Policial civil é morto em operação em Pareci Novo

Tragédia. Leandro Lopes foi atingido por um tiro quando participava de cumprimento de mandado no Matiel

Uma operação da Polícia Civil, em Pareci Novo, terminou com um agente assassinado na manhã dessa quarta-feira, dia 2. O inspetor Leandro de Oliveira Lopes, 30 anos, foi atingido por um tiro durante cumprimento de mandado de prisão contra integrante de uma facção com atuação na Região Metropolitana de Porto Alegre. A ação ocorreu por volta das 6h. Foi o primeiro homicídio na cidade desde 2002, quando a Secretaria de Segurança do Estado (SSP) iniciou a divulgação dos dados de criminalidade nos municípios.

Busca pelos criminosos mobilizou diversos integrantes da corporação

A vítima e mais 23 policiais, entre eles integrantes do Grupamento de Operações Especiais (GOE), foram recebidos a tiros quando ingressaram no sítio na localidade de Matiel, zona rural do município, onde Valmir Ramos, o “Bilinha”, 42 anos, estava escondido com um comparsa. O imóvel fica a cerca de um quilômetro da ERS-124. O indivíduo possui diversas passagens por tráfico de drogas, roubo e envolvimento em diversos homicídios.
Os policiais estavam, aproximadamente, 30 metros da propriedade quando a dupla começou a atirar contra eles. O projétil ultrapassou o colete e atingiu o tórax de Lopes, que seguia no terceiro grupo. Levado por colegas, ele chegou a ser atendido no Hospital Sagrada Família, em São Sebastião do Caí, mas não resistiu ao ferimento.

Os agentes revidaram e houve intensa troca de tiros. Foram pelo menos 40 disparos. Os homens escaparam pulando um paredão localizado nos fundos da casa de madeira, em um claro indício de que estavam preparados para serem alvos de uma ação como essa. Havia até uma corda para facilitar a fuga.
A busca pelos criminosos envolveu mais de cem policiais e a utilização de dois helicópteros, um da Civil e outro da Polícia Rodoviária Estadual, além de cães farejadores. Contudo, até o fechamento desta edição, eles não haviam sido capturados. Também houve apoio da Brigada Militar da região e da Polícia Rodoviária Estadual, que montou barreiras e fiscalizou diversos veículos na ERS-124.

Os acusados conseguiram escapar em direção a um matagal. O local possui densa vegetação e várias pequenas propriedades. Não estava descartada a possibilidades de os bandidos terem feito alguma família refém para se esconder. Apesar de já haver suspeita sobre o segundo envolvido, a Polícia não confirmou a identidade dele.

O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, Fábio Motta Lopes, ressalta o fato de a operação ter sido cuidadosamente preparada. Salienta, inclusive, a participação de integrantes do GOE. “Os policiais agiram de acordo com a técnica, superioridade numérica, todos eles com coletes balísticos e bem armados. Foi uma fatalidade, uma tragédia que atinge a cada um de nós, como policiais, e a toda a sociedade, quando um servidor público acaba morto em ação”, frisa o delegado. Também destaca o fato de Lopes ser experiente na área de segurança pública, com passagem pela Brigada Militar durante cinco anos.

Trabalho ininterrupto e em equipe
No final da tarde de ontem, as equipes já se organizavam para continuar a caçada até que os suspeitos sejam detidos. “A ideia é ficar até que a gente tenha alguma outra informação. Os policiais estão orientados no sentido de que, alguns agora descansem e continuem as diligências no período da noite”, explica o delegado chefe de polícia do Estado, Emerson Wendt.

A chácara onde o agente foi assassinado foi descrita por Wendt como um local bastante complexo. “Tem cachorro e isso acaba, de certa forma, facilitando o trabalho deles. Eles sabiam que tinha mandados de prisão e isso acaba se tornando uma rotina para eles, estarem espiados.”
Lá foi recolhido um revólver, cápsulas de munição 9 milímetros, colete e vestimenta camuflada. Um carro e uma moto que estavam na propriedade também foram apreendidos.

Extensa ficha criminal

Valmir Ramos estava com mandado de prisão expedido pela Comarca de Canoas. foto: PC/divulgação

Valmir Ramos, 42 anos, é natural de Santa Catarina. Valmir esteve preso em 2016, mas fugiu da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de São Leopoldo. Ele havia sido detido pela Polícia Rodoviária Federal com 445 quilos de maconha na BR-116.

Em 2012, ele foi preso pela Polícia Civil de Montenegro por tráfico de drogas. Atualmente, ele tinha relação com crimes cometidos, principalmente, no município vizinho de Nova Santa Rita.

Festa e dinheiro abundante
Moradores das proximidades disseram à reportagem nunca terem tido problemas com Valmir ou amigos dele. Apontado por um produtor rural como “gente boa”, ele constantemente era visto de bicicleta ou a pé pela ERS-124. “É um cara fechado, na dele. Não dava para desconfiar de que era um criminoso”, contou um dos ouvidos.

A vizinhança estranhava o fato de Valmir sempre andar com bastante dinheiro em espécie. Também havia comprado cabeças de boi recentemente. Em uma oportunidade, chegou a dizer que “dinheiro não é problema. Tenho bastante, não brigo por causa disso”. De acordo com a Polícia, é comum criminosos andarem sempre com notas em espécie, para o caso de conseguirem se manter após alguma eventual fuga. Parte desse valor também era investido na realização frequente de festas na chácara.

Dedicado à família e orgulhoso de ser policial

Leandro de Oliveira Lopes

Leandro, 30 anos, é ex-policial militar e se formou em novembro de 2017, na 51ª turma de inspetores de polícia. Ele ingressou na instituição dia 8 de dezembro. Desde então, estava lotado na Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Canoas.

Ele deixa a esposa, Mariane Gianbastiane Lopes, e a filha, Marjorie, de apenas sete meses. Como ficou bem colocado no concurso, Lopes escolheu atuar em Canoas, onde residia no bairro Fátima.

A reportagem do Ibiá conversou com uma pessoa próxima à família do policial. Pedindo para não ser identificada, ela destacou a dedicação pelo bem-estar dos parentes. “Era um cara batalhador, que pensava muito na família, um bom filho, um bom marido, um pai excelente, presente”, comenta. “Ele era realizado profissionalmente, tinha muito orgulho de ser policial”, completa. Lopes também chegou a iniciar o curso de Direito e pensava em, futuramente, prestar concurso para delegado.

Informações
Quem tiver informações para auxiliar nas buscas dos suspeitos pode entre em contato pelo 197 da Polícia Civil ou 190 da Brigada Militar. A Polícia apurou que um deles estava vestindo camiseta verde e bermuda azul.

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