto de mim para matar ela. É assim que eu penso”.